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De Chefe do Dipoa ao Centro do Poder em Washington, Quem É Ana Lucia Viana

Redação Informe 360

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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

Ana Lúcia Viana
Arq.Pessoal

Ana Lúcia Viana, a médica veterinária que se tornou adida em Washington

“Quem é você? Desde quando uma carioca sabe derrubar boi?’ Eu respondi: ‘Não preciso derrubar boi para fazer meu trabalho, mas se precisar, tem gente que derruba por mim’.” Tombar boi, na linguagem do campo, é preparar um animal para ser vacinado. O tom desafiador saiu da boca de um pecuarista do interior do Paraná à médica veterinária, Ana Lúcia Pereira, hoje com 46 anos, quando era auditora do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), no início de sua carreira. Mulher, negra e carioca, ela era uma presença estranha em um setor ainda masculino, às vezes machista e rude, segundo ela. “Depois de um tempo, essas mesmas pessoas que desconfiavam me buscavam para liderar reuniões. Eram plateias exclusivamente masculinas, e todo mundo parado me ouvindo. Foi ali que comecei a moldar minha liderança.”

Hoje, como adida agrícola do Mapa em Washington, ela representa o Brasil em uma das principais frentes de negociação do agronegócio global. “Tudo é o resultado de uma construção tijolo a tijolo”, diz. Além de ser a primeira nesse posto, Ana Lúcia também foi a primeira, em 105 anos, a assumir a direção do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), em 2019. Vale registrar que toda proteína e seus derivados que você, eu, ou lá fora algum estrangeiro coloca na boca, e que tenha saído do Brasil, passa pelo crivo do Serviço de Inspeção Federal (SIF), criado em 1915, e que faz parte do Dipoa.

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Ana Lúcia é médica veterinária desde 2002, pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. O fato acima ocorreu em Santo Antônio do Sudoeste, na sua primeira ida ao campo para acompanhar uma campanha de vacinação, e onde assumiu a chefia de uma unidade veterinária, um dos dois concursos que passou depois de formada. Um deles era do Mapa, seu caminho escolhido. Lidava com defesa sanitária, controle de raiva e rastreabilidade de rebanhos, além de fiscalizar campanhas de vacinação. “Foi uma experiência transformadora. Saí do Rio, uma cidade grande, para um município de 18 mil habitantes”.

Sobre a construção de liderança, os “tijolos” aos quais ela se refere têm dois elementos fundamentais: a dedicação e o saber ouvir e observar. “Se dedicar ao estudo, que é fundamental, e não ter preguiça para escutar o que as pessoas têm para dizer. Sempre escutei muito meus pais, as pessoas mais velhas, meus pares e meu coordenados, porque aquilo que as pessoas estão fazendo é um espelho pra mim.”

Ana Lúcia, Representatividade e Liderança

Em 2013, Ana Lúcia chegou a Brasília para liderar a Divisão de Inspeção de Carnes, Aves e Ovos no Dipoa e dois anos depois se tornou coordenadora geral, supervisionando auditorias nacionais e internacionais, além de coordenar a habilitação de estabelecimentos para exportação. Para ela, a direção geral do Dipoa, posição ocupada durante a pandemia de Covid19, foi um dos períodos mais desafiadores da carreira.

“Enquanto muitos países sacrificavam animais no campo por não conseguirem operar frigoríficos, o Brasil manteve a produção. Nosso papel era garantir a segurança alimentar interna e continuar exportando. Foi uma missão de muita pressão, mas também de muito aprendizado.” O Dipoa tem sob sua guarda 5 mil estabelecimentos e uma equipe de mais de 2 mil servidores diretos. O trabalho envolvia lidar com auditorias internacionais e responder a exigências de mercados como a União Europeia e a China. “A base técnica é fundamental. Não há espaço para erro. E quando o cenário esbarra no político, usamos os argumentos técnicos para rebater. É um equilíbrio constante entre os dois.”

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Ela diz não ter hobbies, mas sempre foi uma viajante convicta. Conhece 25 países, com visitas recorrentes a vários, dos quais dois com mais intensidade, a França e os Estados Unidos. “Adoro viajar e estudar idiomas. Falo inglês, espanhol e francês, além do português, claro. Viajar me conecta com novas culturas e me dá perspectiva para encarar os desafios da diplomacia.” Antes de desembarcar em Washington como residente, ela já havia estado por lá 16 vezes.

