Negócios
Depressão, ansiedade, pânico: como está a saúde mental no Vale do Silício


72% dos empreendedores dizem que o trabalho afetou sua saúde mental, segundo pesquisa
Jason Gardner, o fundador e CEO da startup de processamento de pagamentos Marqeta, estava passando por outro surto de depressão. Era o início de 2016 e ele lutava para dormir e comer em sua casa em Oakland, nos Estados Unidos. Às vezes, apenas se deitava no chão e olhava para o teto. “Eu mal conseguia sair da cama e não conseguia sorrir. Senti que as coisas estavam desmoronando ao meu redor, mas precisava encontrar os meios para continuar levantando fundos e construindo a empresa”, diz ele. A Marqeta estava a semanas de ficar sem dinheiro.
Ele e sua esposa Jocelyne haviam estourado o limite de seus cartões de crédito e estavam até colocando o pagamento da hipoteca no cartão de crédito, enquanto criavam o filho de 15 anos e a filha de 8 anos. “Não sei como sobrevivi. Não por causa de algo que eu faria comigo mesmo, mas devido ao colapso do meu corpo e da minha mente”, diz. Mas ele ergueu a empresa, fez o IPO e, finalmente, deixou o cargo de CEO em janeiro de 2023.
Hoje, Gardner fala abertamente sobre as dificuldades que enfrentou como fundador – um tema que, mesmo numa época em que as pessoas partilham detalhes íntimos sobre si próprias nas redes sociais, ainda não é discutido o bastante.
Saúde mental nos números
Quase todos os empresários enfrentam sérios desafios de saúde mental. De acordo com uma pesquisa de abril de 2023 da Startup Snapshot, 72% dos fundadores dizem que o trabalho afetou sua saúde mental. Mais: 38% sofreram ou sofrem de depressão, ansiedade, transtorno bipolar, TDAH ou abuso de substâncias, de acordo com um estudo de 2022 feito pelos pesquisadores Richard Hunt, da Universidade da Virginia, e Michael Freeman, um psiquiatra que treina empreendedores desde 2000.
Nos últimos cinco anos, vários estudos mostraram que os empreendedores têm significativamente mais problemas de saúde mental em comparação com diferentes grupos, acrescentou Freeman.
Os fundadores muitas vezes têm medo de mostrar um pingo de fraqueza em si mesmos ou nas suas empresas, em grande parte por medo de como isso pode afetar a reputação da sua startup e o moral dos funcionários.
Ryan Caldbeck, fundador e antigo CEO da startup fintech CircleUp, lembra-se de ter sido convidado por investidores de risco há vários anos para se reunir com outros CEOs cujas empresas estavam em dificuldades, para lhes dar alguns conselhos. “Eu tomo café com os CEOs – e me lembro disso ter acontecido duas ou três vezes – e o CEO só fala sobre como sua empresa está arrasando, mesmo que tenham me contado que eles estão com muitos problemas”, diz. “Em poucas palavras, isso é o Vale do Silício. Um lugar onde se ergue uma fachada.”
Depressão também é assunto de empreendedores
Nos últimos anos, atletas de elite como Naomi Osaka e Simone Biles, celebridades como Demi Lovato e Selena Gomez e o senador norte-americano John Fetterman discutiram publicamente como lidar com doenças mentais. E os empreendedores estão começando a seguir o exemplo.
Em fevereiro de 2022, Pedro Franceschi, cofundador da startup de cartão de crédito Brex, escreveu um comovente post em seu blog sobre seus problemas de saúde mental, que resultaram em um ataque de pânico, embora a empresa estivesse crescendo rapidamente e se tornando uma queridinha do Vale do Silício. Alguns meses depois, Andy Dunn, cofundador e ex-CEO da marca de roupas masculinas Bonobos, publicou um livro, “Burn Rate”, narrando seus desafios assustadores com o transtorno bipolar.
Embora os coaches de desempenho já existam há décadas, o interesse em serviços de saúde mental mais básicos está agora crescendo rapidamente. Michael Freeman diz que conversa com investidores de risco uma vez por semana sobre o assunto, ao passo que, há alguns anos, não recebia nenhuma chamada sobre o assunto. No relatório anual de Andreessen Horowitz sobre as maiores startups de mercado voltadas para o consumidor e empresas privadas lançado em março de 2023, a saúde mental foi, de longe, o tema que mais cresceu.
