Saúde
Qual efeito de energéticos no corpo?

Os energéticos têm se tornado uma presença constante na vida moderna, especialmente para aqueles que buscam um aumento rápido de energia e foco. Seja para estudantes em época de provas, profissionais em jornadas de trabalho extensas ou atletas que precisam de um impulso extra, essas bebidas prometem uma solução quase mágica para o cansaço e a falta de concentração.
No entanto, é essencial entender os efeitos dos energéticos e como eles realmente afetam o corpo humano, os riscos associados ao seu consumo e se há alternativas mais seguras ou saudáveis.
O que são energéticos e como eles funcionam?
Os energéticos são bebidas projetadas para ter um efeito de aumentar temporariamente os níveis de energia e melhorar o desempenho mental e físico. A maioria contém uma combinação de ingredientes estimulantes, sendo a cafeína o componente principal, além de outros como taurina, guaraná, ginseng, vitaminas do complexo B e açúcar.
Cafeína: o principal ingrediente ativo
A cafeína é um estimulante do sistema nervoso central que bloqueia a adenosina, um neurotransmissor responsável por promover o sono. Ao fazer isso, a cafeína aumenta a liberação de outros neurotransmissores, como dopamina e norepinefrina, que elevam o estado de alerta e melhoram o humor.
Além disso, a cafeína pode aumentar a liberação de adrenalina, preparando o corpo para a resposta de “luta ou fuga”, que resulta em um aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial e do fluxo sanguíneo para os músculos.
Leia também:
- O que acontece com seu corpo se você beber pouca água?
- Quais os efeitos que viajar de avião pode causar no nosso corpo?
- Viciado em café? 6 sinais que podem indicar abstinência de cafeína
Outros ingredientes comuns em enegréticos
- Taurina: Um aminoácido que pode ajudar na regulação do volume celular e tem propriedades antioxidantes. Acredita-se que a taurina em combinação com a cafeína possa melhorar o desempenho atlético, mas mais pesquisas são necessárias para confirmar isso.
- Guaraná: Outra fonte natural de cafeína que pode potencializar os efeitos estimulantes.
- Ginseng: Uma erva que é frequentemente usada por suas propriedades antioxidantes e para aumentar a resistência física e mental.
- Vitaminas do Complexo B: Essas vitaminas ajudam na conversão de alimentos em energia, mas, em energéticos, sua eficácia é debatida, pois já são abundantes em uma dieta equilibrada.
- Açúcar: Embora forneça uma rápida fonte de energia, o açúcar em grandes quantidades pode levar a uma série de problemas de saúde, como ganho de peso, resistência à insulina e cáries dentárias.
Efeitos dos energéticos no corpo humano
O consumo de energéticos pode ter uma variedade de efeitos no corpo, tanto positivos quanto negativos. Vamos explorar esses efeitos com mais detalhes.
Benefícios Potenciais
- Aumento de energia e alerta mental: Devido à presença de cafeína, os energéticos podem aumentar temporariamente a energia e melhorar a concentração. Isso é particularmente útil em situações onde se precisa de um desempenho mental ou físico imediato, como durante longas sessões de estudo ou em competições esportivas.
- Melhora do desempenho físico: Alguns estudos sugerem que os energéticos podem aumentar a resistência e o desempenho físico em atividades de alta intensidade, graças à combinação de cafeína e taurina. No entanto, esse efeito pode variar de pessoa para pessoa.
- Aumento da motivação e do humor: A liberação de neurotransmissores como a dopamina pode levar a um aumento temporário do humor e da motivação, tornando as tarefas menos agradáveis mais toleráveis por um curto período.