A agenda de um adido agrícola nos Estados Unidos é frenética. “Recebo missões diplomáticas e empresariais constantemente. Os EUA são uma vitrine do agronegócio mundial, e isso demanda atenção redobrada.” Apesar do ritmo intenso, Ana Lúcia acredita que a missão diplomática também exige uma abordagem humana: “Sou apaixonada por construir relações. Entender o interlocutor é tão importante quanto ter domínio técnico. Represento o Brasil, mas também carrego a responsabilidade de ser um ponto de referência para outros adidos agrícolas e para mulheres na carreira pública.”

Ana Lúcia lida com temas como sustentabilidade, inovação, transição energética e, claro, as tradicionais questões de barreiras sanitárias e fitossanitárias, identificando oportunidades de comércio, investimentos e cooperação para o agronegócio brasileiro e mantém a interlocução com representantes dos setores público e privado. O Brasil possui 40 adidos agrícolas em suas representações diplomáticas no exterior, mas até julho deste ano eram apenas 29. Entre eles, apenas 11 são mulheres.

Filha de um militar, hoje na reserva, e de uma dona de casa – Jandira e Sebastião são os nomes deles – Ana Lúcia conta que sua criação moldou seu olhar de mundo. “Você é poderosa, não tem lugar nenhum que não possa ir, não tem lugar nenhum que não possa entrar e não tem nenhum ambiente que você não possa participar dele. Os meus pais sempre me diziam isso”, afirma. “Eles nunca me disseram ‘isso aqui não é pra você’ e dentro dos limites da minha criação sempre soube me portar e nunca deixei ninguém me diminuir em lugar nenhum.”

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Ana Lúcia ainda vê um longo caminho pela frente na carreira pública. “O posto de adida é cíclico. Fico quatro anos fora, depois retorno ao Brasil para novos desafios. Minha visão de mundo se ampliou muito aqui. No futuro, quero continuar contribuindo para que o Brasil fortaleça sua posição no mercado global, seja em outro posto internacional ou em uma nova função no Mapa.” Ana é uma das poucas mulheres negras em cargos de liderança no agronegócio brasileiro. Ela reconhece a importância de sua representatividade e da mensagem que transmite às gerações mais jovens.

“É fundamental que as meninas vejam que podem ocupar qualquer espaço. Durante toda minha carreira, fui pioneira em vários ambientes, o que me ensinou que é preciso construir liderança com firmeza, respeito e competência.” Quando perguntada sobre como lida com o racismo, Ana é enfática: “Nunca fui preterida por ser negra, mas sei que o racismo estrutural ainda é uma barreira real. Nos espaços que ocupo, faço questão de abrir caminho para outros. Somos poucos, mas precisamos ser cada vez mais”, diz ela. “Quero que outras mulheres, especialmente negras, olhem para minha trajetória e vejam que é possível chegar lá. Temos muito a contribuir, e o futuro é nosso para moldar.”

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Leroy Merlin Nomeia Ricardo Dinelli Como Diretor-Geral no Brasil

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A Leroy Merlin anunciou Ricardo Dinelli como novo diretor-geral da operação no Brasil. Ele será o primeiro brasileiro a ocupar o cargo dentro do Grupo ADEO e assume a função em 1º de janeiro de 2026, sucedendo Ignácio Sanchez, que passará a liderar a Leroy Merlin na Itália.

Com quase 13 anos de empresa, Dinelli iniciou sua trajetória como trainee e acumulou experiências em cargos como gerente comercial, diretor de loja, diretor de produto e diretor regional. Formado em administração, ele possui MBA em gestão comercial, estratégia e gestão de varejo. “Ao longo da minha jornada, tive muita gente que me apoiou, dedicou tempo para me ensinar e me formar. Poder retribuir um pouco disso será um dos meus grandes objetivos”, afirma.

Na nova posição, o executivo será responsável por fortalecer a marca no país e liderar uma operação presente em mais de 50 lojas, distribuídas em 14 estados. “Meu propósito é liderar com responsabilidade a cada decisão”, diz. “Quero ampliar nossa capilaridade e, principalmente, oferecer um portfólio cada vez mais inovador e relevante, capaz de elevar a qualidade de vida nos lares brasileiros.”