A Forbes USA conversou com mais de uma dúzia de CEOs e meia dúzia de psicólogos, coaches e capitalistas de risco para ter uma melhor compreensão dos desafios de saúde mental que os fundadores enfrentam. Desde terapia e meditação até grupos de conversa, ou o simples fato de mostrar mais vulnerabilidade diante dos funcionários, os fundadores estão começando a se abrir sobre seus desafios de saúde mental. Veja as estratégias que estão usando para gerenciá-los.
Vida profissional desequilibrada
Uma das partes mais difíceis de administrar uma startup é enfrentar um fluxo interminável de problemas assustadores, que podem fazer com que até os bons momentos sejam ruins. Alguns exemplos comuns: você tem um grande desentendimento com seu cofundador; você perdeu um cliente importante; um de seus principais vendedores saiu; há um sério problema de recursos humanos entre dois funcionários; um concorrente lançou um novo produto promissor. “Se a sua startup está fracassando, parece que alguém está dando um soco na sua cara”, diz Michael Seibel, diretor administrativo e sócio da aceleradora de startups Y Combinator. “Mas quando sua startup está funcionando, parece que alguém está dando um soco na sua cara também.”
As emoções dos fundadores muitas vezes aumentam ou despencam no decorrer de uma tarde. “Eu sabia que havia altos e baixos. Eu simplesmente não sabia a frequência”, diz Anita Hossain Choudhry, coach executiva e CEO da The Grand, uma startup de coaching em grupo. “Isso pode acontecer literalmente em minutos quando você pensa: ‘Tudo é incrível. Isso está indo muito bem.’ E então você recebe um e-mail e pensa: ‘Isso não vai funcionar. Isso é horrível. Por que estamos fazendo isso?’”
Pressão de todos os lados
Os empreendedores sentem intensa pressão de investidores, clientes e de seus próprios funcionários. “Quase se espera que você seja um sobre-humano”, diz Aditi Shekar, cofundadora e CEO da startup de banco digital Zeta. “Há uma pressão constante para entregar muito, superar o desempenho, ser excessivamente compreensiva, excessivamente politicamente correta, excessivamente tudo. E não é uma pressão temporária. É uma pressão persistente que invariavelmente tem um impacto mental.”
A dinâmica social e cultural pode piorar as coisas. Shekar diz que as fundadoras enfrentam um obstáculo único: espera-se que sejam “empáticas, gentis, amáveis e legais, mas ao mesmo tempo cruéis e competitivas”. Ryan Williams, o CEO da plataforma de investimento imobiliário Cadre, diz que, enquanto crescia, não sabia o que era depressão ou ansiedade porque o assunto nunca foi abordado. “Existem certas comunidades onde a saúde mental é algo que as pessoas veem – especialmente se você reconhece que está tendo alguns problemas – como uma fraqueza real e quase um defeito pessoal, especialmente na comunidade negra”, diz ele. “Não quero generalizar, mas foi assim onde cresci e com a minha família.”
O excesso de trabalho muitas vezes faz com que os fundadores atinjam pontos baixos. Durante os seus primeiros anos como empresário, o cofundador do Brex, Pedro Franceschi, sentiu a necessidade de “ser produtivo a cada segundo”. Ele trabalhava de 80 a 100 horas por semana, dormindo apenas seis horas por noite, e se sentia culpado por tirar férias. Em outubro de 2019, a Brex lançou um novo produto importante, uma conta bancária empresarial chamada Brex Cash. Mas em vez de se sentir animado, Franceschi sentiu-se ansioso, e seu desespero culminou em um ataque de pânico na manhã seguinte a uma festa de Halloween com amigos em Nova York. Ele descreve a sensação como “muito desesperadora, especialmente quando você não sabe o que está acontecendo… Você não sabe se está tendo um ataque cardíaco”.
Um mês depois, ele tirou uma semana de folga, desligou e começou a se sentir melhor. Ele começou a consultar um terapeuta semanalmente e um psiquiatra trimestralmente, tomando medicamentos e consultando um coach a cada duas semanas. Hoje, ele dorme entre sete e meia e oito horas. “Acho que não sabia onde estava o limite para mim”, diz ele hoje. Seu terapeuta o ajudou a compreender melhor a si mesmo e por que tem certos sentimentos, e agora ele pode reconhecer sinais de ansiedade muito mais cedo. Em novembro de 2022, a Brex anunciou a Catarse, uma iniciativa que visa normalizar as conversas sobre saúde mental e oferecer descontos em serviços de saúde mental para clientes da empresa.
