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Por que o Tédio é um Perigo Oculto no Ambiente de Trabalho

Redação Informe 360

Publicado

no

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

Em média, sete a cada dez brasileiros estão desengajados no trabalho, segundo relatório da consultoria global Gallup. A falta de tarefas significativas e desafiadoras no trabalho ganhou nome: “síndrome do tédio extremo”, ou “boreout” — apesar do nome, bem distante do burnout, doença ocupacional caracterizada pelo esgotamento causado pelo excesso de demandas de trabalho.

Quem enfrenta o boreout não está sobrecarregado, mas sim desmotivado, desengajado e, aos poucos, se desconectando do trabalho. Esse estado pode comprometer a saúde mental e física, afetar o clima organizacional, reduzir o engajamento da equipe e, como consequência, impactar negativamente os resultados da empresa.

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Como identificar a “síndrome do tédio extremo”

Ironicamente, os sintomas do boreout se assemelham aos descritos pela Organização Mundial da Saúde para o burnout: sensação de exaustão, fadiga, distanciamento mental do trabalho, sentimentos de negatividade ou cinismo e baixa eficácia profissional.

Estar na mesma função com as mesmas responsabilidades por um longo período, não enxergar oportunidades claras de crescimento ou ter poucas interações sociais com colegas são alguns dos fatores que contribuem para o boreout, segundo Karishma Patel Buford, diretora de pessoas da Spring Health, plataforma de saúde mental personalizada para empresas. “O boreout também pode surgir quando a companhia não oferece aos funcionários condições para ter sucesso ou não cria um ambiente de trabalho envolvente e empolgante.”

Esse quadro não é inédito. O termo foi cunhado em 2007 no livro “Diagnose Boreout“, dos consultores suíços Peter Werder e Philippe Rothlin. Historicamente, a condição está associada a tarefas monótonas e repetitivas, como em linhas de montagem, ou a cargos em que os colaboradores se sentem desvalorizados, não reconhecidos ou em funções sem propósito, significado ou interesse.

Desconexão com o trabalho

Annie Rosencrans, diretora de pessoas e cultura da HiBob, plataforma de RH focada em automação e engajamento de equipes, vê o boreout como um sintoma da desconexão de profissionais com o trabalho. “Não é segredo que vivemos uma crise de desengajamento dos funcionários”, afirma. “Enquanto alguns casos começaram com o burnout, agora vemos o problema ‘oposto’ ganhar força com o boreout.”

Os reflexos negativos podem ser vistos nos índices de bem-estar e satisfação de profissionais no ambiente corporativo. Segundo um relatório global da Gallup de 2024, um em cada cinco funcionários no mundo se sente sozinho no trabalho. Só no Brasil, 25% dos profissionais afirmam estar tristes e 46% sentem estresse diariamente.

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Joe Galvin, diretor de pesquisas da Vistage, rede global de mentoria focada em liderança e crescimento empresarial, considera o boreout um precursor do quiet quitting, ou demissão silenciosa — quando o funcionário se desliga mental e emocionalmente do trabalho, fazendo apenas o mínimo necessário para se manter no cargo. “O termo descreve profissionais desmotivados após um longo período sem desafios ou estímulos no trabalho.”

Jason Helfrich, cofundador da 100% Chiropractic, rede de clínicas quiropráticas nos EUA, afirma que o boreout está relacionado com a reação da geração mais jovem às exigências de retorno ao escritório. “Sentimentos de tédio, apatia, frustração, desesperança e desvalorização são reais, embora nem sempre sejam culpa do empregador — pelo menos não em todos os casos.”

O antídoto das empresas para o boreout

A executiva da HiBob argumenta que os riscos do boreout não se limitam à perda de produtividade ou de criatividade. Eles também envolvem a falta de uma cultura baseada em colaboração e conexão. “Como líderes e gestores, temos a obrigação de promover esse tipo de cultura na empresa e nas equipes”, afirma. “E como funcionários, é importante se posicionar e aproveitar ao máximo o ambiente de trabalho para encontrar propósito e satisfação na função.”

