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Passa muito tempo sentado trabalhando? Isso pode reduzir sua expectativa de vida, mostram estudos

Redação Informe 360

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mulher trabalho remoto
Getty Images

A maioria dos profissionais em modelo de trabalho remoto reduz a mobilidade e muitos quase nunca saem de casa, o que traz riscos à saúde física e mental

Ficar o dia todo atrás de um computador faz parte da rotina de muitos profissionais. Mas evidências mostram que ficar sentado por muito tempo é um dos maiores riscos à saúde.

Um estudo disponível na Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos mostra que metade dos adultos norte-americanos passa mais de 9,5 horas por dia sentada – incluindo mais de 80% do seu tempo de lazer –, seja no carro, em uma mesa ou em frente a uma tela.

Uma pesquisa com 2.000 trabalhadores remotos e híbridos descobriu que 60% das pessoas afirmam que reduziram a sua mobilidade em mais de 50% trabalhando remotamente.

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O trabalhador remoto percorre, em média, apenas 16 passos da cama até o seu espaço de trabalho. Num típico dia de trabalho remoto, um em cada três trabalhadores fica sentado o dia inteiro e 63% caminha apenas para ir ao banheiro ou à cozinha. Além disso, 24% nunca saem de casa. Quase metade de todos os trabalhadores remotos estimam que dão menos de 1.000 passos durante o horário de trabalho, apesar dos 8.000 passos por dia recomendados por especialistas de saúde. E 50% relatam um aumento de dor na lombar, 48% de dor nos ombros e 52% na fadiga ocular.

Qual o problema?

O corpo humano não foi projetado para ficar sentado por longos períodos de tempo. Isso reduz o fluxo sanguíneo e de oxigênio, causa ganho de peso e leva a doenças cardíacas e diabetes tipo 2. Estudos também mostram que ficar preso à mesa de trabalho pode ser tão ruim quanto fumar e, na verdade, reduz sua expectativa de vida, com um risco 80% maior de morrer de doenças cardiovasculares. Além disso, aumenta o risco de demência para adultos com mais de 60 anos que ficam sentados por mais de 10 horas por dia.

De acordo com um estudo da Sociedade Americana contra o Câncer, as mulheres que ficavam sentadas mais de seis horas por dia tinham 34% mais probabilidade de morrer do que aquelas que eram mais ativas. Para os homens, a chance é 18% maior.

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Movimento é o melhor remédio

Por outro lado, o Colégio Americano de Medicina Esportiva relata que os trabalhadores que se exercitam por um mínimo de 45 minutos por semana tiram de 25% a 50% menos dias de licença médica. E cientistas britânicos apontam que pessoas de meia-idade que se exercitam pelo menos duas vezes por semana têm 60% menos probabilidade de desenvolver Alzheimer do que os sedentários.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda atividades físicas tanto durante os momentos de lazer quanto no trabalho para melhorar e manter uma boa saúde e bem-estar. O exercício regular reduz o risco de desenvolver ansiedade em quase 60%. Se você não tem tempo de ir à academia, pratique exercícios suaves entre os compromissos em sua mesa. Especialistas dizem que apenas ficar de pé ou dar uma volta por alguns minutos pode ajudar.

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Aqui estão alguns exemplos de como você pode se movimentar no dia de trabalho e melhorar sua saúde física e mental:






O segredo é se mexer. Fique de pé, ande, corra, dance, alongue-se. A chave para manter a saúde e a longevidade no trabalho não está na cadeira do escritório.

 

*Bryan Robinson é colaborador da Forbes US. Ele é autor de 40 livros de não-ficção traduzidos para 15 idiomas. Também é professor emérito da Universidade da Carolina do Norte, onde conduziu os primeiros estudos sobre filhos de workaholics e os efeitos do trabalho no casamento.

(Traduzido por Fernanda Almeida).

