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Esther Perel: “A Psicologia Nunca Esteve Tão Presente no Mundo do Trabalho”

Redação Informe 360

Publicado

no

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

“Pareço muito confiante, mas não tenho certeza de nada”, disse Esther Perel ao subir ao palco do evento Flash Humanidades, em São Paulo, na noite de quinta-feira (22).

Entrevistada pela jornalista Renata Ceribelli, a psicoterapeuta belgo-americana, autora best-seller e criadora do podcast “Where Should We Begin?”, discorreu com confiança (sim) e humor sobre o futuro – e o presente – do universo profissional, as causas e os impactos da crise global de saúde mental e as consequências dos avanços irrefreáveis da tecnologia – em especial, da inteligência artificial.

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Esther é fluente em nove idiomas e se apresenta como uma estudante dos relacionamentos em diferentes culturas e contextos. “Sou especialmente interessada em quartos e salas de reunião”, diz ela, fazendo um trocadilho com as palavras do inglês “bedrooms” e “boardrooms”. “A sexualidade é uma lente incrível para a humanidade.”

A psicoterapeuta, uma das principais vozes contemporâneas no estudo de relacionamentos, tem uma clínica em Nova York e também atua como consultora de grandes empresas. Segundo ela, o trabalho deixou de ser apenas o caminho para o sustento financeiro e passou a ocupar o papel de atender necessidades existenciais. “Essa ideia de querer uma sensação de pertencimento é uma novidade completa”, afirma. “A psicologia entrou no trabalho como nunca antes. Estamos falando de segurança psicológica ao mesmo tempo em que falamos de indicadores de performance. Isso é estranho.”

Na sua visão, as empresas têm, sim, a responsabilidade de promover um ambiente saudável para os funcionários, mas a discussão sobre saúde mental tem sido reduzida a simplificações. “A saúde mental é a crise ou a sociedade está em crise e as consequências da saúde mental são normais?”

Confira os principais insights de Esther Perel sobre os temas que estão transformando o mundo do trabalho e a sociedade

Vida pessoal e profissional

“Todo mundo vai trabalhar com dois currículos. O oficial, que te conta a história da sua carreira, o trabalho, os cargos que você já teve, e o não oficial, que é, muitas, sobre as coisas que te fizeram ser quem você é e a sua história de relações. Todo mundo chega ao trabalho e há uma superposição que ocorre entre o sistema de relação no trabalho e o sistema de família, da sua origem e da sua história. Então, quando dizemos que ‘você deve ser você por inteiro no trabalho’, eu acho que nós sempre fazemos isso, mas não sempre conscientemente. Não há uma diferença fundamental entre a pessoa que vai para o trabalho e a pessoa que se relaciona com seus amigos, com seus membros de família e assim por diante. O ambiente é diferente, mas a nossa história é parte do currículo que vai para o trabalho e existe aonde quer que a gente vá.”

Geração Z

“Temos cinco gerações trabalhando ao mesmo tempo agora. Para falarmos sobre diferenças geracionais, é muito importante não falarmos sobre identidades fixas: a tradição contra a disrupção, o legado contra a inovação, o privilégio contra a marginalização, essas conversas são muito estáticas e rígidas. É comum dizer que a Gen Z vem com expectativas diferentes sobre o trabalho, sobre como o trabalho deveria ser em sua vida, sobre quanto eles querem reconhecimento e promoção, etc. Quando as pessoas começam com isso, a primeira coisa para mim é dizer: a Gen Z são meus filhos e muitos dos seus filhos, e nós os criamos. Nós criamos essas pessoas do jeito que elas são e é por isso que elas aparecem no mundo do jeito que nós não gostamos.”

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Inteligência artificial

“O futuro do trabalho é aqui. Não é o futuro, é o presente. […] Essa não é a primeira revolução tecnológica, mas nós somos os primeiros que sabemos que estamos em uma. Minha resposta aqui vai ser muito humilde, porque ninguém pode realmente prever. Eu vou a muitos eventos, conversas com futuristas e apresentações onde as pessoas estão aplaudindo, e eu penso comigo mesma que elas estão aplaudindo a sua própria extinção. Este é um caso massivo de negação coletiva. Isso não quer dizer que eu não aceito muitas das mudanças que estão acontecendo. Estou no meio disso, mas também acho que há algo absolutamente bizarro. Os otimistas não falam de perdas de trabalho, falam de ter tempo para fazer nada ou para se relacionar com as pessoas. O nível de divisão entre as visões de mundo é enorme. Para mim, é impossível estar apenas em um lado, isso também não é realista.”