Ilya Trakhtenberg, diretor e sócio da L.E.K. Consulting, consultoria global especializada em crescimento corporativo, e coautor do livro para líderes “Predictable Winners”, aponta uma relação direta entre boreout e inovação. “O boreout reduz a capacidade de inovação de uma organização, e a baixa inovação aumenta o boreout”, afirma. “O oposto também é verdadeiro — uma cultura de inovação reduz o boreout, aumenta o engajamento e impulsiona o sucesso.”

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Seu coautor, Stuart Jackson, vice-presidente da L.E.K. Consulting, complementa: “Um antídoto poderoso contra o boreout é colocar as pessoas em equipes nas quais possam experimentar, inovar e crescer. Uma empresa em crescimento é sempre mais energizada do que uma estagnada.” O executivo encoraja as companhias a criarem uma cultura que valorize e incentive a experimentação como base para a inovação e o desenvolvimento.

Buford, diretora de pessoas da SpringHealth, afirma que é responsabilidade dos líderes promover um ambiente que favoreça o crescimento profissional e pessoal dos funcionários. “Isso significa criar oportunidades de conexão significativa, reduzir o isolamento e incentivar a vivência de novas experiências.”

A executiva destaca que, para colocar as estratégias em prática, as empresas podem adotar programas de mentoria, trabalho em escritórios diferentes, treinamentos entre departamentos, participação em conferências ou outras iniciativas voltadas para o desenvolvimento. “Essa nova tendência também reforça a importância do apoio à saúde mental no ambiente de trabalho.”

Como os funcionários podem evitar a síndrome do tédio extremo

Embora os líderes devam oferecer um ambiente acolhedor, com tarefas relevantes, reconhecimento e possibilidade de avanço, também cabe ao colaborador buscar motivação interna, inspiração e oportunidades — enfrentando desafios, lidando com conflitos e aproveitando a energia coletiva do trabalho em equipe.

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“Se você perceber que está começando a se desligar do trabalho devido ao boreout, busque oportunidades de conexão e reencontro com o seu propósito”, orienta Rosencrans, diretora de pessoas e cultura da HiBob. “Isso pode significar pedir novas mentorias, marcar reuniões individuais com líderes para discutir crescimento fora das avaliações formais, ir ao escritório para colaborar com outros times ou buscar treinamentos e novas experiências.” A executiva também reconhece que as pessoas querem se sentir animadas, engajadas e estimuladas pelo trabalho — tanto intelectual quanto socialmente.

Mas se você está se desconectando, perdendo o desejo de crescer ou o apreço pela sua função, talvez esteja enfrentando esse quadro. Helfrich recomenda olhar para dentro e refletir sobre o que te motivaria a dar o melhor de si. Em seguida, alinhe suas metas com seu gestor e identifique o “porquê” por trás delas. “Questione por que você escolheu esse trabalho, faça as mudanças necessárias ou busque uma função que traga realização pessoal.”

*Bryan Robinson é colaborador da Forbes US. Ele é autor de 40 livros de não-ficção traduzidos para 15 idiomas. Também é professor emérito da Universidade da Carolina do Norte, onde conduziu os primeiros estudos sobre filhos de workaholics e os efeitos do trabalho no casamento.

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Programas de Trainee: Saiba Como se Destacar na Seleção

Redação Informe 360

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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

Ainda é tempo de se inscrever para os processos de seleção de trainees em algumas das maiores empresas no Brasil. No segundo semestre, diversas empresas abrem programas para atrair jovens talentos em início de carreira. Apenas em julho, a plataforma de empregos Infojobs registrou a abertura de mais de mil vagas de trainee. Entre as companhias com processos seletivos abertos atualmente estão Ambev, SulAmérica e Kraft Heinz.

As oportunidades abrangem diversas regiões do país, com salários que podem chegar a R$ 9 mil. Os programas também oferecem benefícios como assistência médica e odontológica, participação nos lucros, horários flexíveis e acesso a programas de bem-estar e saúde mental, como academia e terapia.