Entre o pessoal e o profissional
Momentos em que os contratempos pessoais e profissionais coincidem podem ser particularmente debilitantes para os fundadores. Em meados de 2016, Ryan Caldbeck, então CEO da CircleUp, fez uma série de demissões depois que a empresa fez uma mudança estratégica. Naquela época, ele e sua esposa começaram a ter problemas de fertilidade – eles queriam ter um segundo filho, mas não conseguiam engravidar – e ainda por cima, ele foi diagnosticado com câncer. Apesar de um investidor lhe ter dito para tirar seis semanas de folga no final de 2017, ele continuou trabalhando. “Depois de uma vida inteira resolvendo as coisas, disse a mim mesmo que não precisava fazer uma pausa”, escreveu ele mais tarde em uma postagem no seu blog, acrescentando que foi o maior erro da sua carreira.
No ano seguinte, ele tuitou sobre como a saúde mental não era discutida o suficiente. “Me sinto totalmente consumido. O tempo todo. É difícil para mim me sentir presente em conversas fora do trabalho. No meu encontro de sexta à noite com minha esposa, muitas vezes tenho dificuldade para me concentrar em nós – minha mente começa a trabalhar. Eu odeio isso.” Outro tuíte sobre o mesmo tópico dizia: “Me sinto incrivelmente solitário. Como CEO, é difícil me abrir totalmente sobre minha empresa e é difícil encontrar outros CEOs que estejam dispostos a ser vulneráveis e falar honestamente sobre as coisas difíceis.”
Em 2019, veio a gota d’água. Sua filha de cinco anos olhou para ele e disse: “Papai, você sempre parece tão triste”. Ela disse isso duas vezes, e ele não conseguia tirar o comentário da cabeça. Um ano depois, ele anunciou que estava deixando o cargo de CEO.
Estratégias para gerenciar a saúde mental
Existem grandes incentivos financeiros para os fundadores permanecerem em suas empresas. De acordo com um estudo de 2010 do professor Babson Joel Shulman, os retornos do investimento foram 10 a 20 vezes melhores para empresas públicas lideradas por fundadores do que para empresas lideradas por CEOs profissionais.
Para se prepararem para a difícil jornada, os fundadores devem configurar a sua “infraestrutura” de saúde mental o mais cedo possível, argumenta Ryan Caldbeck, especialmente porque pode levar algum tempo para encontrar a ajuda profissional certa. “Eu gostaria de ver o mundo tratar a saúde mental como a saúde bucal: preventivamente”, diz Brad Baum, cocriador do Founder Mental Health Pledge, uma iniciativa para desestigmatizar a saúde mental e incentivar os empreendedores e seus apoiadores a investirem na saúde mental.
Terapia, coaching e meditação
A terapia é uma das formas mais populares pelas quais os fundadores estão começando a gerenciar sua saúde mental de forma mais proativa. Para Pedro Franceschi, terapia é “como ter um profissional capacitado investindo no seu bem-estar”. Isso o ajuda a controlar o estresse e a responder perguntas como: “Quais são os seus valores? Quem são as pessoas de quem você deseja se cercar?”
Jackie Reses, ex-chefe da Square Capital e CEO do Lead Bank, fala semanalmente com seu terapeuta e já faz isso há anos. “É uma forma de melhorar a forma como você está no mundo e, em última análise, é o presente mais hedonista que você pode dar a si mesmo.”
O cofundador da Bonobos, Andy Dunn, acredita que todo fundador deveria fazer terapia por pelo menos seis meses seguidos, a cada dois ou três anos. Ele também defende que as empresas estabeleçam uma bolsa de US$ 2.000 por ano, por funcionário, para despesas de saúde mental do próprio bolso. “As taxas de reembolso do seguro são terrivelmente baixas.”
A terapia de casal também pode ser útil. Anos atrás, Jocelyne Gardner sentiu-se frustrada porque seu marido Jason parecia estar sempre pensando na Marqeta. “Mesmo que ele estivesse na sala, muitas vezes ele não estava – sua mente estava em outro lugar”, diz. A terapia também a ajudou a ter mais compaixão pela intensa pressão que Jason sentia no trabalho.
Para os fundadores que escolhem entre um coach ou um terapeuta, a psicóloga Sherry Walling diz que os coaches de negócios geralmente fornecem “uma visão prática sobre a mentalidade e o foco. Eles trabalham para o bem-estar do negócio.”
Já um terapeuta se concentra mais no “bem-estar do ser humano. Eles têm um trabalho muito mais profundo e mais longo e uma visão sobre como as questões familiares da sua infância, por exemplo, afetam a maneira como você lidera sua equipe.”
Terapeutas também são obrigados a ter determinada formação e um número mínimo de horas de treinamento clínico supervisionado com pacientes. Não há requisitos ou qualificações oficiais para ser um coach de vida ou de negócios.