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Recorde de Ocupação: 1 em Cada 4 Idosos Trabalhava em 2024

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Cerca de 8,3 milhões de pessoas com 60 anos ou mais estavam trabalhando em 2024. Com esse contingente, o Brasil alcançou o recorde no nível de ocupação desse grupo etário, desde que o levantamento começou, em 2012.

Dos 34,1 milhões de idosos, um em cada quatro (24,4%) estava ocupado no ano passado.

A revelação faz parte do levantamento Síntese de Indicadores Sociais, divulgado nesta quarta-feira (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

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Desde 2020, cresce o nível de ocupação de idosos:

  • 2020 – 19,8%
  • 2021 – 19,9%
  • 2022 – 21,3%
  • 2023 – 23%
  • 2024 – 24,4%

Reforma da previdência

A analista do IBGE Denise Guichard Freire, responsável pelo capítulo, aponta que, além do aumento da expectativa de vida, a reforma da previdência, promulgada em 2019, é uma das explicações para o ganho de ocupação. “É um dos fatores que levam as pessoas a ter que trabalhar mais tempo, a contribuir mais tempo para conseguir se aposentar”, afirma.

O estudo mostra que a taxa de desocupação – popularmente conhecida como taxa de desemprego – dessa população foi de 2,9% em 2024, a menor da série histórica do IBGE. Para efeito de comparação, o desemprego do total da população era de 6,6% no ano passado.

Ao dividir por idades, o IBGE identifica que no grupo de 60 a 69 anos, 34,2% estavam ocupados. Quase metade (48%) dos homens trabalhavam. Entre as mulheres, eram 26,2%.

Já no grupo com 70 anos ou mais, a ocupação era reduzida a 16,7%. Entre os homens, 15,7%. No grupo das mulheres, 5,8%.

Maioria dos idosos é autônoma ou empreendedora

O IBGE apurou informações de como é a atuação dos idosos no mercado de trabalho. Mais da metade deles (51,1%) trabalhava por conta própria (43,3%) ou como empregador (7,8%).

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Para efeito de comparação, na população ocupada como um todo, conta própria e empregadores somam apenas 29,5% dos trabalhadores.

No conjunto da população, a forma de atuação mais comum é como empregado com carteira assinada (38,9% dos trabalhadores). Entre os idosos, apenas 17% tinham essa condição.

Rendimento

Ao analisar os dados de rendimento, o IBGE identificou que os idosos receberam R$ 3.561 mensalmente, em média, superando o valor do conjunto da população com 14 anos ou mais de idade (R$ 3.108). Isso significa que os idosos ganharam 14,6% mais.

Já em relação à formalização, as pessoas com 60 anos ou mais ficam em desvantagem em relação ao total dos trabalhadores. A taxa do país era de 59,4% dos ocupados. No grupo dos idosos, 44,3%.

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O IBGE considera informais empregados sem carteira assinada, e trabalhadores por conta própria e empregadores que não contribuem para a previdência social.

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Guia dos MBAs: Como Escolher o Melhor Curso para a Sua Jornada Profissional

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Antes de decidir se você vai fazer ou não um MBA, conheça a carreira do CFO da Vale, Marcelo Bacci. Ele estudou administração de empresas na FGV, em São Paulo, e, ao se formar, sonhava com o mercado financeiro. Entrou no antigo Unibanco e, em 1998, aos 28 anos, Bacci conseguiu uma bolsa de estudos pela empresa para fazer um Master of Business Administration em outra prestigiada universidade, a americana Stanford, na Califórnia.

“Fui no boom da internet, momento da criação do Google, em que poucos brasileiros iam estudar MBA fora do Brasil”, relata Bacci, que passou dois anos em um MBA imersivo na universidade do Vale do Silício. “O Mercado Livre, por exemplo, foi criado por pessoas que estavam na minha classe”, comenta, com orgulho.

Bacci também tem motivos para orgulhar-se. Sua carreira, meteórica, é um exemplo de como a educação executiva de alto nível pode alavancar a trajetória de um profissional. Após receber o diploma do MBA de Stanford e voltar ao Unibanco, em que atuava como gerente de tesouraria internacional, foi imediatamente convidado para ser CFO em uma das empresas do grupo de engenharia Promon, que topou bancar os custos do curso para retirá-lo do Unibanco. “Fiquei animado com a ideia de ir trabalhar com economia real”, comentou.