Como funciona um programa de trainee

Como são a principal porta de entrada para muitas companhias, os processos são concorridos e é necessário se preparar – da inscrição à entrevista. Em um programa de trainee, o profissional passa por diferentes áreas em um prazo de um ou dois anos. A ideia é que ele conheça a fundo a empresa e seus setores, tenha contato com diferentes profissionais e lideranças e que os mais bem avaliados permaneçam na companhia.

Entre os pré-requisitos mais comuns para participar dos processos seletivos em aberto estão formação superior concluída ou em andamento (com conclusão entre 2023 e 2025, a depender da empresa), domínio intermediário ou avançado de inglês, disponibilidade para viagens e experiência profissional de até dois anos após a graduação. Algumas companhias também pedem disponibilidade para mudança de cidade e para atuar no modelo presencial.

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Abaixo, veja como se inscrever nas vagas de trainee e confira as dicas de executivos ouvidos pela Forbes para se destacar nos processos seletivos e garantir a sonhada vaga.

Empresas com vagas de trainee:

Shopee: inscrições aqui até 4 de setembro;

Ambev: inscrições aqui até 8 de setembro;

Saint-Gobain Brasil: inscrições aqui até 16 de setembro;

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Kraft Heinz Brasil: inscrições aqui até 18 de setembro;

Rede D’Or e SulAmérica: inscrições aqui até 22 de setembro;

Obramax: inscrições aqui até 22 de setembro;

Ausenco: inscrições aqui até 30 de setembro.

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Dicas para garantir uma vaga de trainee

Demonstre protagonismo

Autenticidade, visão de futuro e conexão com propósito estão no topo da lista do que grandes empresas esperam de seus trainees. Na Ambev, que tem um dos programas mais concorridos do país, a régua é clara: a empresa procura protagonistas. “Os trainees chegam liderando projetos e tomando decisões reais”, explica João Vitor Marinho, diretor de Atração e Desenvolvimento de Pessoas. O executivo acrescenta que, além da visão 360º do negócio, pesa a ambição de assumir responsabilidades desde o início.

Tenha visão ampla e voltada ao negócio

Renato Luzzi, diretor de Pessoas, Mobilidade e Logística da SulAmérica, explica que o diferencial buscado pela empresa está em candidatos capazes de enxergar o todo. “Não buscamos apenas bons executores, mas profissionais com potencial para se tornarem líderes com visão ampla e integrada do negócio”, diz. Segundo ele, características como curiosidade, empatia e habilidade de construir pontes entre áreas pesam tanto quanto raciocínio lógico.

Seja curioso e colaborativo

Para Gustavo Siqueira, vice-presidente de RH da Saint-Gobain para a América Latina, a inovação nasce da pluralidade de ideias, e, por isso, a empresa procura pessoas curiosas, corajosas e colaborativas. “Queremos alguém que combine propósito com ação, transformando boas ideias em resultados concretos.”

Questione

Não há respostas certas ou perfis ideais no processo seletivo da Kraft Heinz. “Queremos aqueles que sabem ouvir, mas também questionar”, afirma Carol Dias, diretora de People e Performance da companhia. Para ela, o processo é uma via de mão dupla: “Enquanto se prepara, pergunte-se também se essa é a jornada que você quer viver”.

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Prepare-se e estude a empresa

Mesmo com estilos distintos, os líderes concordam em um ponto: preparação é fundamental, mas autenticidade faz a diferença. “Conecte suas experiências aos valores da empresa. Durante as dinâmicas, é essencial demonstrar colaboração e escuta ativa”, aconselha Siqueira. Estuda e conhecer o setor também é indispensável. “Se destacam os candidatos que trazem uma perspectiva informada e crítica, indo além do que está na superfície do site institucional”, afirma Luzzi, da SulAmérica.

