Ligue-se a nós

Geral

Dia do Jornalismo: criatividade humana e tecnologia podem conviver no jornalismo

Redação Informe 360

Publicado

no

ChatGPT, robotização, inteligência artificial são palavras que podem ter assustado quem trabalha com jornalismo e também quem consome informação produzida por profissionais. As novidades no campo da tecnologia poderiam colocar um ponto final na forma com que se produz notícia? Pesquisadoras ouvidas pela Agência Brasil indicam que a discussão não é tão simples. Automação, sensibilidade e aprofundamento podem caber na mesma frase e compõem soluções possíveis e reais, na avaliação das entrevistadas.

Especialistas no assunto entendem que a qualidade e a sensibilidade humana para a produção de conteúdos não são substituídas por robôs. De toda forma, o tema sempre requer atenção e vigilância em vista da função social da atividade.

A professora Sílvia Dalben, pesquisadora de doutorado na Universidade do Texas, em Austin (Estados Unidos), estuda o jornalismo automatizado e o uso da inteligência artificial nos conteúdos noticiosos com o foco principal nas redações de veículos de comunicação da América Latina. “A ameaça do jornalismo não é a inteligência artificial”, garante. 

Ela contextualiza que a  profissão sempre foi moldada pela tecnologia. “Se não tivesse existido a prensa de Gutemberg, a gente não teria nenhuma publicação impressa. Como seria o jornalismo sem a invenção do rádio, da televisão, dos computadores e depois da internet? Agora, a gente está vivendo esse momento em que a inteligência artificial está chamando muita atenção”.

Ela entende que há uma mudança do modelo de negócios do jornalismo e essa mutação gera desconfianças. Os conglomerados midiáticos estão em transformação. “Já houve um tempo em que achavam que ninguém iria se acostumar a ler notícias pela tela do computador”, exemplifica. As plataformas estão em constante mutação e isso pode se constituir em novas oportunidades de trabalho e viabilidade de existência.

Anúncio

Outros jornalismos

Para a pesquisadora, o jornalismo factual, na redação, vai continuar existindo. “Vai precisar passar por ajustes porque as novas tecnologias estão surgindo”.

Ela identifica, entretanto, que as tecnologias estão apoiando reportagens investigativas e novas pautas no campo de jornalismo de dados. “Não seriam possíveis sem a internet”

Reportagem como saída

A professora de jornalismo Fabiana Moraes, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ressalta que os robôs são utilizados há muito mais tempo para produção de notícias.

A profissional, antes da docência, fez da carreira uma aula de sensibilidade diante dos dramas sociais que transformou em pautas no litoral, agreste e sertão. A partir desse olhar, se tornou uma das profissionais mais reconhecidas do Brasil pelos formatos narrativos livres, cheios de denúncias e histórias de vida.

Anúncio

Com sua forma de escrever, recebeu, por exemplo, três prêmios Esso. Nas reportagens dela, as vidas dos mais humildes, humilhados e vulneráveis situam-se no protagonismo das cenas reais. Reportagens impossíveis de serem simuladas por robôs. 

“A gente aponta para a reportagem como um desses espaços de inflexão que, muitas vezes, não vão ser possíveis por mais que a tecnologia seja depurada”.

Ela crê que o olhar humano sobre problemas existentes no mundo pode até ser simulado, mas não será eficiente. Pode ser ficção, mas não jornalismo que mexa com leitores. “Eu acho muito difícil que isso seja trazido apenas pela tecnologia”.

Para sobreviver

As pesquisadoras defendem que é necessário o reconhecimento do papel do jornalismo para a sociedade. Elas entendem que a sociedade tem verificado produções que circulam pautadas pela desinformação, e que não contribuem com dramas sociais, como o racismo, a homofobia ou misoginia.

Anúncio

“A gente tem uma ameaça: inteligência artificial e a disseminação de conteúdos não checados. É necessário ter um cuidado muito grande com a apuração, com a checagem de fato. Esse é o diferencial e que vai gerar valor ao conteúdo jornalístico”, diz Sílvia Dalben.

Fabiana Moraes, sob ótica semelhante, elenca um cenário de precarização da atividade e ameaças à informação ética com a disseminação de desinformação via robôs. Segundo ela, a preocupação está ligada à defesa da democracia e a necessidade de evitar danos à sociedade

Para Silvia Dalben, o jornalismo que só busca atrair audiência, que é raso e superficial, pode ser feito por por robôs, por inteligência artificial.