A meditação tornou-se uma prática amplamente utilizada durante décadas, e muitos fundadores bilionários famosos, incluindo Marc Benioff, da Salesforce, o titã dos fundos de hedge Ray Dalio e Oprah Winfrey atestam seus benefícios.
Jackie Reses, do Lead Bank, medita por 20 minutos todos os dias. “Cada vez mais, tenho pessoas vindo até mim de todos os lugares e preciso de um tempo de descanso e silêncio para acalmar meu cérebro, reiniciá-lo e me trazer de volta a um lugar criativo”, diz ela.
Veja também:
- Medite enquanto você trabalha: a nova receita de bem-estar
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Sono, exercício e definir limites
Apesar do espírito da correria e da vida agitada que está na moda no Vale do Silício, onde os fundadores se gabam de dormir cinco horas ou menos por noite, tem havido um novo movimento no sentido de dormir mais.
O livro de 2017 do professor de neurociência da Universidade da Califórnia em Berkeley, Matthew Walker, “Por que nós dormimos”, contém extensas evidências científicas sobre os benefícios para a saúde e a produtividade de dormir mais de sete horas por noite.
Franceschi diz que o livro teve um grande impacto em sua vida. Oito dos 13 CEOs com quem conversamos neste artigo dormem de sete a oito horas por noite. Mark Zuckerberg também.
Grupos de empreendedores
Em meados de 2021, o pai da CEO da Zeta, Aditi Shekar, faleceu de Covid e ela começou a estabelecer mais limites. Priorizou ver a família com mais frequência e parou de trabalhar na maioria dos finais de semana, o que, segundo ela, ajuda na criatividade e evita que sua empresa se torne sua vida inteira. Kathleen Stetson, coach executiva e ex-CEO de startups, ficou deprimida depois que sua empresa de tecnologia faliu em 2017. “Percebi que o cerne dessa depressão realmente era este: eu tinha feito da startup minha identidade. Foram necessárias pessoas dizendo: ‘Ei, você não é a Trill, você é a Kathleen’”.
Muitos fundadores dizem que os grupos de pares lhes permitem partilhar privadamente as suas situações com outros empreendedores. E que estão entre as ferramentas mais úteis de que dispõem para gerir a saúde mental. O CEO da Cadre, Ryan Williams, diz que esses grupos foram essenciais para ele durante os primeiros meses do isolamento da Covid em 2020, quando todos estavam se adaptando ao trabalho remoto.
Organizações como YPO (que reúne jovens CEOs) criaram grupos em que fundadores, executivos e funcionários podem discutir abertamente os desafios que estão enfrentando.
Abertura aos funcionários
Cada empreendedor tem um nível de conforto diferente para demonstrar vulnerabilidade com os funcionários. “Durante os primeiros cinco anos como CEO, fui bastante fechado em termos do que expressaria sobre os meus medos e inseguranças, profissionalmente e pessoalmente”, diz Ryan Caldbeck. “Esse foi um dos muitos fatores que contribuíram para a solidão e a depressão.” Desde então, ele descobriu que se abrir mais – por exemplo, dizer algo como “Estou preocupado por não termos acertado nossa estratégia e estou determinado a fazer isso” – o ajuda a construir confiança e a se sentir mais conectado com seus colegas.
Andy Dunn acredita na “divulgação seletiva e estratégica de vulnerabilidade”. Ele sugere que os fundadores aproveitem oportunidades como um breve e-mail ou um bate-papo ao ar livre para discutir um desafio que estão enfrentando. “Pode ser rápido, e então você segue em frente e volta ao trabalho”, diz.
Dunn dá um exemplo de e-mail que um fundador pode mandar: “Ei, você talvez esteja percebendo que estou com uma energia um pouco mais baixa, que ando um pouco deprimido. Tenho histórico de depressão, tomo remédios e vou ao médico. Mas estou superando isso e sou muito grato pelo trabalho que todos vocês estão fazendo. Obrigado por operar em um nível tão alto. Estarei com você em breve.’”
“As pessoas ficarão fascinadas quando você fizer isso”, diz Dunn. “E você acabou de criar um espaço seguro para qualquer pessoa na organização compartilhar seus próprios sentimentos.” Ele acrescenta que, ao demonstrar tal vulnerabilidade, é importante compartilhar simultaneamente o plano de ação para enfrentar o desafio.