Liderança

“Soft skills geralmente significa habilidades femininas. É bom ser bom com as pessoas, mas ninguém é promovido nem recebe um aumento porque é bom com pessoas. São habilidades que você frequentemente admira em princípios, mas despreza na prática. Mas agora, as pessoas estão começando a entender que as habilidades relacionais são uma vantagem competitiva. Então, todo mundo está tentando entender como você cria essa inteligência relacional, essa capacidade humana no trabalho. Então eu comecei a pensar: o que é liderança? Porque começa com a liderança. Em um momento de incerteza, liderança não é sobre compartilhar a visão. É sobre criar um espaço onde as pessoas possam, com segurança, experimentar a ansiedade que é completamente normal e que segue a quantidade de incerteza que está na frente delas. Quando as coisas são incertas, você não diz que tudo vai ficar bem. Você diz: nós vamos resolver, vamos continuar juntos e descobrir o que realmente está acontecendo. Você não diz ‘deixa comigo’, ‘eu tenho as respostas’ porque ninguém confia em um líder que finge que sabe quando não sabe de nada.”

Pertencimento e trabalho

“Nós costumávamos trabalhar, principalmente, para nos sustentar. Ainda trabalhamos para isso, mas muitos de nós trabalhamos para criar significado. Casamento e trabalho eram economias de produção; você fazia bebês ali e um salário aqui. Era sobre o que você produzia. Depois, mudamos para a economia de serviços. Na vida pessoal, era sobre afeição e amor, coisas que nunca tiveram nada a ver com casamento durante a história. E no setor de trabalho, a economia de serviços se tornou o que você oferece: a consultoria, a gestão, o serviço. E depois nós mudamos para algo fenomenal, que é a economia de identidade. Então, nas relações, eu quero que vocês me ajudem a me tornar a melhor versão de mim mesma. No trabalho, um lugar onde eu vou experimentar propósito, propriedade, significado, satisfação e comunidade. Na maioria dos países ocidentais, no setor corporativo, você tem aproximadamente um período de dez anos entre o momento que termina a escola e quando começa a criar uma família. Isso significa que é uma década em que o trabalho é o centro para todas as nossas necessidades, financeiras, sociais, de comunidade e propósito. Essa ideia de querer uma sensação de pertencimento no trabalho é uma novidade completa. Continuamos repetindo isso, então começa a parecer uma coisa normal, mas pertencimento você buscava na sua igreja ou na sua comunidade, não no seu trabalho.”

Segurança psicológica

“[…] A psicologia entrou no trabalho como nunca antes. Estamos falando de segurança psicológica no mesmo tempo que estamos falando de indicadores de performance. Isso é estranho. A maioria das pessoas está tipo: ‘Eu não sou seu pai, não sou seu coach, sou só o seu gerente’. Falando de diferenças de geração, tem algum boomer aqui que já ouviu falar de segurança psicológica quando foi para o trabalho? ‘Faça seu trabalho!’”

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Saúde mental

“Eu diria uma coisa para as empresas: não olhe só para isso como uma questão de compliance. Olhe para isso como algo realmente importante. Podemos ter muitas conversas sobre o que é a saúde mental hoje. A saúde mental é a crise ou se a sociedade está em crise e as consequências da saúde mental são normais? Essa é uma questão filosófica que eu acho que precisamos perguntar. Todo mundo está falando sobre a crise de saúde mental, mas isso é evitar falar sobre a crise social. A saúde mental tem sido reduzida a um monte de sintomas, porque é mais fácil falar sobre ansiedade do que falar sobre medo. É mais fácil falar sobre depressão do que falar sobre a angústia existencial. Então você pode dar um remédio e encaminhar para um médico, ao invés de ter que lidar com mudanças estruturais.”