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Negócios

Como Diretor de Fotografia Brasileiro Chegou à Série de Harry Potter

Redação Informe 360

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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

A primeira foto do ator Dominic McLaughlin caracterizado como o personagem Harry Potter para a nova série da HBO Max viralizou recentemente, especialmente no Brasil. Mas o motivo não foi óbvio: na imagem, o artista aparecia segurando uma claquete com o nome do diretor de fotografia da produção, até então não revelado: o brasileiro Adriano Goldman. “Considero um privilégio fazer parte disso. É um gênero novo para mim – nunca havia trabalhado com fantasia –, então estou aprendendo bastante, mas é um processo fascinante.”

Responsável pela direção de fotografia de grandes projetos internacionais, como “The Crown”, da Netflix, e “Andor”, série do universo de Star Wars, do Disney+, o fotógrafo já venceu dois Emmys, um BAFTA e um prêmio da ASC (American Society of Cinematographers) ao longo dos mais de 30 anos de carreira no cinema. “Foi (e continua sendo) muito trabalho. Muitas horas da minha vida foram passadas em sets de filmagem, viagens e produções intensas”, conta. “Por isso, embora eu considere um grande privilégio tudo o que está acontecendo hoje, também tenho plena consciência de que trabalhei bastante para chegar até aqui.”

O trabalho por trás das câmeras

Na nova série de Harry Potter, Goldman é o diretor de fotografia principal, responsável por dirigir quatro dos oito episódios da primeira temporada, incluindo o primeiro e o último. “Essa primeira temporada, em especial, é monumental, porque precisa estabelecer todo um universo: cenários que devem durar muitos anos, tudo sendo criado agora.”

O fotógrafo participou das 18 semanas de pré-produção, trabalhando em decisões visuais e conceituais. Agora, durante as filmagens, lidera uma equipe de mais de 100 profissionais e decide o que entra na câmera. “Meu jeito de trabalhar envolve uma postura no set e o gerenciamento eficiente do tempo”, conta. “Não se trata apenas de estética, mas de garantir que tudo funcione e que a engrenagem continue girando.”

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“A fotografia não está isolada do resto – a série como um todo precisa funcionar.”
Adriano Goldman

Com grandes produções nacionais e internacionais no currículo, Goldman começou a carreira nos bastidores da televisão, enquanto estudava jornalismo. Trabalhou como assistente de direção até se encontrar na direção de fotografia, apesar da paixão pelo ofício desde a adolescência. “Queria contar histórias em outras línguas e sonhava em ir para Los Angeles. Passei a assistir muito cinema, estudei intensamente e comecei a entender quem era quem dentro dos filmes.”

A seguir, confira destaques da entrevista com o diretor de fotografia da série de Harry Potter, Adriano Goldman.

Forbes: Como a direção de fotografia da série de “Harry Potter” chegou até você?

Adriano Goldman: “The Crown” me deu a oportunidade de trabalhar com diferentes diretores e produtores ao longo das temporadas. O Mark Mylod, diretor da série de “Harry Potter”, comentou que gostava muito de “The Crown” e que queria que essa nova versão de “Harry Potter” tivesse uma abordagem mais realista. Tivemos duas conversas por Zoom no ano passado, enquanto eu estava em Budapeste, filmando um projeto para a Netflix. A conversa foi excelente e nos conectamos bem. Depois disso, me ofereceram a série.

Não sou o único diretor de fotografia — são oito episódios e três diretores de fotografia, além da segunda unidade [equipe secundária]. Mas atuo como lead photographer, o diretor de fotografia principal, porque faço os dois primeiros episódios e o último. No total, quatro dos oito episódios.

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A série começou a ser filmada agora, mas você também trabalhou na pré-produção. Como foi esse processo?

A pré-produção durou 18 semanas e, durante esse período, há apenas um diretor de fotografia envolvido. Os diretores de fotografia e arte funcionam como os braços esquerdo e direito do diretor. Nessa etapa, todas as decisões visuais e conceituais passam principalmente por esse trio e suas respectivas equipes.

Esse projeto, especificamente, não é baseado apenas em locações, há muitos cenários construídos, mas também locações reais. Toda a pesquisa, visita e aprovação dessas locações faz parte do processo. Paralelamente, o departamento de arte produz plantas, maquetes e os chamados concept drawings, que são esboços ou quadros que podem inspirar um tom ou servir como ponto de partida para discussões visuais. As decisões sobre cor, composição, atmosfera – tudo isso é discutido intensamente na pré-produção.