O que investidores e empresas podem fazer
De certa forma, os empreendedores são mais responsáveis perante os investidores que os apoiam do que qualquer outra pessoa, por isso os VCs (venture capitalists) “têm a voz mais alta na sala”, diz Brad Baum, co-criador do Founder Mental Health Pledge. Uma coisa que os investidores podem fazer é simplesmente entrar em contato com os empreendedores e perguntar como eles estão em um determinado dia. Nigel Morris diz: “Trata-se de ligar para as pessoas e dizer: ‘Como você está se sentindo? O que tem em mente? Com o que você está preocupado? Como você está pessoalmente?”
Em 2018, a empresa de capital de risco Felicis, sediada no Vale do Silício, iniciou um programa onde, para cada cheque de investimento inicial emitido para uma startup, a Felicis adiciona 1% em capital que os fundadores podem gastar em despesas de saúde mental. Mais de 50 fundadores aproveitaram, diz Dasha Maggio, co-COO da Felicis, que criou e lidera o programa.
A startup de pagamentos Orum dá aos funcionários uma folga na primeira sexta-feira de cada mês para cuidar de sua saúde mental. Os funcionários ainda estão de plantão com os clientes, mas não atendem ligações de vendas ou reuniões externas e ficam longe do e-mail e do Slack, diz a CEO Stephany Kirkpatrick. A empresa também fecha os escritórios entre o Natal e o Ano Novo e paga 100% do seguro saúde dos funcionários. No Treasury Prime, Chris Dean incentiva os funcionários a falarem caso estejam com problemas de saúde mental e às vezes lhes diz para tirar alguns dias ou uma semana de folga, e eles voltam se sentindo melhor, segundo ele.
Amigos, passeios na natureza e psicodélicos
O psiquiatra Michael Freeman diz que é fundamental ficar perto de amigos e familiares para ter uma forte rede de apoio social de pessoas que não estão associadas ao seu negócio. Ele acrescenta que a “exposição regular a ambientes naturais como montanhas, rios e riachos” pode ter um efeito restaurador e eleva a criatividade.
O uso de drogas como MDMA (também conhecido como ecstasy), psilocibina (cogumelos mágicos) e cetamina para controlar a saúde mental é uma tendência recente. “Muitos dos meus clientes empreendedores estão interessados em falar sobre o uso de psicodélicos, tanto na otimização mental quanto no tratamento”, diz a psicóloga Sherry Walling. “Isso já está acontecendo muito no Vale do Silício.” Ela ocasionalmente usa psicoterapia apoiada por cetamina com pacientes e espera que o MDMA e a psilocibina sejam eventualmente aprovados pelo FDA (a Anvisa dos EUA) para uso médico.
Veja também:
Os CEOs com quem conversamos neste artigo dizem que não tentaram usar nenhum desses medicamentos para melhorar sua saúde mental, mas também não os descartam. Franceschi diz que está “consciente da extensa pesquisa que está sendo conduzida neste campo e considero interessante e promissora”. Caldbeck diz que conhece pessoas que experimentaram e que “elogiam os efeitos”. Elon Musk tem, supostamente usado cetamina para tratar a depressão (ele não respondeu à Forbes). E tuitou, em junho. que a cetamina “é uma opção melhor” para tratar a depressão do que os antidepressivos amplamente prescritos no mercado.
Walling adverte que os riscos da utilização de estratégias experimentais, quando feitas de forma inadequada,podem ser problemáticas. O sócio da Y Combinator, Michael Seibel, também observa os riscos, dizendo: “Seus mecanismos para lidar com o estresse não podem ser mais prejudiciais do que o estresse”. Eles têm que melhorar sua saúde a curto e longo prazo.
(traduzido por Fabiana Corrêa)
Com informações da* Forbes Brasil.
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CEOs Indicam Seus Livros Preferidos do Ano

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
No balanço final de 2025, quando a agenda desacelera e as metas dão lugar às retrospectivas, muitos líderes encontram nos livros um espaço de pausa e reflexão. Para os executivos que integram a lista Forbes Melhores CEOs de 2025, mais do que hábito, a leitura é uma ferramenta estratégica de desenvolvimento, autoconhecimento e apoio para a tomada de decisão.
Entre clássicos da literatura brasileira, biografias de grandes empreendedores e reflexões sobre liderança, propósito e resiliência, essas obras ajudaram a organizar ideias, ampliar repertórios e olhar para o futuro com mais clareza.
A seguir, confira os melhores livros que acompanharam esses líderes ao longo do ano, e que servem de inspiração para fechar 2025 ou começar 2026 com novas perguntas, e não apenas respostas.