“É uma ameaça [real] porque cria essa visão da sociedade de que isso seria o jornalismo e outras pessoas acham que também podem ser jornalistas”, avalia. Esse, entretanto, seria um tipo de jornalismo que causa distorções e que não ajuda a sociedade. 

Anúncio

“O que o jornalista precisa é pensar no jornalismo de qualidade com apuração, com a checagem de fato. O que gera valor ao conteúdo e diferencia o que a gente escreve do que qualquer outra pessoa escreve, inclusive robô, é o aprofundamento”, aponta Sílvia. Procedimento que, avaliam as professoras, colaboram com uma visão crítica e útil para a sociedade.

Revolução

A visão de que a tecnologia vai transformar tudo no futuro é equivocada, apontam as especialistas. “A gente tem que entender que a revolução não começa agora e não está focada no futuro. A gente já está nessa revolução”, diz a pesquisadora brasileira residente nos Estados Unidos.

Segundo as pesquisadoras, a inteligência artificial deve ser vista, no dia a dia do jornalismo, como uma função híbrida e que pode ser útil para os profissionais da imprensa, para a sociedade e para a democracia.

O jornalismo, entretanto, é uma atividade que deve defender a cidadania e a liberdade – palavras que são melhor entendidas por quem é de carne e osso.

Anúncio

Fonte: AgenciaBrasil Edição: Lílian Beraldo

Geral

Influenciadoras são condenadas por oferecer bananas a crianças negras

Redação Informe 360

Publicado

no

A Justiça do Rio condenou as influenciadoras digitais Nancy Gonçalves Cunha Ferreira e Kerollen Cunha, que ofereceram em vídeo publicado em plataformas digitais, uma banana e um macaco de pelúcia a duas crianças negras, de 9 e 10 anos de idade. O caso ocorreu em 2023, perto da casa das influenciadoras, que são e mãe e filha, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio.

Na decisão, a juíza Simone de Faria Feraz, da 1ª Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo, escreveu que os atos cometidos pelas influenciadoras correspondem a uma monstruosidade. Nancy e Kerollen foram condenadas a 12 anos de prisão por injúria racial e pagamento de indenização de R$ 20 mil a cada uma das vítimas, além da manutenção do bloqueio de perfis e conteúdos no Youtube, 

Instagram e TikTok.

De acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro, as influenciadoras eram titulares de canais nas três plataformas. Nancy, microempresária individual, era proprietária da empresa Kerollen e Nancy, cujo objeto social incluía atividades de pós-produção cinematográfica, de vídeos e de programas de televisão — o que levanta a suspeita de que os vídeos de conteúdo discriminatório e vexatório tenham sido monetizados, gerando lucros às rés por meio do número expressivo de seguidores inscritos, que superam 14 milhões de pessoas nas redes sociais das influenciadoras. 

Segundo a advogada Fayda Belo, especialista em direito antidiscriminatório, que denunciou o caso à época, o episódio se caracteriza por apresentar o racismo recreativo, que consiste em alguém usar da discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão.

“Vocês conseguem dimensionar o nível de monstruosidade que essas duas desinfluenciadoras tiveram ao dar um macaco e uma banana para duas crianças e ainda postar nas redes sociais para os seus mais de 13 milhões de seguidores? Para ridicularizar duas crianças negras, para incitar essa discriminação perversa que nos tira o status de pessoa e nos animaliza como se fosse piada”, afirma Fayda em vídeo divulgado em suas redes sociais.

Anúncio

Em outro trecho da decisão, a juíza Simone de Faria citou o pesquisador Adilson José Moreira, autor da obra Racismo Recreativo. Ele define que o racismo recreativo “deve ser visto como um projeto de dominação que procura promover a reprodução de relações assimétricas de poder entre grupos raciais por meio de uma política cultural baseada na utilização do humor como expressão e encobrimento de hostilidade racial”.

sentença da juíza de primeira instância cabe recurso. As influenciadoras digitais vão poder recorrer da decisão em liberdade.