Essa é a parte que considero mais gratificante: colaborar desde a origem do projeto. Isso não é comum na carreira de um diretor de fotografia. Em longas-metragens, normalmente você recebe o roteiro, tem um período de pré-produção, filma e encerra sua participação. É um processo que também gosto muito e pretendo continuar fazendo, mas essa preparação extensa, essa elaboração conjunta do conteúdo visual, que também envolve figurino e maquiagem, permite uma colaboração mais ampla entre profissionais talentosos de várias áreas.

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Agora, durante as filmagens, como funciona seu trabalho no dia a dia?

Quando as filmagens começam, as locações já foram definidas. Muitas vezes, recebo essas locações já modificadas conforme o planejamento. Por exemplo, visitei uma lanchonete que originalmente era verde, e sabia que ela seria alterada para amarelo. Quando cheguei, ela já estava transformada, com toda a ambientação pronta.

A partir daí, posiciono luzes, câmeras, defino lentes e discuto os movimentos de câmera. Se pensarmos numa sequência simples – os personagens entram na lanchonete, conversam e saem –, é necessário decidir quantos planos ou tomadas serão usados para essa pequena cena. Qual o objetivo dramático da sequência? Essas questões são discutidas constantemente com o diretor. Essa é a essência da colaboração entre o fotógrafo e o diretor.

Além disso, existe um trabalho enorme de gerenciamento. Trata-se de uma operação muito grande, com 300, 400, até 500 pessoas envolvidas. A minha equipe, que inclui câmera, movimento de câmera e elétrica, é composta por cerca de 100 a 120 pessoas. Tenho o apoio de outros profissionais, mas sou responsável por liderar essa estrutura.

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Falando em termos técnicos, lidero as equipes de câmera e equipamento de câmera, grip e rigging (maquinaria), além da equipe de elétrica e seus equipamentos. É um processo que exige muita organização e não pode haver erros.

O tempo também é um fator crucial, especialmente quando se trabalha com crianças, cujo tempo permitido em set é bastante limitado. O gerenciamento de tempo é uma das partes mais importantes do meu trabalho. Sei, desde o início, que não terei todo o tempo que gostaria, e aceito isso ao entrar em um projeto desse porte.

Por isso, a fase de pré-produção é essencial: preciso garantir que, ao chegar ao set, haja uma infraestrutura preparada que me permita trabalhar com rapidez e eficiência, mas também com espaço para a elaboração artística.

Adriano Goldman
Gordon Segrove

Goldman foi responsável pela fotografia de longas nacionais como “O ano em que meus pais saíram de férias” e “Xingu”

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O que você pode adiantar do seu trabalho na série?

Tenho uma relação especial com a cor. Considero que essa série precisa ser mais vibrante do ponto de vista global da imagem. Gosto da ideia de que meu trabalho inspirou o Mark Millar – tanto em “The Crown” quanto em “Andor”, que, apesar de ser uma ficção científica, tem um tratamento visual mais realista.

Esse meu jeito de trabalhar envolve não apenas um olhar específico, mas também uma postura no set e um gerenciamento eficiente do tempo. É assim que eles me enxergam profissionalmente. Não se trata apenas de estética, mas de garantir que tudo funcione e que a engrenagem continue girando.

Tenho muito orgulho de ter construído essa reputação e trabalhei bastante para isso. Acho interessante ser reconhecido como alguém rápido no set, mas é preciso cuidado: quanto mais rápido você é, mais esperam que você continue sendo. Por isso, é importante ser estratégico e encontrar formas de conquistar o tempo necessário para a elaboração artística.

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Quais são os maiores aprendizados ao participar de um projeto dessa escala?

Há muito pouco glamour no meu trabalho. Muitas pessoas ainda associam o cinema a algo glamouroso, mas, nessa escala de produção, isso passa longe da realidade. Para se ter uma ideia, construíram uma escola para as crianças que serão educadas dentro dessa estrutura nos próximos oito, nove ou dez anos. Essa primeira temporada, em especial, é monumental porque precisa estabelecer todo um universo: cenários que devem durar muitos anos, tudo sendo criado agora.