Riscos e efeitos adversos
- Aumento da frequência cardíaca e pressão arterial: O consumo excessivo de cafeína pode causar um aumento da frequência cardíaca (taquicardia) e da pressão arterial, o que pode ser perigoso para pessoas com condições cardíacas preexistentes ou hipertensão.
- Problemas de sono: Os efeitos estimulantes da cafeína podem interferir no ciclo de sono, causando insônia ou reduzindo a qualidade do sono. Isso pode levar a um ciclo vicioso de dependência de cafeína para combater a fadiga diurna resultante.
- Ansiedade e nervosismo: Em doses elevadas, a cafeína pode causar efeitos colaterais como ansiedade, tremores e irritabilidade, devido à superestimulação do sistema nervoso central.
- Dependência e tolerância: O uso regular de energéticos pode levar à dependência de cafeína, onde o corpo se torna adaptado aos efeitos da substância e requer doses maiores para obter o mesmo efeito, resultando em um ciclo de consumo crescente.
- Efeitos negativos do açúcar: Muitos energéticos são carregados de açúcar, o que pode contribuir para o ganho de peso e aumentar o risco de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. O consumo regular de bebidas açucaradas está associado a efeitos negativos na saúde metabólica geral.
Quem deve evitar energéticos?
Embora os energéticos possam ser seguros para consumo ocasional em adultos saudáveis, existem grupos de pessoas que devem evitá-los completamente:
- Adolescentes e Crianças: O sistema nervoso em desenvolvimento é mais suscetível aos efeitos adversos da cafeína, tornando seu consumo em energéticos inadequado para esses grupos.
- Gestantes e Lactantes: A cafeína pode atravessar a placenta e também ser passada para o leite materno, potencialmente afetando o feto ou o bebê.
- Indivíduos com condições cardíacas: Pessoas com problemas cardíacos ou hipertensão devem evitar energéticos, devido ao risco de exacerbação de sintomas.
- Pessoas com ansiedade: Aqueles que sofrem de transtornos de ansiedade podem achar que a cafeína intensifica os sintomas de nervosismo e inquietação.
Alternativas mais saudáveis: existe um energético melhor?
Diante dos riscos associados ao consumo excessivo de energéticos, muitas pessoas buscam alternativas mais saudáveis. Entre as opções disponíveis, encontramos:
Energéticos sem açúcar
Energéticos sem açúcar ou com adoçantes artificiais são frequentemente comercializados como alternativas mais saudáveis. Embora removam os efeitos negativos do açúcar, esses energéticos ainda contêm altas doses de cafeína, o que pode apresentar problemas semelhantes.
Café e chá
O café e o chá são formas naturais e amplamente consumidas de cafeína que podem oferecer um impulso de energia sem os aditivos encontrados em energéticos. O chá verde, em particular, contém L-teanina, que pode ajudar a moderar os efeitos da cafeína e proporcionar um estado de alerta mais calmo.

