Esporte
Fred se despede do futebol com vitória e nos braços da torcida
Foram 417 gols em 827 partidas como jogador profissional de futebol. Aos 38 anos, Frederico Guedes Chaves encerrou a carreira do mesmo jeito que a começou: vencendo. Foi assim em 26 de janeiro de 2003, quando estreou pelo América-MG, contra o Guarani-MG, em Divinópolis (MG), pelo Campeonato Mineiro.
E não foi diferente no último sábado (9), no Maracanã, no Rio de Janeiro. Como há 19 anos, Fred saiu do banco de reservas e celebrou um triunfo – 2×1 – após o apito final. Desta vez, sobre o Ceará, pela 16ª rodada do Campeonato Brasileiro.
O contexto emocional deixou em segundo plano o fato de o tricolor carioca ter atingido a quinta vitória seguida e assumido, provisoriamente, a vice-liderança da competição, com 27 pontos, dois a menos que o Palmeiras. O Ceará, que não perdia há 11 jogos no Brasileirão, segue com 18 pontos, em 16º, podendo encerrar o fim de semana na zona de rebaixamento se o Atlético-GO pontuar ou se o Cuiabá vencer na rodada.
Fred foi chamado pelo técnico Fernando Diniz aos 30 minutos do segundo tempo, entrando em campo dois minutos depois, para explosão dos mais de 63 mil torcedores no Maracanã – muitos deles com máscaras alusivas ao ídolo, aos gritos de “O Fred vai te pegar”.
O Fluminense já vencia por 2×0, com homenagens à estrela da noite nos dois gols. O primeiro foi de Germán Cano, justamente quem deu lugar a Fred na etapa final. O segundo gol saiu dos pés do também atacante Matheus Martins.
Aos 37 minutos, usando a braçadeira de capitão, Fred brigou pela bola na esquerda, mas a tentativa de cruzamento explodiu na defesa. Dois minutos depois, o veterano reclamou, em tom de brincadeira, com o atacante Caio Paulista, que bateu cruzado rente à meta do Ceará. Aos 40, o centroavante apareceu na própria área para ajudar a zaga a afastar o escanteio batido pelo meia Vina. A todo instante, os companheiros buscavam o ídolo para ajudá-lo a se despedir com gol, o que não aconteceu.
Festa e emoção no fim do jogo
Nos acréscimos, o zagueiro Luís Otávio ainda descontou para o Ceará: 2×1. Nada, porém, que interferisse na festa. O apito final do árbitro Luiz Flávio de Oliveira deu início às homenagens. Primeiro, Fred subiu em uma bicicleta para dar uma volta olímpica no Maracanã, em referência à volta dele ao Fluminense, em 2020, quando pedalou de Belo Horizonte (ele defendia o Cruzeiro) até o Rio de Janeiro. Em seguida, colocou os pés na calçada da fama do estádio e assistiu a vídeos com mensagens de jogadores e funcionários do clube.
“Em 2009 [quando o Fluminense escapou da queda à Série B do Brasileiro], foi como um título para a gente. Todos nos deram como rebaixados. Vocês [torcedores] lotaram o Maracanã e nos reergueram. Formamos o time campeão de 2010, vice em 2011 e campeão em 2012. [Vocês me] deram a oportunidade de ser campeão com a Seleção Brasileira nesse estádio [em 2013, na Copa das Confederações]. Em 2014 [após a Copa do Mundo no Brasil], foi o momento profissional mais difícil da minha vida. Todos falaram que eu estava acabado, menos vocês. Em 2019, estava com a decisão de parar. Tinha engordado oito quilos. Só vocês me escolheram de novo”, declarou Fred, no gramado, antes de enaltecer o elenco tricolor.
“Tenho certeza que esse time será campeão esse ano. Não falo pelo que estamos jogando, mas pelo tanto que vocês [jogadores] trabalham, guerreiros. Fernando [Diniz, técnico do Flu], obrigado por tudo que você está fazendo, todos os jogadores”, completou o ídolo do Fluminense, que foi para os braços da torcida ao final da homenagem.
Fred em números
A camisa grená é a que Fred mais vestiu. O jogo com o Ceará foi o 382º pelo Fluminense, clube pelo qual marcou 199 gols e do qual é o maior artilheiro em partidas oficiais, além de ser o segundo na história – Waldo, atacante dos anos 50, balançou as redes 319 vezes. Foram duas passagens pelas Laranjeiras. Na primeira, entre 2009 e 2016, além dos títulos nacionais, ele foi campeão carioca em 2012. O retorno se deu em 2020, com o troféu do Estadual deste ano sendo o último da carreira.