Considero um privilégio fazer parte disso. É um gênero novo para mim – nunca havia trabalhado com fantasia e magia –, então estou aprendendo bastante, inclusive sobre efeitos especiais. Muitas das soluções que buscamos são realizadas em câmera, e não com computação gráfica. Durante a pré-produção, tivemos discussões muito ricas sobre o que pode ser feito com elementos fotoquímicos, o que pode ser representado visualmente e o que se transforma em magia a partir de elementos da natureza. Foi um processo fascinante. Mas, quanto ao restante, permanece em segredo.

Como é liderar uma equipe como diretor de fotografia?

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Existe um jeito de trabalhar que aprendi no início da carreira, que entendo hoje como um conceito: a fotografia não está isolada do resto. O filme como um todo precisa funcionar. Tudo tem que ficar bom, em conjunto. Então, minha vaidade como diretor de fotografia não está acima da colaboração com o projeto como um todo.

Eu participo de tudo: movo equipamentos, arrasto cadeiras, espalho folhas secas no chão, pinto o que for possível. Estou sempre envolvido em todos os aspectos visuais. Acredito que isso também é valorizado. Minha relação com o trabalho não é burocrática, é afetiva. Gosto do que faço.

Adriano Goldman harry potter
Gordon Segrove

Brasileiro conta como lidou com os desafios de trabalhar fora do Brasil: “Debater em outro idioma é complexo”

Hollywood costuma ser o destino mais visado por quem quer trabalhar com cinema. Como sua trajetória acabou te levando a Londres?

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Venho trabalhando na Inglaterra desde 2010, quando fiz “Jane Eyre”, meu primeiro longa com o diretor Cary Fukunaga. Na época, ainda vivia no Brasil, e Los Angeles parecia ser o destino natural para quem aspirava a uma carreira no cinema, especialmente para brasileiros. Dei sorte: antes disso, havia feito um filme no México, depois vim para esse projeto aqui, e já tinha trabalhado também nos Estados Unidos.

Mas, quando finalmente comecei a trabalhar em Londres, mudei um pouco meu direcionamento em termos de quais dessas indústrias ou polos criativos eu achava mais adequado para mim. Gostei muito de Londres e, a partir daí, comecei a voltar com frequência.

Em 2013, fiz um filme no Brasil com o diretor Stephen Daldry, que sempre admirei por “Billy Elliot”. Quando ele voltou ao Brasil para lançar o filme, eu já tinha ouvido falar de uma série que ele estava desenvolvendo com o roteirista Peter Morgan – que eu também conhecia por já ter feito o filme “360” com o Fernando Meirelles. Falei que estava interessado em trabalhar como Daldry novamente e ele respondeu: “Ah, se você quiser fazer a série, é sua.” Na época, o projeto ainda estava em desenvolvimento; era “The Crown”.

Comecei a trabalhar na série em 2015 e fui ficando na Inglaterra entre as temporadas. Ainda consegui fazer mais dois filmes diferentes e também participei da primeira temporada de “Andor”.

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Londres acabou se tornando o lugar onde me sinto mais à vontade profissionalmente. Desde 2010, vi essa indústria crescer muito, não apenas pela quantidade de projetos que vêm para cá, mas também pela infraestrutura. Existem diversos estúdios em construção e expansão neste momento, inclusive os da Warner Bros., onde estou trabalhando.

Sempre esteve nos seus planos seguir uma carreira internacional?

Acredito que tudo começou no ano em que assisti a dois filmes que me marcaram profundamente como cinéfilo: “Blade Runner” e “Paris, Texas”. Fiquei completamente impactado com a amplitude de gênero e possibilidades que percebi naquela forma de arte.

A partir dali, quis contar histórias em outras línguas e sonhava em ir para Los Angeles. Passei a assistir muito cinema, estudei intensamente e comecei a entender quem era quem dentro das produções. Isso influenciou diretamente minhas escolhas: na época das locadoras, eu buscava os filmes no formato VHS com base em quem havia assinado a fotografia. Se eu gostava de um filme específico, procurava acompanhar a carreira daquele diretor de fotografia, muitas vezes mais do que a do próprio diretor.