Suplementos de cafeína em cápsulas
Para aqueles que procuram apenas os efeitos da cafeína sem outros aditivos, cápsulas de cafeína são uma alternativa prática. No entanto, é crucial seguir as recomendações de dosagem para evitar efeitos adversos.
Suplementos naturais
Ingredientes naturais como guaraná, ginseng e maca são alternativas populares, frequentemente encontradas em suplementos ou bebidas energéticas naturais. Esses ingredientes podem oferecer um aumento de energia com menos riscos associados à cafeína pura.
O consumo histórico de energéticos naturais
Embora as bebidas energéticas modernas sejam um fenômeno recente, a humanidade tem buscado formas de aumentar a energia e o estado de alerta há séculos. Três exemplos notáveis dessa busca histórica por estímulos naturais são o cacau, o café e o guaraná, que, em diferentes regiões e culturas, foram adotados por suas propriedades revigorantes e benefícios à saúde.
O cacau, originário das civilizações maias e astecas, era consumido em forma de bebida energética e reverenciado por seus efeitos estimulantes e afrodisíacos. Os antigos povos mesoamericanos acreditavam que o cacau era um presente divino e o utilizavam em cerimônias religiosas e como moeda de troca. O cacau é rico em teobromina, uma substância semelhante à cafeína, que proporciona um efeito energizante suave, além de ser uma excelente fonte de antioxidantes benéficos. Esses antioxidantes ajudam a combater os radicais livres no organismo, contribuindo para a saúde geral e o bem-estar.
Já o café, descoberto na Etiópia e popularizado no Oriente Médio, rapidamente se tornou uma das bebidas mais consumidas no mundo. Sua popularidade é atribuída não apenas ao seu sabor rico e estimulante, mas também aos seus efeitos energizantes.
O café é uma das principais fontes de cafeína na dieta moderna, e seu consumo está associado a um aumento do estado de alerta e concentração. Além disso, o café oferece uma série de antioxidantes que podem ter benefícios potenciais à saúde quando consumido com moderação, incluindo a redução do risco de certas doenças crônicas, como o diabetes tipo 2 e doenças neurodegenerativas.
Outro exemplo importante de um energético natural é o guaraná, uma planta nativa da região amazônica que tem sido usada há muito tempo por tribos indígenas como um estimulante natural. O guaraná é particularmente conhecido por seu alto teor de cafeína, que é aproximadamente o dobro do encontrado nos grãos de café.
Devido a essa alta concentração de cafeína, o guaraná é eficaz em aumentar os níveis de energia e melhorar a atenção e o foco mental. Além disso, o guaraná contém outros compostos bioativos, como taninos e saponinas, que também oferecem efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios, tornando-o uma escolha popular em várias bebidas energéticas e suplementos dietéticos em todo o mundo.
O equilíbrio é a chave
Os energéticos podem ser uma solução eficaz para um aumento rápido de energia, mas é crucial consumi-los com responsabilidade e consciência dos possíveis efeitos adversos. Para a maioria das pessoas, o consumo ocasional é seguro, mas não deve se tornar um hábito diário. Alternativas naturais e um estilo de vida equilibrado, incluindo dieta saudável e sono adequado, são fundamentais para manter níveis de energia sustentáveis e promover o bem-estar geral.
Se você optar por consumir energéticos, escolha opções sem açúcar e fique atento às suas necessidades pessoais e limitações. Lembre-se, cada corpo é único, e o que funciona para uma pessoa pode não ser adequado para outra. Consultar um profissional de saúde é sempre uma boa ideia para entender melhor como os energéticos podem afetar você, especialmente se você pertence a algum dos grupos que devem evitá-los.
O post Qual efeito de energéticos no corpo? apareceu primeiro em Olhar Digital.
Powered by WPeMatico
Saúde
O que é febre reumática? Veja sintomas e tratamento

Muitas vezes, ignoramos uma dor de garganta nas crianças, achando que é apenas um incômodo passageiro. No entanto, quando causada por uma bactéria específica e não tratada corretamente, essa infecção simples pode desencadear uma reação em cadeia no sistema imunológico, levando a uma condição séria conhecida como febre reumática.
Embora o nome sugira apenas “febre”, a doença é complexa e pode deixar marcas permanentes, especialmente no coração. Entender os sinais e a importância do tratamento precoce é a melhor forma de proteger quem amamos.
Tudo o que você precisa saber sobre febre reumática
Para compreender a febre reumática, precisamos primeiro entender que ela não é uma infecção direta, mas sim uma resposta exagerada do próprio corpo. Ela é uma doença inflamatória que ocorre como uma sequela tardia de uma infecção na garganta (faringoamigdalite) causada pela bactéria Streptococcus pyogenes (estreptococo do grupo A).
Basicamente, o sistema de defesa tenta combater a bactéria, mas acaba atacando tecidos saudáveis do próprio organismo, como articulações, pele, cérebro e coração. Segundo o Ministério da Saúde, a febre reumática é uma reação autoimune a essa infecção estreptocócica anterior.