Foi uma tacada de gênio do ponto de vista de carreira. Se no banco teria de competir com vários outros pares especialistas em finanças, na “economia real” ele era perito solitário no tema. Da Promon, foi para a multinacional francesa do agronegócio Louis Dreyfus, onde passou seis anos. De lá, mudou-se para a companhia de papel e celulose Suzano, em que ficou outros 10 anos como CFO, até chegar ao posto máximo, em sua especialidade, na Vale, uma das maiores empresas do país.

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“O MBA na Stanford, para mim, foi minha primeira experiência internacional, eu pouco tinha viajado para o exterior. Antes de tudo, foi uma experiência de vida”, diz. “Você convive com gente de dezenas de países diferentes, e o conteúdo acadêmico era muito bom.”

Antes de ir para a Stanford, o executivo já tinha feito outro MBA no atual Insper, em São Paulo. “O do Insper também era muito bom, mas a experiência é diferente. Primeiro pelo tamanho da carga horária, já que aqui era part-time, e lá era full-time”, explica. Ele acredita que, em razão da quantidade de horas de dedicação, os cursos no exterior têm seus conteúdos mais aprofundados. Bacci diz que construiu, via Stanford, um networking internacional que o ajuda na resolução de desafios em seu trabalho de CFO na Vale até hoje. “Primeiro porque temos, mesmo 25 anos depois de formados, um grupo de WhatsApp com o pessoal da classe”, comenta. “Há pessoas de uns 30 países e, se acontece algo no Oriente Médio ou se eu preciso resolver algo em algum país no exterior, temos nesse grupo visões diferentes. Há gente que está vivendo no Oriente Médio agora, ou que pode me ajudar mostrando como se resolvem as coisas em um determinado país.”

Independentemente de estudar no Brasil ou no exterior, a trajetória do CFO da Vale comprova aquilo que todos os especialistas em educação endossam: estudar nunca é demais – e quem adicionou ao currículo uma universidade de boa qualidade sempre terá um diploma que agrega e impulsiona a carreira.

Mas como escolher qual MBA fazer? Saiba que a tradição e o renome de uma universidade, aqui ou no exterior, vão pesar na hora de o RH de qualquer empresa selecionar quem quer que seja. A reputação costuma diferenciar, entre as instituições acadêmicas, o joio do trigo.

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MBA no Brasil

Em primeiro lugar, ao optar por uma universidade que oferece Executive MBAs no país, vale a pena verificar se a escola escolhida detém a tríplice coroa: os selos das instituições internacionais AMBA, da AACSB e da EFMD-EQUIS. Elas avaliam os cursos e as universidades em âmbito global.

No Brasil, entram na lista a FGV no Rio, em São Paulo, Brasília e em outros campi espalhados pelo país; a FIA e o Insper, ambos em São Paulo; além da Fundação Dom Cabral, em Minas Gerais e São Paulo. Todos têm no mínimo 400 horas-aula de dedicação para a formação e os custos variam entre R$ 50 mil e quase R$ 200 mil, aproximadamente.

Outra sugestão: caia fora dos cursos que de MBAs nada têm e que exibem nomes singulares, como “gestão de logística” ou “redes sociais”. É grande a chance de que não agreguem aquilo que um Master “de verdade” faria. Alguns são vistos como cursos caça-níqueis que não serão considerados seriamente em um processo de seleção em uma grande empresa. E são responsáveis, segundo os acadêmicos consultados pela Forbes, pelo processo de “commoditização” que os MBAs vêm passando no país.

Nas universidades com cursos executivos sérios aqui no Brasil, será necessário passar por uma entrevista, que já funcionará como um processo de seleção. O tempo de carreira, as expectativas que o candidato tem com o curso, a trajetória escolar prévia, a disponibilidade de dedicação e reserva financeira para pagá-lo serão analisados.

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Outro ponto a ser levado em consideração e que tem a ver também com a disponibilidade de tempo e o dinheiro é escolher entre aquele que será somente ministrado no Brasil ou optar pelo Global Executive MBA, o Gemba. Essa alternativa permite ao estudante ter a experiência de semanas ou quinzenas alternadas no exterior, passando por três ou mais localidades diferentes nas Américas, na Europa e na Ásia. A ideia é permitir um curso internacional sem a necessidade de fazer o profissional passar dois anos fora do país.