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Foi (e continua sendo) muito trabalho. Realmente muitas horas da minha vida foram passadas em sets de filmagem, em viagens, em produções intensas. Por isso, embora eu considere um grande privilégio tudo o que está acontecendo hoje, também tenho plena consciência de que trabalhei bastante para chegar até aqui.

Quais foram os momentos mais marcantes da sua carreira?

Com certeza foram os filmes brasileiros que fiz e que adoro profundamente, como “O ano em que meus pais saíram de férias”, “Xingu” e “Dos Homens”, além de tantos outros projetos realizados com grandes amigos dos estúdios da Conspiração e da O2.

Mas “Sin Nombre”, que fiz em 2007, foi realmente um divisor de águas. A partir desse filme, comecei a acreditar que poderia ter uma carreira internacional. Logo após o longa, passei a ter uma agente (a mesma com quem trabalho até hoje), e isso também me ajudou bastante. Esse filme me rendeu um prêmio no Festival de Cinema de Sundance, então comecei com o pé direito.

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O primeiro episódio de “The Crown” que dirigi mudou muita coisa na minha carreira. Os episódios que fotografei e que ganharam prêmios também foram especiais – em particular o episódio “Beryl”, da segunda temporada, pelo qual recebi um Emmy, um BAFTA e um prêmio da ASC (American Society of Cinematographers), todos no mesmo ano.

Adriano Goldman harry potter
Gordon Segrove

Adriano Goldman lidera uma equipe de cerca de 100 pessoas na produção da nova série

Quais foram os maiores desafios que você enfrentou ao longo da carreira?

No início, foi difícil entender que falar inglês é uma coisa, mas discordar conceitualmente e debater em outro idioma é algo mais complexo. Essa articulação levou um tempo para se desenvolver.

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Ao mesmo tempo em que eu enfrentava essas dificuldades, fiquei muito focado e determinado a superar esses desafios. Queria que minha opinião fosse ouvida e validada, e busquei ter confiança de que estava expressando minhas ideias de maneira clara e compreensível.

O sotaque é algo que no início parece importar – e, em alguns momentos, você realmente sente que importa. Eu trabalho com uma equipe formada por ingleses, um australiano e um escocês. Entre eles, eu sou a pessoa com sotaque.

Ainda há a questão de como se impor. No meu trabalho, ocupo a posição de Head of Department. É um cargo que exige bastante exposição. Minha voz precisa ser ouvida diversas vezes ao longo do dia, de forma clara e firme. E isso, de fato, não é fácil. Mas fui avançando aos poucos, e as coisas começaram a dar certo.

Como surgiu sua paixão pelo cinema?

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Meu pai era arquiteto e, em algum momento da adolescência, cheguei a querer seguir a mesma profissão. Depois, comecei a me interessar por oceanografia, porque adorava os documentários do Jacques Cousteau. Foi através deles que, pela primeira vez, percebi a existência de uma equipe por trás das imagens. Ele filmava a própria equipe pegando as câmeras, mergulhando, e então me dei conta: alguém está registrando tudo isso que gosto tanto de assistir.

Sempre gostei muito de cinema. Na mesma fase da adolescência, também fui muito cinéfilo. Frequentava a Mostra de Cinema de São Paulo e assistia a muitos filmes em casa, em VHS.

Acabei optando por cursar jornalismo, em vez de cinema, mas no terceiro ano da faculdade parei para começar a trabalhar na Olhar Eletrônico, uma produtora bastante efervescente de São Paulo, na década de 1980. A partir daí, entrei no universo da televisão e não parei mais.

Como começou sua carreira na direção de fotografia?

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Em 1996, voltei para o Brasil depois de trabalhar em um projeto em Portugal. Já atuava com televisão e fui para lá fazer uma sitcom. Quando retornei, a MTV estava em plena ascensão no Brasil e tomei uma decisão: não queria mais ser diretor, queria ser diretor de fotografia.