NR-1 (norma regulamentadora de segurança e saúde no trabalho no Brasil)

“Devemos dar atenção aos trabalhadores, encontrar maneiras de ajudar as pessoas a se relacionar, se conectar, ter confiança, e colocar práticas em torno disso. Essas coisas sempre foram feitas, não apenas no plano das ideias. Toda cultura tem rituais e práticas que ajudam as pessoas a se unirem, a se conectar, a construir algo juntas. Não há razão para que as empresas não estejam seguindo essa trajetória que foi definida em todas as culturas há séculos.”

Atrofia social

“Quantos de vocês cresceram brincando livremente na rua? E quantos de vocês têm filhos hoje que brincam livremente na rua? Essa pergunta, para mim, é o início da atrofia social. E isso é uma metáfora – não estamos falando apenas no sentido literal. Mas a rua é um terreno essencial para a negociação social, onde você aprende interações não roteirizadas, não guiadas, não monitoradas. Onde você faz guerra e faz paz, cria regras e quebra as regras, forma alianças, é criativo e desenvolve a essência das habilidades sociais.”

Solidão

“Nós não temos que sair de casa para trabalhar, para comer, para comprar, para se exercitar, até mesmo para conhecer as pessoas. Não é apenas solidão, é isolamento autoimposto. Nos Estados Unidos, 74% da comida que é preparada nos restaurantes não é mais comida no restaurante. A combinação de atrofia com solidão e isolamento autoimposto está criando um ser humano que vai ser muito diferente do que nós conhecemos. Adicione a IA a isso e você tem o ‘pacote completo’. […] O fato de você me perguntar sobre solidão enquanto estamos no Brasil me diz que algo está acontecendo.”

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Polarização

“As pessoas hoje têm relações muito próximas com suas famílias, pequenos núcleos e comunidades online. Você passa a maior parte do seu tempo com pessoas que pensam exatamente como você. O que está sendo perdido é o ‘nível do meio’. São os lugares onde você conhecia pessoas diferentes de você, mas vocês se uniam porque tinham uma questão em comum. A biblioteca, a escola, a vizinhança, os lugares onde as pessoas precisavam negociar. Se você perder esse espaço para praticar a tolerância, isso produz mais exacerbação e polarização. A polarização é o que acontece quando nós não podemos manter a complexidade de um assunto. Os grandes assuntos neste momento, a IA, o futuro do trabalho, são complexos, o que significa que eles são contraditórios. Quando você está sozinho e você tem um problema complexo, você deve manter as contradições por si mesmo. Quando você está em um time, em uma sociedade ou em uma empresa, o que você faz é tomar um lado. É mais fácil para mim só manter uma parte dos problemas, você pode ficar com as coisas com as quais eu não quero lidar e eu posso dizer o quanto eu não concordo com você. Nós estamos enfrentando um monte de problemas muito complexos, e ao invés de lidar com o quão difíceis eles são, nós os simplificamos.”

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“Skillcations”: A Tendência de Usar as Férias para Aprender Algo Novo

Redação Informe 360

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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

Se você é como a maioria dos profissionais, provavelmente já está planejando as férias do próximo ano. Talvez tenha em mente aquele descanso dos sonhos: relaxar à beira da piscina, colocar o sono em dia ou maratonar séries. Mas então vem a lembrança de voltar para casa se sentindo ainda mais exausto e sem energia no trabalho.

Um novo tipo de férias, que ganhou o nome de “skillcation”, está mais popular, e quem adota essa tendência descreve uma sensação completamente diferente ao retornar ao escritório. A ideia é utilizar os dias de folga para aprimorar e atualizar habilidades existentes ou aprender novas competências que possam impulsionar suas vidas e carreiras.

David Dominguez, vice-presidente de pessoas da plataforma digital suíça Smallpdf, explica que as “skillcations” estão em alta porque unem o melhor dos dois mundos: crescimento pessoal e cultura de produtividade. “Aprender uma nova habilidade enquanto viaja pode ser uma forma de otimizar o tempo livre”, afirma. “A tendência combina o lazer das férias com pontos de virada na trajetória profissional.”

Produtividade nas férias?

Um relatório da Future Partners, empresa de pesquisa e consultoria em turismo, mostra que 39% dos viajantes preferem excursões repletas de atividades, como uma expedição de fotografia, um retiro de ioga ou uma experiência imersiva de aprendizado de um novo idioma em outro país.