Quem é o alvo e como acontece?
A doença tem um público-alvo muito bem definido. Embora possa ocorrer em outras faixas etárias, ela é rara antes dos 3 anos e após os 21 anos. Estatisticamente, a febre reumática atinge principalmente crianças e adolescentes entre 5 e 15 anos de idade.
A ocorrência não depende apenas da bactéria, mas também de uma predisposição genética do indivíduo e de fatores ambientais, como aglomerações e condições de habitação que facilitam a propagação do estreptococo.
Um ponto curioso e importante é sua relação com outras doenças: a mesma bactéria que causa a febre reumática também é responsável pela escarlatina. Portanto, crianças que desenvolvem escarlatina ou amigdalites de repetição não tratadas estão na rota de risco.
Principais sintomas da Febre Reumática
Os sintomas costumam aparecer cerca de duas a três semanas após a infecção de garganta. O quadro clínico é variado, mas os sinais clássicos incluem:
- Artrite (dor nas juntas): Geralmente migratória (passa de um joelho para o outro, ou para os cotovelos e tornozelos), com inchaço, calor e vermelhidão.
- Cardite (inflamação no coração): O sintoma mais preocupante, podendo causar sopro cardíaco, cansaço e dor no peito.
- Coreia de Sydenham: Movimentos involuntários e bruscos dos braços e pernas, além de fraqueza muscular e instabilidade emocional.
- Problemas de pele: Nódulos subcutâneos (caroços indolores sob a pele) e eritema marginado (manchas vermelhas com bordas nítidas, sem coceira).

Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico não é feito por um único exame de sangue “mágico”. Ele é clínico, baseado nos Critérios de Jones, que avaliam a combinação dos sintomas citados acima junto com a comprovação de uma infecção prévia por estreptococo (através de exames como o ASLO ou cultura de orofaringe). O médico (geralmente um pediatra, reumatologista ou cardiologista) é quem fecha esse diagnóstico.
O tratamento tem três pilares:
- Erradicar a bactéria: Uso de antibióticos (geralmente penicilina benzatina) para eliminar qualquer resquício do estreptococo.
- Controlar a inflamação: Uso de anti-inflamatórios (como aspirina) ou corticosteroides em casos mais graves.
- Profilaxia (Prevenção Secundária): O paciente precisará tomar injeções de antibiótico periodicamente (geralmente a cada 21 dias) por anos, para evitar novas infecções que reativem a doença.
É possível evitar a Febre Reumática? Tem cura? Pode matar?
A boa notícia é que a febre reumática é totalmente evitável. A prevenção primária consiste, simplesmente, em tratar corretamente as dores de garganta estreptocócicas com antibióticos prescritos pelo médico. Não interromper o tratamento antes da hora é crucial.
Leia mais:
- Por que temos febre? Entenda as causas, sintomas e como o corpo reage
- É verdade que chocolate piora febre e dores de cabeça?
- Hipertermia: o que acontece quando o corpo aquece demais?
Sobre a cura: a fase aguda da inflamação é curada. No entanto, se o coração foi afetado, as sequelas nas válvulas cardíacas podem ser permanentes.
E, infelizmente, a febre reumática pode matar. A principal causa de óbito é a insuficiência cardíaca decorrente da cardite grave. Diretrizes médicas apontam que a doença reumática cardíaca continua sendo uma causa significativa de morbidade e mortalidade cardiovascular no Brasil, especialmente quando o diagnóstico é tardio ou a profilaxia não é seguida corretamente.
Portanto, ao menor sinal de dor de garganta intensa e febre em crianças, a consulta médica não deve ser adiada.
Sim. Embora a maioria dos sintomas seja tratável, a doença pode ser fatal se causar danos severos ao coração (cardite). A inflamação nas válvulas cardíacas, se não tratada ou se for muito agressiva, pode levar à insuficiência cardíaca grave e ao óbito.
O alvo principal são crianças e adolescentes entre 5 e 15 anos. A doença se manifesta em pessoas que já possuem uma predisposição genética e que não trataram adequadamente uma infecção de garganta causada pela bactéria estreptococo.
O post O que é febre reumática? Veja sintomas e tratamento apareceu primeiro em Olhar Digital.
Powered by WPeMatico
Saúde
Novo estudo sobre transtornos mentais pode ajudar a combater estigma

Um novo artigo acadêmico propõe uma mudança profunda na forma como a sociedade e a própria psicologia clínica enxergam os transtornos mentais.
Em vez de focar exclusivamente nos danos e limitações, pesquisadores sugerem incluir também atributos positivos frequentemente presentes nessas condições — uma abordagem que, segundo eles, pode reduzir o estigma, melhorar o cuidado e oferecer esperança a pacientes e famílias.
Leia mais
- Metade das dicas de saúde mental no TikTok têm desinformação
- Devaneio em excesso pode ser um transtorno? Saiba os riscos para a saúde
- Afastamentos por saúde mental dobraram nos últimos 10 anos