CEOs indicam seus livros favoritos do ano
Adriana Aroulho, CEO da SAP para América Latina e Caribe
“Conversas que tive comigo”, de Nelson Mandela
“Ele oferece uma visão íntima e profunda sobre a jornada de Nelson Mandela, não apenas como líder político, mas como ser humano. A obra reúne reflexões pessoais, cartas e pensamentos que revelam coragem, resiliência e a capacidade de manter princípios mesmo diante das maiores adversidades. Para mim, é um lembrete poderoso de que liderança não se resume a autoridade, mas sim a empatia, integridade e propósito. Em um mundo que muda tão rápido, essas lições continuam atuais e essenciais.”
Alberto Kuba, CEO da WEG
“Ambidestria Corporativa”, de Luis Rasquilha e Marcelo Veras
“O livro traz uma reflexão essencial: eficiência operacional e inovação são forças complementares e indissociáveis. Essa abordagem traduz com precisão o que vivemos na WEG: excelência no presente com olhos atentos ao futuro. É uma leitura que inspira líderes a conciliar entrega e transformação com consistência, responsabilidade e visão de longo prazo.”
Ana Célia Biondi, CEO da JCDecaux Brasil
“Os Flamingos”, de Rodrigo Duarte Garcia
“É uma delícia para começar o ano viajando por lugares incríveis em diferentes épocas. Vale a leitura.”
Augusto Martins, CEO da JHSF
“Same as Ever”, de Morgan Housel
“Em um mundo obcecado por prever o futuro, o livro reforça algo em que acredito: os grandes resultados vêm principalmente da compreensão do que não muda. Disciplina, visão de longo prazo, qualidade, formação contínua e decisões bem fundamentadas atravessam qualquer ciclo. Na JHSF, crescemos e inovamos constantemente, mas sempre sustentados por valores inegociáveis. Esse livro traduz bem essa filosofia de construir com planejamento, coerência e foco no que é durável.”
Diego Barreto, CEO do iFood
“O Lado Difícil das Situações Difíceis”, de Ben Horowitz
“O livro nos ajuda a refletir sobre os desafios da jornada empreendedora e como, nas situações difíceis enquanto empreendemos, é essencial ter uma visão clara, usar a transparência e o conflito produtivo para alcançar o que você deseja e vai atrás para conquistar.”
Edgard Corona, CEO da SmartFit
“A máquina que pensa: Jensen Huang, Nvidia e o microchip mais cobiçado do mundo”, de Stephen Witt
“É um livro que fala sobre a resiliência de um empreendedor. Uma história de superação.”
Fernanda Hoe, CEO da Elanco Brasil
“Água Viva”, de Clarice Lispector
“É uma obra profundamente marcante, composta por uma sucessão de pensamentos, sensações e reflexões sobre a vida, o tempo e a criação artística. Com uma escrita que parece ‘pintar com palavras’, Clarice traduz sentimentos complexos com precisão e intensidade. É um livro que não oferece respostas prontas, mas amplia a escuta interna e nos reconecta com o instante.”
Lorice Scalise, CEO da Roche Farma Brasil
“Suor”, de Jorge Amado
“É incrível como um livro de quase 100 anos, escrito por um jovem de 22 anos, pode ser ainda tão atual, um retrato tão verdadeiro das multifacetas deste país-continente. Naquele cortiço do Pelourinho, cada personagem é, até hoje, um representante fiel da nossa sociedade. E só quando entendemos nossa sociedade, quando somos curiosos em compreendê-la, é que podemos pensar em contribuir para as mudanças que desejamos ver.”
Pedro Zannoni, CEO da Lacoste
“From Strength to Strength”, de Arthur C. Brooks
“É uma leitura muito acessível e que pode ajudar bastante executivos e empreendedores a se prepararem para a segunda metade da vida. O livro fala sobre como nossas capacidades e habilidades mudam com o tempo e como é essencial entender isso e se adaptar para continuar tendo sucesso — e também prazer — no que fazemos. Ele traz a ideia de transição do sucesso baseado em performance para um sucesso mais ligado a significado e impacto.”
“Greenlights”, de Matthew McConaughey
“Ainda estou terminando, mas também me marcou bastante. Gostei muito da forma como ele escreve — direta, honesta e cheia de histórias de vida. O livro traz a ideia de ‘greenlights’ como sinais de avanço que surgem mesmo após momentos difíceis. É uma leitura fácil, mas que faz pensar bastante sobre decisões, persistência e autoconhecimento.”