“Nossos cursos vão muito além do que o MEC exige para um MBA”, assevera o diretor-executivo de desenvolvimento educacional da FGV, Luiz Migliora Neto, responsável pelos dois grandes cursos de MBA da FGV atualmente: o Executive MBA e o One MBA. Este último é global e permite uma série de semanas no exterior, inclusive visitando ambientes de negócios lá fora. Migliora fez um doutorado na FGV no qual estudou o impacto dos cursos de MBA de sua instituição na carreira dos profissionais que os escolheram.

Na pesquisa, 70 mil estudantes egressos dos cursos da FGV, no Rio e em São Paulo, foram analisados sob a perspectiva profissional. Os ganhos financeiros, de acordo com o estudo, foram consistentes e ultrapassaram em muito os valores investidos nos cursos. O professor ressalta a excelência da FGV na produção científica no país como o grande diferencial em relação aos demais cursos, uma vez que o aluno vai experienciar esse ambiente acadêmico.

“O custo do MBA é irrelevante quando você considera os benefícios que ele traz, profissional e monetariamente.”

Luiz Migliora Neto, diretor da FGV Educação Executiva

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Rosileia Milagres, vice-presidente de educação acadêmica da FDC (Fundação Dom Cabral), ressalta os benefícios de ainda se fazer um MBA no país ou optar pela modalidade Gemba, que a FDC também oferece. “Temos 49 anos de experiência na formação de executivos, e a ambiência entre a prática e a teoria, além de nossa metodologia diferenciada, fazem com que 77% de nossos alunos ascendam na carreira depois de estudar na Dom Cabral”, afirma a VP, elencando (off the record) alguns CEOs de grandes empresas.

Um dos diferenciais, diz Rosileia, é a possibilidade de verticalizar o currículo do MBA, escolhendo trilhas que vão aprofundar os conhecimentos do aluno nos temas pelos quais ele optou. Assim, se um executivo de marketing quiser fazer um MBA na Dom Cabral, em determinado momento do curso, ele pode seguir a trilha do marketing, sem deixar de passar pela estrutura mínima consagrada pela instituição. Idem para quem é da área de RH ou finanças, uma vez que a trilha escolhida vai enfatizar disciplinas correlatas. Os cursos têm até 1.500 horas de dedicação.

Já o Insper oferece dois tipos de MBAs, o Executivo e o MBA em Finanças. Assim como na concorrência, o aluno passa por um núcleo comum de disciplinas e depois pode escolher uma trilha, que vai reforçar os temas mais pertinentes para a carreira do estudante. A instituição permite a internacionalização do curso por meio das International Weeks, que contam com a vinda de professores de universidades renomadas do exterior. Há ainda a possibilidade das viagens internacionais, que o Insper denomina de learning journeys, uma temporada de visitação a ecossistemas específicos, como Vale do Silício, Israel e China. A duração dos cursos é de dois anos, divididos em oito trimestres, totalizando 480 horas.

Guilherme Martins, responsável pelos cursos de MBA no Insper, considera que a experiência é tão positiva para seus alunos que uma série deles doa dinheiro para a instituição, após anos de formados, como forma de agradecimento. Vale lembrar que o Insper é uma instituição privada. “Temos um fundo com doações que já chega a quase R$ 3 milhões, valores que são usados para conceder bolsas de estudo”, explica.

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Na FIA, outra com a tríplice coroa, também é possível “especializar” o curso entre 12 trilhas oferecidas, como recursos humanos, inovação, marketing e saúde, por exemplo. Duas delas terão aulas somente em inglês. “Data science, inteligência de negócios e inteligência artificial são os temas com mais procura no momento”, comenta Maurício Jucá, responsável pelos cursos de MBA na FIA Business School.

Outro atrativo da FIA é que ela desenvolveu uma modalidade de curso, no MBA Executivo, no qual o aluno estuda na sexta à noite e no sábado o dia inteiro. Com duração de um ano e meio, o curso chega a ter 1.800 horas de dedicação. “Nosso público-alvo tem entre 35 e 50 anos, já com boa maturidade executiva”, ressalta Jucá. “O networking oferecido pelo curso é excelente, já que há uma seleção natural com um aluno focado e disposto a pagar por isso.” E, ao optar por um curso que leva ao exterior, o MBA da FIA promove viagens e aulas em universidades dos EUA, Canadá e México, em turmas de 10 alunos.