Revelado pelo América-MG, em 2003, Fred também defendeu Cruzeiro, Atlético-MG e Lyon (França). No Cruzeiro, ele foi bicampeão mineiro (2018 e 2019) e venceu a Copa do Brasil de 2018, todos na segunda passagem pelo clube celeste (a primeira foi entre 2004 e 2005). No Galo, obteve o título estadual de 2017. Na Europa, foi três vezes campeão francês (2005/06, 2006/07 e 2007/08) e ergueu o troféu da Copa da França de 2008.
Fred encerrou a carreira como o maior artilheiro do Campeonato Brasileiro na era dos pontos corridos (desde 2003) e o segundo na história da competição, com 158 gols, atrás somente de Roberto Dinamite, do Vasco (190). Ele é, também, o goleador máximo da Copa do Brasil, com 37 gols, um a mais que Romário.
Pela Seleção Brasileira, Fred fez 40 partidas e 18 gols. Três estão entre os mais marcantes da carreira. Um deles decidiu a vitória – 2×0 – sobre a Austrália, na primeira fase da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha. Os outros dois foram anotados na final da Copa das Confederações – 3×0 – sobre a Espanha, no Maracanã.
Esporte
Botafogo é Campeão Brasileiro e iguala feito de Santos e Flamengo
Dois títulos em nove dias. Não faltam motivos para a torcida do Botafogo comemorar. Campeão da Libertadores no sábado e do Brasileirão neste domingo, a equipe igualou um feito poucas vezes conquistado ao longo da história. Antes do time de Artur Jorge, só o Santos (em 1962 e 1963) e o Flamengo (em 2019) haviam alcançado essa façanha.
O Santos venceu as edições de 1962 e 1963 da Taça Brasil – que ganhou status de Brasileiro após resolução da CBF em 2010 – e da Libertadores. Comandado por Pelé, o Peixe dominou o futebol do país naquela década e conquistou o status de um dos melhores times de todos os tempos.
Foto dos jogadores campeões do Brasileiro e da Libertadores de 2024 — Foto: André Durão
Desde que a competição ganhou o nome de Campeonato Brasileiro, em 1971, só o Flamengo de 2019 havia conquistado os dois títulos. Na ocasião, a equipe venceu o Brasileiro um dia depois da Libertadores.
O Botafogo de Artur Jorge foi campeão da Libertadores em cima do Atlético-MG, tornando-se o segundo time na história a ganhar o torneio começando desde a fase prévia (o primeiro havia sido o Estudiantes, em 2009).
A equipe viaja para o Catar ainda neste domingo. O time estreará na Copa Intercontinental na quarta-feira contra o Pachuca, do México.
GE
Esporte
Botafogo supera expulsão e conquista Libertadores da América
Neste sábado (30), o Glorioso alcançou a maior conquista em 120 anos de história. Mesmo perdendo o volante Gregore expulso com menos de um minuto de jogo, a equipe carioca venceu o Atlético-MG por 3 a 1, no Estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, na Argentina, garantindo o título inédito da Libertadores.
A conquista marca o fim de um longo jejum de títulos para além do âmbito carioca ou regional. O último grande troféu erguido pelo Botafogo era a do Campeonato Brasileiro de 1995, liderado pelo artilheiro Túlio Maravilha. De lá para cá, o Alvinegro até venceu cinco Estaduais (1997, 2006, 2010, 2013 e 2018) e um Torneio Rio São-Paulo em 1998, mas acumulou três rebaixamentos à Série B em menos de 20 anos.
A volta por cima
A Libertadores é o primeiro título desde que a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube foi comprada pelo empresário inglês John Textor. No ano passado, o Botafogo esteve perto de conquistar o Brasileirão, com 13 pontos de vantagem para o segundo colocado ao final do primeiro turno, mas teve grande queda de produção na metade final da competição. Após 11 jogos sem vencer e viradas inacreditáveis sofridas contra Palmeiras e Grêmio, a equipe terminou o campeonato em quinto lugar.