O caminho estava se desenhando para que eu me tornasse diretor, pois havia trabalhado na Olhar Eletrônico, tinha sido assistente de direção e já estava ganhando algum dinheiro com isso. Mas percebi que não era o que eu queria.
Então, ao voltar de Portugal, decidi seguir como diretor de fotografia. Comecei a fazer muitos videoclipes com uma geração de diretores da minha idade, com quem eu tinha bastante afinidade. Foi o melhor laboratório para um diretor de fotografia.

Como você avalia essa trajetória até aqui?

Acho que tive a sorte, e fiz a escolha certa, de seguir como diretor de fotografia, e não como diretor. O que mais gosto nessa função é poder trabalhar com tantas mentes criativas, com diretores diferentes, metodologias distintas, em lugares diversos. Isso enriquece muito a experiência.

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Tenho também a sorte enorme de contar com uma família que sempre compreendeu o fato de que eu viajaria muito. Sempre foram muito tolerantes e amorosos. Sempre tive um lugar para voltar. Hoje, todos estão comigo, morando em Londres.

O mercado audiovisual brasileiro tem crescido, com cada vez mais profissionais almejando trabalhar em grandes produções, inclusive fora do país. Que conselho você daria para quem quer seguir carreira como diretor de fotografia e conquistar espaço em projetos internacionais?

É fundamental gostar muito do que se faz, ler o roteiro com atenção e, de certa forma, entender que você é o seu próprio marketing. Sempre fui freelancer, e para mim o mais importante foi manter as portas abertas, fazer com que as pessoas queiram trabalhar com você novamente. A colaboração, na minha visão, é a melhor forma de sustentar relações dentro dessa indústria.

Sabemos que existem muitos casos de profissionais que são rudes, extremamente vaidosos e arrogantes: diretores de fotografia, diretores, atores. Não é o meu estilo. Tenho uma forma diferente de trabalhar.

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Quando me perguntam se há um segredo, não acho que exista uma fórmula única para todos. Mas acredito que ter paixão pelo que se faz, e entender o funcionamento da indústria, é essencial.

Ao longo da carreira, surgirão oportunidades para trabalhar em projetos mais autorais, menores ou maiores, nos quais a sua veia artística será mais requisitada. E, em outros casos, os fatores determinantes serão o tempo, o orçamento e a pressão do estúdio. Você pode decidir não participar desses projetos, é uma escolha. Eu já experimentei todos esses contextos, com a Netflix, com a Disney e, agora, com a Warner. Gosto da pressão, mas sei que não é algo que agrada a todo mundo.

Adriano Goldman harry potter
Gordon Segrove

Adriano Goldman em trabalhos anteriores

Você tem mais algum projeto ou sonho que pretende realizar nos próximos anos?

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Tenho amigos queridos com quem gostaria muito de filmar novamente. O Stephen Daldry, por exemplo, é um deles. Também o Fernando Meirelles e o Paulo Morelli, do Brasil, e o Ben Caron, com quem trabalhei em “The Crown” e com quem tive uma parceria muito boa.

Tenho vontade de fazer mais longas-metragens e séries por um tempo ainda. Mas acredito que o mais importante, neste momento, é poder contar boas histórias.

Faz sentido, agora, considerar a possibilidade de participar de mais uma ou duas temporadas de “Harry Potter”, o que, no total, representaria um compromisso de cerca de três anos. Existe a perspectiva de sete temporadas para a série. Não sei se estarei em todas, mas certamente há uma longa jornada pela frente. Vamos ver como as coisas se desenrolam.

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Vagas de Emprego em Aberto e Contratações nos EUA Diminuem em Junho

Redação Informe 360

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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

As vagas de emprego em aberto e as contratações nos Estados Unidos diminuíram em junho em meio a quedas acentuadas no setor de serviços de hospedagem e alimentação, apontando para uma desaceleração ainda maior na atividade do mercado de trabalho.

As vagas em aberto, uma medida da demanda de mão de obra, caíram em 275 mil, para 7,437 milhões no último dia de junho, informou o Departamento do Trabalho em sua pesquisa Jolts nesta terça-feira. Economistas consultados pela Reuters previam 7,50 milhões de empregos não preenchidos.