Agencia Brasil – Edição: Valéria Aguiar

Anúncio
Continuar Lendo

Geral

Governo avalia viabilidade de o Brasil criar seu próprio GPS

Redação Informe 360

Publicado

no

Um grupo de especialistas vai estudar a viabilidade de o Brasil desenvolver seu próprio sistema de geolocalização por satélite, um empreendimento de altíssima complexidade e custo. Formado por representantes de ministérios, da Aeronáutica, de agências e institutos federais e da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil, o grupo técnico deve diagnosticar as eventuais consequências do país depender de sistemas de posicionamento, navegação e tempo controlados por outras nações.

O grupo foi criado no início deste mês, por meio da Resolução nº 33, do Comitê de Desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro. Assinada pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, Marcos Antonio Amaro dos Santos, a resolução estabelece um prazo de 180 dias, contados a partir de 14 de julho, para que o grupo entregue ao ministro um relatório com suas conclusões e sugestões.

“O grupo ainda está se organizando”, explicou nesta segunda-feira (21), em entrevista à Agência Brasil, Rodrigo Leonardi, diretor de Gestão de Portfólio da Agência Espacial Brasileira (AEB), um dos 14 órgãos e entidades que vão compor o grupo, que poderá convidar representantes de outras instituições aptos a contribuir com os objetivos estratégicos do grupo.

“Vamos procurar entender os gargalos, as dificuldades, os prós e contras de desenvolvermos um sistema destes”, acrescentou Leonardi, destacando a importância dos atuais sistemas de navegação por satélite – dentre os quais, o mais conhecido é o estadunidense GPS (do inglês, Sistema de Posicionamento Global), operado pela Força Espacial dos Estados Unidos.

“No Brasil, historicamente, priorizamos o debate acerca de outros aspectos espaciais, como a necessidade de termos satélites para monitoramento territorial. Agora, vamos discutir se queremos ou não ter nosso próprio sistema de navegação; o investimento necessário para fazê-lo e, se for o caso, a necessidade nacional de ter um sistema global ou um sistema regional, capaz de cobrir todo nosso território. Qualquer que seja o caso, se o país concluir que deve fazer isso, o patamar de investimentos terá que ser muitas vezes maior que o atualmente investido no programa espacial brasileiro”, concluiu Leonardi, admitindo a complexidade da empreitada, que exige capacidade tecnológica para projetar, fabricar e lançar satélites capazes de transmitir, do espaço para a terra, sinais precisos.

Ruído

O grupo técnico foi criado uma semana antes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar que, a partir de 1º de agosto, os produtos brasileiros pagarão uma tarifa de 50% para ingressar em território estadunidense. E duas semanas antes de as redes sociais serem tomadas pelo debate sobre a possibilidade de os Estados Unidos, em caso de uma guerra comercial, desligarem ou restringirem o sinal de seu sistema, o GPS (do inglês, Sistema de Posicionamento Global), para o Brasil.

Anúncio

“Este é um típico caso de ruído surgido nas mídias sociais, capaz de gerar ansiedade. E uma coincidência, porque já vínhamos discutindo o tema há tempos, de maneira que a criação do grupo não teve nenhuma relação com o que aconteceu depois”, afirmou Leonardi.

“Primeiro, porque não houve nenhum comunicado, de nenhuma autoridade norte-americana, sobre a remota possibilidade dos EUA restringirem o uso do GPS no Brasil. Depois porque, mesmo que isso acontecesse – o que seria uma situação muito drástica e improvável – há alternativas ao GPS”, assegurou o diretor da Agência Espacial Brasileira.

>> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp

GNSS

Segundo Leonardi, a maioria das pessoas erra ao usar a sigla GPS como sinônimo de GNSS, do inglês Sistema Global de Navegação por Satélite, termo correto para se referir a qualquer conjunto (ou constelação) de satélites usado para fornecer serviços de posicionamento, navegação e temporização global.

“O GPS é o sistema de propriedade dos EUA, mas há outros, globais, como o Glonass [russo]; o Galileo [União Europeia] e o BeiDou [ou BDS], da China. Estes têm cobertura global e podem ser utilizados, inclusive, no e pelo Brasil. E há também algumas nações que possuem sistemas regionais, como a Índia [NavlC] e o Japão [Qzss]”, apontou Leonardi.

Anúncio

“Com isso em mente, é lógico cogitar que, em tese, os EUA poderiam degradar ou até mesmo restringir o sinal de seu GPS para determinadas regiões, mas esta seria uma medida tão drástica que, a meu ver, só se justificaria se a segurança nacional dos EUA estivesse sendo ameaçada”, ponderou o diretor da AEB.