A derrocada obrigou o Botafogo a disputar a fase preliminar da Libertadores deste ano, passando por Aurora, da Bolívia, e Red Bull Bragantino para chegarem à fase de grupos. Apesar do início ruim, com derrotas para Junior Barranquilla, da Colômbia, e LDU, do Equador, o Glorioso emplacou três vitórias seguidas e se classificou ao mata-mata onde bateu Palmeiras, São Paulo (ambos de forma dramática) e Penãrol, do Uruguai, este último com direito a goleada por 5 a 0 no Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro.
A volta por cima pós-2023 está coroada, mas pode ficar ainda mais gloriosa. O Botafogo lidera o Brasileirão com 73 pontos, três a mais que o Palmeiras, restando duas rodadas para o fim da competição – Internacional e Fortaleza, com 65 pontos e três jogos pela frente, ainda podem alcançar o Alvinegro.
Partiu, Mundial
De quebra, o Botafogo se credenciou a duas competições da Federação Internacional de Futebol (Fifa). A primeira é a Copa Intercontinental, que substitui, no calendário, o Mundial de Clubes. No dia 11 de dezembro, em Doha, no Catar, o Glorioso encara o Pachuca, do México, vencedor da Concacaf (entidade responsável pela modalidade no Caribe e nas Américas do Norte e Central). Quem passar, pega na semifinal o Al-Ahly, do Egito, campeão africano. A final será contra o Real Madrid, da Espanha, ganhador da Liga dos Campeões da Europa.
Já entre 15 de junho e 13 de julho, o desafio será o novo Mundial da Fifa, nos Estados Unidos. O torneio reunirá 32 clubes, sendo seis da América do Sul. Quatro deles são os brasileiros campeões das últimas edições da Libertadores. Além do Botafogo, estarão Palmeiras (2021), Flamengo (2022) e Fluminense (2023). Os argentinos Boca Juniors e River Plate completam os representantes sul-americanos.
E agora, Galo?
O Atlético-MG, por sua vez, voltou a ser derrotado em uma final de 2024, após perder a Copa do Brasil para o Flamengo. Sem vencer há 11 partidas, sendo sete pelo Brasileirão, o Galo caiu na tabela do campeonato nacional e aparece na décima posição, com 44 pontos, a três do Bahia, oitavo colocado e que, com o título do Botafogo, passou a herdar uma vaga na fase preliminar da próxima Libertadores. Resta aos mineiros correr atrás de uma nova chance para tentar o bi em 2025.
Um a menos, dois a mais
Trinta e três segundos. Disputa de bola no círculo central entre Gregore, do Botafogo, e Fausto Vera, do Atlético-MG. O volante do Glorioso atinge a cabeça do argentino, que sangra. O árbitro Facundo Tello não tem dúvidas: cartão vermelho. Com menos de um minuto de jogo, os cariocas já estavam com um homem a menos na partida mais esperada da temporada.
A expectativa era tanto de pressão atleticana, fazendo valer a superioridade numérica em campo, como de alguma mudança por parte do Botafogo, para conter os ataques do adversário, reforçando o sistema de meio-campo ou defensivo com a saída de um atacante. Nem uma coisa, nem outra. O Galo se postou no campo ofensivo, mas assustou somente em chutes da entrada da área do atacante Hulk, defendidos pelo goleiro John.
Com apenas 22% de posse de bola, 79 passes trocados e um jogador a menos, o Botafogo foi letal. Aos 34 minutos, aventurou-se pela primeira vez no ataque. Na base da troca de passes, o meia Thiago Almada abriu para o atacante Luiz Henrique, que escapou da marcação pela esquerda ao invadir a área e rolou para o volante Marlon Freitas chutar. A batida explodiu no zagueiro Júnior Alonso e sobrou para Luiz Henrique, que mandou para as redes.
O Botafogo soube aproveitar a instabilidade do Atlético-MG. Aos 41, na segunda investida dos cariocas, Everson e Guilherme Arana não se entenderam na marcação e Luiz Henrique se antecipou ao lateral do Galo. O goleiro, então, derrubou o atacante do Glorioso na entrada da área. Com ajuda do árbitro de vídeo (VAR), Facundo Tello deu pênalti, que o lateral Alex Telles bateu e converteu.