Criatividade, empatia e redes sociais mais fortes
- No estudo “Aspectos Positivos nos Transtornos Psicológicos: Uma Agenda para Pesquisa e Mudança Social”, June Gruber, professora da Universidade do Colorado em Boulder, e colegas da Universidade Cornell reúnem décadas de evidências que relacionam doenças mentais a características como criatividade, empatia, sensibilidade emocional e resiliência.
- Pesquisas citadas no artigo mostram que pessoas com esquizofrenia leve, hipomania ou transtorno bipolar tendem a apresentar níveis mais altos de criatividade e a buscar carreiras criativas.
- Indivíduos com histórico de depressão, por sua vez, demonstram maior disposição para cooperar.
Em um estudo com quase 2.000 universitários, jovens no espectro bipolar relataram redes sociais mais amplas e maior sensação de apoio, apesar dos conflitos decorrentes da condição.
Outro trabalho revelou que pessoas com risco elevado de mania são mais capazes de detectar mudanças sutis nas emoções alheias.
O estudo foi publicado na revista Current Directions in Psychological Science.

Uma visão mais ampla e esperançosa da saúde mental
O artigo também destaca relatos de pacientes que enxergam momentos difíceis como gatilhos para construção de autoconhecimento e resiliência.
Em um estudo conduzido por Jonathan Rottenberg, da Universidade Cornell, 10% dos participantes diagnosticados com depressão clínica estavam “prosperando” uma década depois — com níveis de bem-estar superiores aos de adultos sem histórico depressivo.
Os autores ressaltam, contudo, que reconhecer aspectos positivos não significa minimizar o sofrimento ou abandonar tratamentos como medicamentos e psicoterapia. A proposta é ampliar o olhar, preservando pontos fortes individuais enquanto se controla os sintomas prejudiciais.
“Compreender a pessoa de forma holística permite apoiá-la melhor”, afirma Gruber.

O post Novo estudo sobre transtornos mentais pode ajudar a combater estigma apareceu primeiro em Olhar Digital.
Powered by WPeMatico
Saúde
O que é o Transtorno de Estresse Pós-Traumático? Veja sintomas e tratamento

Muitas vezes, usamos a palavra “trauma” de forma casual para descrever uma situação muito constrangedora ou um forte susto. No entanto, quando a medicina e a psicologia olham para esse termo, a conversa é muito mais profunda. O trauma real é uma marca deixada por eventos que ameaçam a vida ou a integridade física, e, para algumas pessoas, o cérebro não consegue “virar a página”.
É aqui que entra o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Não se trata de fraqueza ou incapacidade de superar o passado, mas sim de uma condição clínica onde o sistema de alarme do corpo permanece ligado muito tempo depois que o perigo já passou. Vamos entender como isso funciona dentro da nossa mente.
TEPT: veja tudo o que você precisa saber sobre o transtorno psiquiátrico
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático é definido como um distúrbio que se desenvolve após a exposição a um ou mais eventos traumáticos. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), para ser considerado TEPT, a pessoa deve ter sido exposta à morte real ou ameaça de morte, ferimento grave ou violência sexual.

Como e por que o TEPT se manifesta?
O TEPT é o resultado de uma colisão entre um fator ambiental (o evento traumático) e um desequilíbrio neurobiológico.
Durante o trauma, o cérebro é inundado por hormônios de estresse (cortisol e adrenalina). Em um funcionamento típico, esses níveis baixam após o perigo. No TEPT, ocorre uma falha nesse processamento.
Estudos de neuroimagem mostram que a amígdala (o centro do medo no cérebro) torna-se hiperativa, enquanto o hipocampo (responsável pela memória) e o córtex pré-frontal (responsável pelo raciocínio lógico e regulação emocional) têm sua função prejudicada.
Isso explica por que a pessoa reage a um barulho alto (como um escapamento de moto) como se fosse um tiro de guerra. Assim, o cérebro emocional reage antes que o cérebro lógico possa dizer “está tudo bem”.
Sintomas e diagnóstico