As contratações caíram em 261 mil, para 5,204 milhões, em junho. A incerteza sobre onde os níveis tarifários acabarão por se estabelecer deixou as empresas hesitantes em aumentar as contratações. Isso ficou evidente no alto número de pessoas que recebem auxílio-desemprego.

As vagas de emprego em serviços de alojamento e alimentação diminuíram em 308 mil, enquanto as contratações no setor caíram em 106.000. Esse setor tem sido um dos motores do crescimento do emprego.

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No entanto, os empregadores não estão demitindo trabalhadores em grande escala após as dificuldades de encontrar mão de obra durante e após a pandemia da Covid-19. As demissões caíram em 7 mil, para 1,604 milhão no mês passado.

Uma pesquisa da Reuters coam economistas aponta que o relatório de emprego do governo, a ser divulgado na sexta-feira, provavelmente mostrará que foram abertos 102.000 empregos fora do setor agrícola em julho, de 147.000 em junho. A previsão é de que a taxa de desemprego aumente para 4,2%, de 4,1% em junho.

Economistas preveem que o Federal Reserve vai manter sua taxa de juros de referência na faixa de 4,25% a 4,50% na quarta-feira, apesar da pressão do presidente Donald Trump para reduzir os custos dos empréstimos.

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7 Hábitos Silenciosos Que Prejudicam o Crescimento da Sua Carreira

Redação Informe 360

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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

Se você anda desanimado e com dificuldade para avançar na carreira, pode estar enfrentando o chamado “quiet cracking” – algo como uma “rachadura silenciosa”. O termo em inglês descreve um afastamento sutil do trabalho ou do empregador, sem que haja, necessariamente, uma demissão.

Uma pesquisa da plataforma de treinamentos corporativos TalentLMS, realizada em março de 2025 com mil profissionais nos Estados Unidos, revela que 54% já vivenciaram essa situação, e quase 1 em cada 5 afirma que isso ocorre com frequência.

Diferente do burnout e mais sorrateiro que o quiet quitting (quando o profissional faz apenas o mínimo necessário), o quiet cracking mina sua motivação silenciosamente, e pode, pouco a pouco, travar sua evolução profissional.

A seguir, entenda como identificar esses hábitos autossabotadores e agir antes que eles prejudiquem seu crescimento.

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O que é o Quiet Cracking?

Quiet cracking é o desgaste silencioso da satisfação no trabalho – uma sensação persistente de desconexão que, com o tempo, leva ao desengajamento. Diferente da exaustão do burnout ou da queda de desempenho do quiet quitting, ele enfraquece silenciosamente seu vínculo com o trabalho.

Segundo a pesquisa da TalentLMS, os profissionais que se identificam com esse comportamento são:

  • 29% menos propensos a receber treinamentos;
  • 47% mais propensos a dizer que seus gestores não os ouvem;
  • 68% menos propensos a se sentirem valorizados.

Esse ciclo cria um padrão difícil de quebrar e que limita as oportunidades de crescimento. O que o torna perigoso é justamente sua sutileza: você continua entregando o básico, mas já não se esforça além disso. Está presente, mas não engajado; contribui, mas já não lidera.

Por que a falta de motivação ameaça sua carreira

Promoções geralmente são destinadas a profissionais que demonstram liderança, iniciativa e pensamento estratégico, não apenas competência técnica. Gestores promovem quem está engajado, visível e contribui ativamente para o sucesso da organização.

Conforme você se afasta da empresa e de seu trabalho, acaba se tornando invisível para quem toma as decisões. Dispensa projetos desafiadores, ignora tarefas estratégicas e evita a colaboração. Esse afastamento pode ser interpretado como falta de interesse por novos desafios ou despreparo para mais responsabilidades.

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Com a queda de dois pontos percentuais no engajamento global em 2024 – o que gerou uma perda estimada de US$ 438 bilhões em produtividade, segundo a Gallup –, empresas estão focadas em promover profissionais capazes de reverter esse cenário.