“Primeiro porque as empresas estadunidenses que operam no Brasil, como aplicativos de transporte e de entrega, seriam afetadas. Outras nações também seriam prejudicadas, já que não há como limitar o sinal para todo um território sem afetar países fronteiriços. Fora que isso poderia causar acidentes, por exemplo, na aviação civil, custando vidas, inclusive as de norte-americanos. Para não falar das repercussões comerciais, já que outros países se perguntariam se deveriam continuar confiando no sistema norte-americano ou migrar para outros”, apontou Leonardi.

Multiconstelação

Professor da Universidade de Brasília (UnB), onde coordena o Laboratório de Automação e Robótica (Lara), Geovany Araújo Borges, concorda com a avaliação de que, tecnicamente, os EUA poderiam interromper o sinal do GPS ou mesmo tornar o sistema menos eficaz para uma determinada região, mas não crê que isso venha a ocorrer.

“Se fizessem isso sem aviso prévio, os norte-americanos assumiriam o risco de contrariar seus próprios interesses em território brasileiro”, endossou Borges, acrescentando que boa parte dos sistemas e equipamentos eletrônicos modernos são capazes de receber o sinal de mais de um sistema de geolocalização. De maneira geral, os sinais enviados pelos satélites que integram os diferentes sistemas em operação são captados por receptores embutidos em veículos, aeronaves, espaçonaves, navios, munições guiadas de precisão, aplicativos e telefones celulares, além de equipamentos de monitoramento de uso industrial, civil e militar.

“A maioria dos aparelhos celulares, por exemplo, já é multiconstelação, ou seja, é capaz de receber, automaticamente, o sinal de diferentes sistemas. De forma que, em termos de localização, nossos celulares seguiriam funcionando normalmente se deixássemos de receber o sinal do GPS. A mesma lógica vale para muitos outros sistemas [dependente de serviços de posicionamento, navegação e temporização global]: se o sistema de sincronização for redundante, o impacto será limitado”, disse Borges, defendendo a importância de um país dispor de tecnologias próprias neste setor.

Ele lembra que, independentemente das intenções norte-americanas ou de haver alternativas ao GPS, hoje o Brasil depende de outras nações neste que é um campo estratégico.

Anúncio

“Várias áreas perdem com isso. Não só porque um país independente tem que ter um setor de defesa aeroespacial forte, como porque o desenvolvimento de tecnologias aeroespaciais beneficia outros segmentos, como, por exemplo, a medicina, a indústria e a agropecuária”, comentou o professor, assegurando que o Brasil dispõe de mão de obra qualificada e capacidade de desenvolver, a longo prazo, seu próprio sistema.

“Nosso problema não é RH [recursos humanos]. É dinheiro. Temos pessoal capacitado. A questão é se temos condições de bancar um projeto desta envergadura. Principalmente porque, qualquer coisa neste sentido que comecemos hoje, demorará a vingar. Até mesmo porque alguns países não aceitarão exportar certos componentes essenciais. Então, teremos que, paralelamente, desenvolver nossa indústria de microeletrônica, investir mais em educação básica e assegurar que este projeto seja uma política de Estado. Neste sentido, ainda que tardia, é positiva a criação de um grupo de especialistas para debater o tema”, finalizou Borges.

Continuar Lendo

Geral

Lula emite nota sobre medida dos EUA contra ministros da Suprema Corte

Redação Informe 360

Publicado

no

O Presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, divulgou uma carta/nota neste sábado(19), em apoio aos ministros do Supremo Tribunal Federal, ao serem atingidos pelo presidente americano Donald Trump. Leia abaixo:

Minha solidariedade e apoio aos ministros do Supremo Tribunal Federal atingidos por mais uma medida arbitrária e completamente sem fundamento do governo dos Estados Unidos.

A interferência de um país no sistema de Justiça de outro é inaceitável e fere os princípios básicos do respeito e da soberania entre as nações.

Estou certo de que nenhum tipo de intimidação ou ameaça, de quem quer que seja, vai comprometer a mais importante missão dos poderes e instituições nacionais, que é atuar permanentemente na defesa e preservação do Estado Democrático de Direito.

 

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Presidente da República
 

Anúncio
Continuar Lendo

Em Alta