O diagnóstico é clínico, feito exclusivamente por psiquiatras ou psicólogos, baseando-se nos critérios rigorosos do DSM-5. Os sintomas geralmente começam dentro de três meses após o evento, mas podem surgir anos depois, e devem durar mais de um mês para configurar o transtorno. Eles são divididos em quatro grupos principais:
- Sintomas intrusivos: Memórias recorrentes, involuntárias e angustiantes; pesadelos e flashbacks (sentir como se o evento estivesse acontecendo novamente agora).
- Evitação: Esforço para evitar pensar no trauma ou fugir de lugares, pessoas e objetos que lembrem o evento.
- Alterações negativas na cognição e no humor: Crenças negativas persistentes (“o mundo é perigoso”, “eu sou culpado”), incapacidade de sentir emoções positivas e distanciamento de entes queridos.
- Excitabilidade e reatividade alteradas: Irritabilidade, surtos de raiva, hipervigilância (estar sempre em alerta), dificuldade de concentração e problemas para dormir.
Embora qualquer pessoa possa desenvolver TEPT, certos grupos estão em maior risco devido à maior exposição a eventos traumáticos. Isso inclui militares em combate, policiais, bombeiros e profissionais de emergência.
Leia mais:
- Quais são os tipos de depressão? Entenda as diferenças e sintomas
- Por que a depressão vai e volta?
- 10 sinais de que o estresse está afetando a sua saúde
No entanto, estatísticas apontam que mulheres têm duas a três vezes mais chances de desenvolver TEPT do que homens. Isso ocorre, infelizmente, devido à maior prevalência de traumas de alto impacto interpessoal, como violência sexual e doméstica, que tendem a ser mais “tóxicos” para a psique do que desastres naturais.
Tratamento e perspectivas
A boa notícia é que há luz no fim do túnel. O tratamento padrão envolve uma combinação de psicoterapia e medicação.
- Psicoterapia: A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) focada no trauma e a terapia de Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares (EMDR) são as mais eficazes, ajudando o cérebro a “descongelar” e processar a memória traumática.
- Medicamentos: Antidepressivos (como inibidores seletivos de recaptação de serotonina) ajudam a equilibrar a química cerebral, reduzindo a ansiedade e a depressão associadas.
Com o tratamento adequado, a maioria dos pacientes experimenta uma redução significativa dos sintomas, recuperando sua qualidade de vida.
Na psiquiatria, se fala mais em remissão do que em “cura” definitiva. Contudo, com tratamento adequado, os sintomas podem desaparecer totalmente ou tornar-se residuais, permitindo que a pessoa leve uma vida normal e produtiva.
Sim. O DSM-5 possui critérios específicos para crianças menores de 6 anos, onde os sintomas podem se manifestar através de recriação do trauma em brincadeiras, pesadelos sem conteúdo reconhecível e comportamento socialmente retraído.
O post O que é o Transtorno de Estresse Pós-Traumático? Veja sintomas e tratamento apareceu primeiro em Olhar Digital.
Powered by WPeMatico

Tecnologia1 semana atrásComo poemas conseguem contornar sistemas de segurança em IA

Saúde1 semana atrásQuais exames médicos você não precisa fazer todos os anos, segundo a ciência?

Saúde7 dias atrásO que é o Dezembro Vermelho e qual sua relação com a Aids?

Saúde1 semana atrásÉ perigoso aplicar adrenalina na veia? Entenda quando o uso é seguro

Tecnologia7 dias atrás7 usos criativos do Google Gemini que você deveria testar

Tecnologia6 dias atrásRaio verde: o raro fenômeno óptico que aparece no nascer ou no pôr do sol

Tecnologia1 semana atrásQuais as estreias do cinema mais aguardadas de 2026?

Tecnologia1 semana atrásQuais os 10 melhores filmes de Natal, segundo a crítica?




