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Diferentemente das férias tradicionais, focadas apenas em descanso, as “skillcations” apostam no crescimento como forma de renovação. O objetivo é combinar curiosidade, criatividade e desenvolvimento de habilidades para que os viajantes retornem ao trabalho mais realizados e motivados.

Marais Bester, consultor sênior da SHL, empresa global de consultoria estratégica e de tecnologia, afirma que o aprendizado é o verdadeiro segredo para recarregar as energias. “Muitas vezes, presumimos que descansar significa não fazer nada, mas a psicologia mostra que a renovação costuma vir de fazer algo diferente, algo que envolva tanto a mente quanto o corpo.”

Bester destaca que, ao aprender uma nova habilidade ou se desafiar em um novo ambiente, é possível vivenciar uma sensação de domínio. “Esses momentos nos lembram que somos capazes, adaptáveis e ainda estamos evoluindo”, diz. “Essa sensação de progresso é revigorante e alimenta a confiança e a motivação muito depois do fim da viagem.”

Prós e contras das “skillcations”

Quando um profissional mistura trabalho e férias, corre o risco de priorizar as workcations (que de fato combinam trabalho e lazer) em detrimento das slowcations (férias de descanso real). Vale a pena se perguntar se as skillcations podem, na verdade, prejudicar o seu equilíbrio entre vida pessoal e profissional — e até mesmo contribuir para o burnout.

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As skillcations podem facilmente se transformar em trabalho disfarçado. “A pressão para ‘fazer as férias valerem a pena’ pode comprometer o descanso, especialmente quando os viajantes sentem que precisam provar algo para si mesmos, ou para o LinkedIn”, afirma Dominguez. “Sem limites claros, elas podem gerar fadiga mental em vez de recarregar as energias.”

Lana Peters, diretora de receita e experiência da Klaar, plataforma americana de gestão de pessoas e desempenho, reconhece que as skillcations podem ajudar a se preparar para o próximo passo na carreira, e também demonstram ambição. No entanto, ela também ressalta a importância de as empresas incentivarem o uso das férias para relaxar. “O aprimoramento de habilidades deve fazer parte dos programas de treinamento e desenvolvimento oferecidos pelas empresas”, afirma. “Os profissionais deveriam usar o tempo de férias para relaxar, descansar e se desconectar. Isso os ajuda a voltar ao trabalho com mais energia e reduz as chances de burnout.”

Laura Lindsay, especialista global em tendências de viagem da Skyscanner, argumenta que o crescimento pessoal proporcionado pelas skillcations faz justamente o oposto — combate o esgotamento. Segundo ela, a ideia dessas viagens é justamente voltar renovado e estimulado, não exausto. “Percebemos que as skillcations ajudam a combater o excesso de trabalho e o sentimento de exaustão que muitos profissionais relatam”, afirma. “Para muitos, essas viagens voltadas a novas habilidades são uma forma de desenvolver competências fora do trabalho.” Alguém que trabalha com publicidade, por exemplo, pode se interessar por culinária e explorar a gastronomia local durante as férias, fazendo aulas de cozinha, comprando em feiras e mercados locais, ou até trabalhando em uma fazenda.

Como aproveitar bem as férias

A executiva da Skyscanner não recomenda transformar as férias em trabalho. O segredo é escolher um interesse pessoal e se entregar à experiência. “Independentemente da habilidade que você queira desenvolver — beleza, culinária, esportes, literatura, arte ou dança — o importante é seguir suas paixões e deixar que elas inspirem suas viagens no próximo ano.”

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“Observamos o interesse em explorar paixões influenciando cada vez mais o modo como os profissionais planejam suas férias.”
Laura Lindsay, especialista global em tendências de viagem da Skyscanner

Dados da Skyscanner mostram que 42% das pessoas estão priorizando atividades ao montar o orçamento das viagens. Os viajantes buscam experiências que se alinhem a seus interesses específicos — como leitura, artesanato, esportes e hobbies — para desenvolver novas habilidades fora do trabalho. “Quando o viajante se envolve em algo novo e imersivo, isso o desafia e oferece um tipo de renovação diferente das férias tradicionais na praia ou no spa”, afirma. “Muitos se sentem renovados pela sensação de conquista ao aprender algo novo.”