Sergio Zimmermann, CEO da Petz
“Um café com Sêneca: Um guia estoico para a arte de viver”, de David Fideler
“Achei o livro muito interessante por tratar do estoicismo, uma filosofia antiga que, de certa forma, sigo intuitivamente na minha vida. Ver que essas ideias já eram pensadas há tanto tempo gera uma identificação para mim.”
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Hapvida Anuncia Novo CEO Em Meio a Pressão da Dívida de R$ 4,25 Bilhões

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
A Hapvida anunciou, nesta segunda-feira (22), que o atual vice-presidente financeiro, Luccas Augusto Adib, assumirá a presidência da companhia no lugar de Jorge Pinheiro. A transição no comando será realizada de forma gradual ao longo de 2026, conforme fato relevante divulgado ao mercado.
Com a mudança, Jorge Pinheiro deixará a posição de CEO e passará a atuar exclusivamente como chairman executivo do grupo, substituindo Candido Pinheiro, também dentro do cronograma previsto para 2026.
Segundo a empresa, a escolha de Adib está alinhada ao plano de acelerar as transformações estratégicas da Hapvida. Entre as prioridades do novo presidente estão a revisão do portfólio de produtos, o aumento da eficiência operacional e o reforço da disciplina na alocação de capital, com foco na geração de valor e na sustentabilidade dos resultados.
A companhia destacou ainda que o processo de sucessão foi planejado e conduzido pelo conselho de administração, garantindo continuidade estratégica e estabilidade na gestão.
Quem é o novo presidente
Adib está na Hapvida há seis anos e construiu uma trajetória de crescimento marcada por entregas consistentes em áreas e projetos estratégicos, segundo a Hapvida. Ele assumiu o cargo de diretor financeiro em dezembro de 2023 e passou a acumular também a função de diretor de tecnologia a partir de abril de 2025, liderando reestruturações profundas com foco em pessoas, processos e tecnologia.
Segundo o fato relevante, na presidência, Adib terá como missão acelerar as transformações que a companhia vem conduzindo nos últimos anos, com ênfase na construção de uma cultura organizacional de alta performance.
“Dentre as prioridades de seu mandato, estão a centralidade na experiência do usuário, a revisão de produtos, o posicionamento estratégico e a transformação digital, bem como o extremo rigor e a disciplina na alocação de capital”, diz o texto.
Pressão da dívida
Apesar de registrar lucro líquido de R$ 337,7 milhões no terceiro trimestre de 2025, a operadora segue pressionada por um passivo bilionário que continua a crescer. A dívida líquida da companhia alcançou R$ 4,25 bilhões, avanço de 3,7% na comparação anual.
O elevado nível de endividamento pesou fortemente sobre a percepção do mercado, levando as ações da empresa a recuarem quase 40% logo após a divulgação dos resultados.
A pressão financeira é reforçada pela queda de 2,1% no Ebitda ajustado, que totalizou R$ 746,4 milhões no trimestre. O desempenho operacional foi impactado pelo aumento da sinistralidade, que chegou a 75,2%, refletindo custos mais elevados com a utilização dos serviços e a expansão da rede própria.
Embora a Hapvida tenha apresentado crescimento de receita e do tíquete médio, a manutenção da alavancagem em 1 vez a relação dívida/Ebitda indica que o equilíbrio entre a expansão da operação e o peso da dívida segue como um ponto crítico para a gestão.
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Como Líderes Usam Dezembro Como Reset Estratégico para 2026

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Para a maioria das pessoas, o pé já está no freio. Outros reduziram a marcha inconscientemente. E alguns poucos ainda estão com o pé cravado no acelerador. Na reta final do ano, dezembro vira um mês sonolento: metas são abandonadas, rotinas de saúde ficam pelo caminho no meio de infinitas confraternizações, e a promessa de “começo com tudo em janeiro” se torna o roteiro padrão.
Mas, para líderes de alta performance – e para qualquer pessoa que queira entrar em 2026 como uma versão diferente de si mesma – dezembro tem um papel importante. Essas últimas semanas estão longe de ser um período de espera passiva.
É verdade que as agendas ficam mais leves, as confraternizações e viagens aumentam e o ritmo geral dos negócios desacelera. Mas é exatamente isso que torna dezembro tão valioso. É uma oportunidade de recalibrar seu “sistema operacional” interno e ganhar vantagem competitiva.
À medida que 2026 se aproxima, os líderes que saem na frente são aqueles que encaram dezembro como um reset estratégico, e não como uma pausa total. Isso começa com quatro mudanças fundamentais:
Troque o foco em metas pelo foco em você
Dezembro é um mês precioso para dar um passo atrás, avaliar o ano que passou e deixar claro quem você pretende ser em 2026. Sua identidade manda nos padrões que você sustenta, na energia que protege, na qualidade das suas decisões e, no fim das contas, no resultado dos seus objetivos.