O advogado especializado em direito e tecnologia Gustavo Artese foi outro que alavancou a carreira ao concluir dois cursos do tipo no Brasil, um executivo e outro específico em telecomunicações, ambos na FGV-RJ, e um último, o LLM, o “MBA” dos advogados, na também prestigiada Universidade de Chicago, nos EUA. Ele se orgulha de sua trajetória escolar, mas acha que os cursos de MBA atualmente são menos valorizados pelo mercado.

Campus da Universidade de Chicago, nos EUA
Getty Images

Campus da Universidade de Chicago, nos EUA

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“Em Chicago, me sentia bebendo água em um hidrante, do ponto de vista do conteúdo que tinha no curso, que era excelente”, comenta. “Mas os cursos da FGV no Brasil foram mais efetivos para o meu networking, já que me ajudaram a trazer clientes para meu escritório”, compara Artese, que, além de advogado, abriu uma empresa de inteligência artificial para o segmento jurídico, a Actoria, seguindo os conhecimentos de negócio que aprendeu ao longo da vida.

MBA no exterior

As universidades americanas são especializadas em temas específicos. Wharton, por exemplo, é para quem quer carreira no mercado financeiro. Stanford tem o empreendedorismo como foco. Harvard é generalista, e o MIT é especializado em tecnologia. A Kellogg é a número um em marketing. Entre as três escolas de negócios consultadas pela Forbes fora do Brasil, os valores de cursos de MBA, em reais, variam de R$ 315 mil a R$ 420 mil, aproximadamente.

“Os alunos são imersos em uma comunidade global e muito orientada por valores aqui na Kellogg. Essa diversidade de perspectivas é essencial para o crescimento”, ressalta Jon Kaplan, um dos responsáveis pelos cursos de MBA da universidade americana. “Os alunos enfrentam desafios de negócios reais em nossos laboratórios, estágios e oportunidade de imersão global”, comenta Kaplan, lembrando que, ainda que reconhecido como incomparável para os profissionais de marketing, os cursos da Kellogg também têm excelência em outras áreas, como empreendedorismo e gestão de tecnologia.

Na Europa, os cursos são mais generalistas. Mas, lembre-se: administração é um ramo do conhecimento que também é generalista e, portanto, isso não é um defeito. O que é preciso responder, na hora de escolher um curso no exterior, é: que experiência de vida você quer ter, quanto pode pagar e, por fim, se é realmente necessário aprofundar-se em alguma especialidade.

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As escolas europeias estão de olho nas dificuldades que alunos do mundo inteiro estão passando atualmente nos EUA, devido às políticas restritivas do presidente Donald Trump. Elas têm grande interesse nos estudantes brasileiros, como comentaram os representantes da Iese, na Espanha, e da Bocconi, na Itália. “Nosso Gemba foi lançado há 35 anos. Nele, o aluno passa por Madri, Barcelona, Nova York, Singapura e Vale do Silício para estudos intensivos presenciais”, explica, da capital espanhola, o diretor da Iese, o norueguês Arve Utseth. “Nossos cursos são exigentes, requerendo de 20 a 25 horas de aula por semana. Avaliamos que nosso MBA traz sim retorno financeiro, mas também desenvolvimento de valores éticos, perfil de liderança, compreensão do contexto global e uma rede de contatos valiosa.”

Campus da Bocconi, em Milão, na Itália
Divulgação

Campus da Bocconi, em Milão, na Itália

A Bocconi traz tudo o que o país tem de bom a oferecer: experiência de vida diferenciada, além da vantagem de estudar em um idioma não muito comum aos brasileiros, mas que é de fácil aprendizagem. O MBA ainda acontece no ambiente de negócios de Milão, a cidade mais importante economicamente no país. “A Bocconi tem fortes conexões com a comunidade econômica na Itália e na Europa, inclusive com marcas que construíram histórias globais, como Prada, Gucci, Ferrari, Fiat, além de corporações francesas, alemãs, espanholas, britânicas, árabes e chinesas”, explica o decano da universidade italiana Enzo Baglieri. Os alunos visitam esses ambientes de negócio ou têm contato com representantes dessas marcas em palestras no campus. “Nosso corpo docente tem gente de 40 nacionalidades diferentes, pois queremos proporcionar uma visão internacional ampla a nossos alunos.”

Reportagem original publicada na edição 134 da Forbes, lançada em setembro de 2025.

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