Se em 2024 as chamadas “férias silenciosas” estavam em alta — viagens que funcionários faziam secretamente, sem avisar o chefe ou a empresa —, as skillcations, por outro lado, trazem uma vantagem: o tempo livre é legítimo e planejado. O objetivo é aprender algo que possa ser levado de volta ao trabalho, sem o peso emocional da desonestidade com o empregador.

Tendência que veio para ficar

Trabalho e vida pessoal se tornaram tão entrelaçados que muitos profissionais buscam um tempo fora do escritório que ainda pareça ter propósito. “Com o foco crescente em bem-estar e aprendizado contínuo, essa é uma tendência que veio para ficar”, diz Peters.

Os profissionais estão cada vez mais interessados em experiências que combinem aprendizado com descanso genuíno. Nesse cenário, empresas estão promovendo retiros e jornadas de aprendizado baseados em habilidades, testando as skillcations como parte de programas de liderança e inovação. “O retorno tem sido positivo, as pessoas voltam mais criativas, reflexivas e conectadas”, afirma Bester. “As skillcations oferecem a chance de se afastar, aprender de novas formas e recomeçar.”

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*Bryan Robinson é colaborador da Forbes USA. Ele é autor de 40 livros de não-ficção traduzidos para 15 idiomas. Também é professor emérito da Universidade da Carolina do Norte, onde conduziu os primeiros estudos sobre filhos de workaholics e os efeitos do trabalho no casamento.

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Novas Regras para Vale-Alimentação Podem Gerar Economia Anual de R$ 8 Bi

Redação Informe 360

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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

O Ministério da Fazenda estimou nesta quarta-feira (13) que o decreto do governo com novas regras para benefícios de vale-alimentação e vale-refeição poderá gerar economia de até R$ 8 bilhões por ano.

A medida editada nesta semana inclui um teto de 3,6% para a taxa cobrada de restaurantes e supermercados pelas operadoras desses cartões. Estimativas do governo mostram que restaurantes pagam hoje cerca de 8% a mais em transações com vales-refeição do que em vendas com cartão de crédito.

“Segundo estimativas da Secretaria de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, as novas medidas têm potencial de gerar uma economia de cerca de R$ 8 bilhões por ano, o que representa um ganho médio de aproximadamente R$ 225 por trabalhador ao ano”, disse a Fazenda em nota.

De acordo com o ministério, esse valor decorre principalmente da redução das margens de lucro praticadas pelas empresas emissoras de vale-alimentação e vale-refeição, que passarão a ser repassadas aos estabelecimentos como bares, restaurantes e supermercados. “Com a diminuição desses custos, estima-se uma queda nos preços finais das refeições e dos alimentos, beneficiando diretamente os trabalhadores”, afirmou.

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse considerar que a nova taxa ainda está elevada, mas que é mais “civilizada” que as cobradas antes do decreto. Segundo ele, o governo fixou uma margem “razoável” depois de identificar irregularidades na atuação de empresas.

“O problema do PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador) é que o dinheiro foi ficando pelo caminho”, disse em entrevista a jornalistas na sede do ministério. “Nós começamos a perceber que o dinheiro do PAT começou a ficar na intermediação. E com uma taxa de retorno do investimento, assim, muito elevada e com comportamento, inclusive, inadequado do ponto de vista legal.”

O conjunto de medidas presente no decreto também inclui a interoperabilidade plena entre bandeiras e uma redução de 30 dias para 15 dias no prazo máximo para o repasse dos valores das compras feitas com esses vales aos estabelecimentos comerciais. Os tíquetes refeição e alimentação movimentam cerca de R$ 170 bilhões anualmente no Brasil sob o PAT, criado em 1976 para oferecer benefícios tributários a companhias arcando com o custo de prover alimentação a seus empregados formais. Hoje, quatro empresas respondem por cerca de 85% do mercado: Edenred, dona da Ticket, Pluxee, que controla a Sodexo, além das empresas de controle privado Alelo e VR.