A identidade que uma pessoa assume — como “estou sobrecarregado”, “dou conta” ou “sou resiliente” — influencia como ela dorme, como se recupera e como lida com os desafios do dia a dia. Uma identidade desalinhada cria, com o tempo, um descasamento biológico e reduz a sua capacidade como líder.
Essa mudança pode começar com duas perguntas simples:
- Que versão de mim gerou os melhores resultados neste ano?
- Como preciso me desenvolver para alcançar os resultados que desejo no próximo ano?
Troque intensidade por alinhamento
Líderes de alta performance não evitam trabalhar duro. Mas existe uma armadilha comum: confundir progresso com mais esforço e mais horas trabalhadas. Intensidade máxima sem alinhamento raramente gera resultados sustentáveis — e frequentemente aumenta o risco de esgotamento.
Dezembro oferece uma pausa estratégica para refletir se os comportamentos, compromissos e rotinas atuais realmente correspondem ao que você quer levar para 2026. O alinhamento funciona como um multiplicador de força: quando padrões, agenda e fisiologia apontam na mesma direção, a execução flui com muito mais facilidade.
A falta de congruência, por outro lado, costuma aparecer primeiro na saúde e no desempenho. O desalinhamento frequentemente se manifesta no corpo e na mente: sono irregular, reatividade emocional elevada, pensamentos dispersos, dificuldade para perder peso ou exames que trazem resultados indesejados.
Para caminhar em direção a mais alinhamento, comece se perguntando:
- O que realmente precisa permanecer?
- O que preciso deixar?
- O que precisa ser redesenhado para alinhar meus hábitos à identidade que estou assumindo?
Troque a obsessão por resultados pela construção de capacidade
Resultados importam, mas a capacidade é o fator limitante do quanto um líder consegue sustentar esses resultados ao longo do tempo. Não importa o quão disciplinado alguém seja: ninguém pensa com clareza, toma boas decisões, se conecta de forma profunda, convence ou atua de forma estratégica quando suas reservas biológicas estão esgotadas.
Dezembro é um momento ideal para reconstruir essa capacidade. O ritmo dos negócios desacelera naturalmente, mas isso não significa inatividade. Significa restaurar os sistemas que determinam seu desempenho cognitivo e físico: regularidade do sono, ritmos circadianos adequados, práticas de recuperação e renovação, além de cuidados preventivos com a saúde.
Encare dezembro como um reset fisiológico. Rotinas que se perderam são ajustadas, fontes ocultas de estresse e compromissos excessivos são eliminadas, e assim você reconstrói a base que o sustentará no primeiro trimestre do próximo ano.
Troque a presença constante pela presença onde importa
A liderança moderna recompensa a visibilidade, mas sem intenção, isso pode ter um custo. Quando um líder tenta estar em todos os lugares, acaba diluindo seu impacto e sua energia. Dezembro é uma oportunidade para se recalibrar e entender onde sua presença realmente é necessária, e onde não é.
A presença de um líder carrega peso: influencia a cultura, molda expectativas, atrai talentos e direciona o ritmo da organização. Mas presença é compromisso. Cada reunião, conversa e decisão consome da mesma reserva de energia. Quando essa reserva se espalha demais, o desempenho cai.
Algumas perguntas podem ajudar:
- Onde meu envolvimento realmente fez diferença?
- Onde eu estava apenas ocupando espaço?
- Quais relações, equipes ou iniciativas merecem mais da minha atenção em 2026 — e quais exigem limites mais firmes?
Líderes colocam intencionalidade
Se este ano não saiu como o esperado — seja na saúde ou nos negócios —, ainda há tempo de sobra. Embora fatores externos sejam importantes, o primeiro passo para se destacar é decidir quais condições internas você está disposto a levar para 2026.
Muitos vão aliviar o ritmo agora. Você pode fazer diferente e usar essas últimas semanas para focar em sua saúde física e mental e assumir um compromisso firme com a identidade que levará para o novo ano.
Intencionalidade é o hábito que faz a diferença. Quem entende isso não fica esperando um novo dia, mês ou ano para começar.
*Julian Hayes II é colaborador da Forbes USA. Fundador da consultoria Executive Health, especializada em saúde de líderes, ele escreve sobre bem-estar, negócios e liderança.
O post Como Líderes Usam Dezembro Como Reset Estratégico para 2026 apareceu primeiro em Forbes Brasil.
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