Para Carol Dias, vulnerabilidade também pode ser uma virtude: “Não se preocupe em ter todas as respostas. Mostre curiosidade genuína, resiliência diante de desafios e transparência sobre seus sonhos, mesmo os que parecem grandes demais.”

O que define a etapa final

Alguns pontos negativos durante o processo seletivo tendem a se repetir e podem custar a vaga. Entre os mais comuns, os executivos citam superficialidade e falta de preparo. “Respostas genéricas, sem conexão real com o negócio, ou a tentativa de se encaixar em um perfil que não corresponde à própria autenticidade, são sinais de alerta”, afirma Siqueira. “O foco excessivo no ‘eu’, em detrimento do ‘nós’, demonstra imaturidade. O verdadeiro protagonista é aquele que eleva o nível da discussão em equipe”, diz Luzzi.

Na etapa final, o que separa os aprovados é a clareza de propósito e a presença executiva. “O diferencial está em demonstrar protagonismo e senso de empreendedorismo, sem abrir mão da humildade para aprender”, resume Siqueira. Para Luzzi, a paixão também um filtro importante: “Conquista a vaga quem nos convence de seu alinhamento de propósito e do impacto que deseja gerar na vida das pessoas.”

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As dicas se confirmam no olhar externo da Korn Ferry, consultoria especializada em recrutamento e processos seletivos. “Na fase final, todos têm alta capacidade técnica. O que define é a confiança, serenidade e clareza de propósito. Presença executiva é decisiva para conquistar a vaga”, afirma Aline Riccio, vice-presidente comercial de RPO & Projetos de Recrutamento.

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Atlas Schindler Tem Nova CTO na América Latina

Redação Informe 360

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A Atlas Schindler anunciou uma nova CTO nesta terça-feira (2). Thaize Schmitz assumiu a liderança de tecnologia do grupo na América Latina em julho deste ano.

Com passagens por empresas como Embraco e Tigre nas áreas de inovação, pesquisa e desenvolvimento e engenharia, a executiva soma mais de 20 anos de experiência no setor industrial.

Formada em Engenharia Mecânica pela Universidade da Região de Joinville e pós-graduada em Gestão de Projetos pelo Centro Universitário Católica de Santa Catarina, Thaize terá sua base no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Londrina (PR).

A executiva sucede a Humberto Ebram, executivo que está há mais de 14 anos na companhia e passa a ocupar o cargo de CTO no Centro de P&D do Grupo Schindler na China.

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Nestlé Demite CEO por Relacionamento Amoroso com Subordinada

Redação Informe 360

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A Nestlé demitiu seu presidente-executivo, Laurent Freixe, após uma violação do código de conduta da companhia, informou a empresa nesta segunda-feira (1), nomeando como sucessor no cargo Philipp Navratil, que até então era CEO da Nespresso.

A Nestlé disse que a saída de Freixe ocorre após uma investigação supervisionada pelo presidente do conselho, Paul Bulcke, e pelo diretor independente Pablo Isla sobre um relacionamento amoroso não público com uma subordinada direta, o que viola o código de conduta da empresa. “Esta foi uma decisão necessária”, disse Bulcke em um comunicado. “Os valores e a governança da Nestlé são fortes alicerces de nossa empresa. Agradeço à Laurent por seus anos de serviço.”

Freixe, um veterano com mais de 18 anos de Nestlé, assumiu o cargo de presidente-executivo em setembro do ano passado, após a companhia demitir seu antecessor, Mark Schneider.

Quem é o novo CEO da Nestlé

Navratil, o novo CEO, iniciou sua carreira na Nestlé em 2001 como auditor interno. Após ocupar vários cargos comerciais na América Central, ele foi nomeado country manager da Nestlé Honduras em 2009.

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Em 2013, assumiu a liderança do negócio de café e bebidas no México e fez a transição para a unidade de negócios estratégicos de café da Nestlé em 2020. Passou a liderar a Nespresso em julho de 2024 e entrou para o conselho executivo da Nestlé em 1º de janeiro deste ano.

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