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Entenda Medida Que Altera Regras para Vales-Alimentação

Redação Informe 360

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O decreto que moderniza o PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador) foi assinado na terça-feira (11) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A medida atualiza regras do sistema de vale-alimentação e vale-refeição, com o objetivo de ampliar a transparência, a concorrência e a integridade no setor.

As mudanças beneficiam mais de 22 milhões de profissionais, que terão maior liberdade de escolha e melhor aceitação dos cartões. O decreto também traz equilíbrio para empresas e estabelecimentos, garantindo que os recursos sejam usados exclusivamente para alimentação.

Criado em 1976, o PAT é a política pública mais antiga do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e deve completar 50 anos em 2026. O programa conta com 327 mil empresas cadastradas e alcança 22,1 milhões de trabalhadores em todo o país.

Entre as novidades, o decreto estabelece limites para taxas cobradas pelas operadoras: a taxa máxima dos estabelecimentos (MDR) será de 3,6%, e a tarifa de intercâmbio terá teto de 2%. Também reduz o prazo de repasse dos valores aos estabelecimentos para até 15 dias corridos, e determina que, em até 360 dias, qualquer cartão do programa funcione em qualquer maquininha de pagamento — medida que garante interoperabilidade entre bandeiras.

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Em um vídeo postado nas redes sociais, o presidente Lula disse que as novas regras serão vantajosas para supermercados, padarias e demais estabelecimentos que usam o sistema.

“É bom para os restaurantes grandes, pequenos e médios. É bom para as padarias grandes, pequenas e médias. É bom para quem vende hortifruti, ou seja, para quem vende fruta nesse Brasil inteiro. É no Brasil inteiro que estamos falando. Se é bom para todo mundo, é bom para o trabalhador também. E se é bom para o trabalhador, é bom para o Brasil, é bom para todos nós”, afirmou.

Os sistemas de pagamento com mais de 500 mil trabalhadores deverão ser abertos em até 180 dias, o que amplia a concorrência e reduz a concentração de mercado. O decreto também proíbe práticas abusivas, como descontos, benefícios indiretos e vantagens financeiras que não estejam relacionadas à alimentação.

De acordo com o MTE, as mudanças fortalecem a fiscalização e evitam distorções contratuais, promovendo um ambiente mais justo e previsível. O Comitê Gestor Interministerial do PAT será responsável por definir parâmetros técnicos e disciplinar as regras do sistema.

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Para os trabalhadores, o novo decreto garante manutenção integral do benefício e uso exclusivo para alimentação. Para os estabelecimentos, amplia a rede de aceitação e melhora o fluxo de recebimentos. Já as empresas beneficiárias terão mais segurança jurídica e previsibilidade de custos.

Principais mudanças

Limites máximos para as taxas cobradas pelas operadoras

A taxa cobrada dos estabelecimentos (MDR) não poderá ultrapassar 3,6%. A tarifa de intercâmbio terá teto de 2%, sendo vedada qualquer cobrança adicional. As empresas terão 90 dias para se adequar a essas regras.

Interoperabilidade plena entre bandeiras

Em até 360 dias, qualquer cartão do programa deverá funcionar em qualquer maquininha de pagamento, com a implantação da interoperabilidade plena entre bandeiras. Essa medida amplia a liberdade de escolha de empresas, trabalhadores e estabelecimentos.

Redução do prazo de repasse financeiro

O repasse aos estabelecimentos deverá ocorrer em até 15 dias corridos após a transação — norma que entra em vigor em até 90 dias. Atualmente, restaurantes e similares recebem os valores 30 dias após as transações.

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Abertura dos arranjos de pagamento

Sistemas com mais de 500 mil trabalhadores deverão ser abertos em até 180 dias, de maneira que quaisquer facilitadoras que observarem as regras da bandeira poderão participar do arranjo. Isso amplia a concorrência e reduz a concentração de mercado, uma vez que, no arranjo fechado, as funções de instituidor, emissor e credenciador podem ser exercidas pela mesma empresa.

Regras de proteção

Proibição de práticas comerciais abusivas, como deságios, descontos, benefícios indiretos, prazos incompatíveis com repasses pré-pagos e vantagens financeiras não relacionadas à alimentação. Essas regras têm vigência imediata, assim como a obrigação das empresas beneficiárias de orientar os trabalhadores e cumprir todas as normas do programa.

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