7 hábitos que dificultam o crescimento na carreira

Veja os sete comportamentos mais comuns que podem prejudicar sua trajetória profissional:

1. Minimizar suas conquistas nas reuniões

Os gestores precisam enxergar seu impacto para poder defendê-lo. Por isso, diminuir suas contribuições em reuniões de equipe ou conversas sobre desempenho atrapalha suas chances de promoção. Quando você minimiza suas vitórias, apaga sua trajetória de sucesso da memória da liderança.

Dica: Pratique a autoafirmação com confiança. Reconheça suas entregas e demonstre entusiasmo pelo que vem pela frente. Ao falar de um projeto, diga algo como:

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“Queria destacar que minha análise de dados ajudou a impulsionar aqueles resultados no último trimestre. Estou animado para dar continuidade a esse trabalho.”

2. Evitar projetos desafiadores

Recusar projetos estratégicos, evitar apresentar para lideranças ou preferir ficar nos bastidores compromete diretamente seu potencial de promoção. É justamente nesses projetos que futuros líderes são identificados.

Dica: Busque ativamente oportunidades estratégicas e ambiciosas. Demonstre iniciativa e pensamento estratégico – dois atributos valorizados para quem busca crescer.

Quando surgir uma possibilidade, diga:

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“Gostaria de liderar a próxima fase desse projeto. Já pensei em como estruturá-lo.”

3. Guardar ideias ao invés de compartilhar

O perfeccionismo pode te levar a segurar ideias até que estejam “prontas demais”. Isso é prejudicial porque transmite uma imagem de profissional reativo, não proativo.

Dica: Compartilhe ideias desde o início. Diga algo como:

“Esse é um rascunho inicial da minha ideia. Quero muito ouvir sugestões para melhorá-la.”

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4. Fugir de desafios que assustam

Evitar projetos fora da sua zona de conforto é outro comportamento conservador que passa a mensagem de que você não está pronto para mais responsabilidades. Promoções envolvem risco e aprendizado. Se você foge disso, fecha portas.

Dica: Encare desafios como oportunidades de crescimento. Tente dizer:

“Isso é novo para mim, mas estou empolgado para aprender e assumir esse desafio.”

5. Evitar feedbacks ou conversas individuais

Quando você está desanimado com o trabalho ou a empresa, pode começar a fugir de reuniões de performance, ignorar one-on-ones ou temer feedbacks. Isso prejudica seu crescimento porque essas conversas são essenciais para alinhar expectativas e mostrar comprometimento.

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Dica: Busque feedback de forma proativa. Pergunte:

“Gostaria de ouvir sua opinião sobre meu desempenho recente. Podemos marcar um bate-papo rápido?”

6. Recusar oportunidades de networking

Esse comportamento aparece quando você se afasta de projetos entre departamentos, evita eventos da empresa ou recusa mentorias. A carreira raramente cresce apenas por mérito técnico – você precisa ser lembrado e reconhecido. Construir conexões abre muitas portas.

Dica: Amplie sua rede dizendo:

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“Adoraria conhecer melhor o trabalho da sua equipe. Podemos marcar um café?”

7. Não compartilhar seus objetivos de carreira com a liderança

O hábito mais prejudicial para o avanço na carreira é achar que sua ambição é “óbvia”. Não falar sobre suas metas trava qualquer plano de crescimento. Líderes não podem apoiar o que não sabem que você quer.

Dica: Tenha conversas claras sobre sua carreira. Diga:

“Estou feliz com meu progresso aqui e quero me preparar para o próximo passo. Que habilidades devo desenvolver para isso?”

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Busque ativamente sua próxima promoção

Tomar consciência dos hábitos que podem travar seu desenvolvimento profissional é o primeiro passo para mudar. Embora esses comportamentos possam parecer mecanismos de proteção, na prática, limitam sua visibilidade e seu potencial de desenvolvimento. A boa notícia é que todos eles podem ser revertidos com atitudes intencionais.

Busque visibilidade, aceite novos desafios e comunique seus objetivos. Sua próxima promoção pode depender justamente de identificar e corrigir esses comportamentos antes que eles afetem o rumo da sua carreira.

*Caroline Castrillon é colaboradora da Forbes USA. Ela é mentora de liderança corporativa e ajuda mulheres a lidar com mudanças em suas carreiras.

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