Fogão se segura e comemora
Para a etapa final, Gabriel Milito promoveu logo três mudanças, com as entradas do lateral Mariano, do meia Bernard e do atacante Eduardo Vargas nas vagas do zagueiro Lyanco e dos meias Gustavo Scarpa e Fausto Vera. Com um minuto, as trocas já deram resultado. No primeiro ataque do Galo, escanteio. Hulk cobrou na área e Vargas, livre, sem precisar saltar, mandou de cabeça, no ângulo de John, descontando para o Atlético-MG. Aos oito, os mineiros reclamaram de um pênalti de Marlon Freitas em Deyverson, que não teria sido marcado.
Os gritos de “Eu acredito!”, entoados pela torcida atleticana na campanha do título da Libertadores de 2013, tomaram o Monumental. Percebendo o crescimento do adversário, Arthur Jorge respondeu às trocas de Milito, mandando a campo o volante Danilo Barbosa na vaga do meia Jefferson Savarino e o lateral Marçal no lugar de Alex Telles – que já tinha amarelo.
Com Hulk e Mariano ditando o ritmo, o Atlético-MG não saía do campo ofensivo, obrigando os jogadores de frente do Botafogo, como Luiz Henrique e Almada, a reforçarem o sistema defensivo, com dificuldades para contra-atacar. Arthur Jorge, então, trocou a dupla por Júnior Santos e Matheus Martins. Em resposta, Milito deu novo gás ao comando de ataque, com Alan Kardec substituindo Deyverson.
O Galo intensificou a pressão nos instantes finais. Aos 41, Mariano lançou Vargas, que se antecipou à marcação pelo meio e desviou por cima do travessão, com muito perigo. O chileno teve outra grande chance no lance seguinte, em recuo de bola ruim do zagueiro Adryelson que o deixou na frente de John, mas errou na tentativa de encobrir o goleiro.
As oportunidades perdidas fizeram falta. Aos 52 minutos, Júnior Santos fez bela jogada pela direita e tentou cruzar rasteiro para Matheus Martins. O volante Alan Franco até fez o corte, mas o próprio Júnior Santos conferiu para as redes, anotando o décimo gol dele na Libertadores, encerrando a competição como artilheiro. O gol do título.
Edição: Juliana Cézar Nunes
Esporte
Rio e Flamengo assinam compromissos para construção de estádio
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o presidente do Clube de Regatas do Flamengo, Rodolfo Landim, assinaram nesta segunda-feira (25), na sede social da Gávea, na zona sul, o termo de compromisso para viabilizar a construção do estádio rubro-negro na área do Porto Maravilha. De acordo com o documento, serão enviados para a Câmara Municipal dois projetos de lei, que representarão o cumprimento de mais uma etapa para a viabilização do equipamento esportivo.
Estudos da Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico, apontaram que o novo estádio pode movimentar R$ 5,3 bilhões na economia carioca em 10 anos. Nesse cálculo entram os gastos dos torcedores em jogos dentro e fora de casa, de R$ 833 milhões, com compra de ingressos, despesas com transporte no deslocamento, gastos em bares e restaurantes.
“É uma importante conquista para a cidade. Tudo o que fizemos respeitou o direito, o processo de desapropriação, o leilão. Tudo foi muito aberto e feito dentro das regras. O que estamos fazendo hoje é nos comprometer em permitir que o Flamengo faça uso de algo que já lhe pertence. O Flamengo não ganhou o terreno da prefeitura, ele comprou pagando o valor adequado. Nós criamos as condições para que o Flamengo tenha plena capacidade para exercer um direito que já possui. Já que o poder público não permite que o clube construa na área que lhe pertence, estamos permitindo que o faça em outra área”, explicou o prefeito do Rio.
O primeiro projeto de lei a ser encaminhado à Câmara Municipal tem por objetivo transferir o potencial construtivo que o Flamengo tem em sua sede na Gávea para outros locais da cidade. Com essa operação, o clube poderá negociar esse direito de construção em outras áreas do município e a previsão é a de que arrecade cerca de R$ 500 milhões. Esses recursos só poderão ser usados na construção do estádio.
O segundo projeto de lei vai isentar o Flamengo do pagamento de outorga de direito urbanístico adicional (Cepacs) à Caixa Econômica Federal, de quem adquiriu o terreno para a construção do estádio. Para evitar prejuízos à instituição financeira, medidas compensatórias dentro da Operação Consorciada do Porto Maravilha serão ofertadas pelo município ao banco. Esse segundo projeto de lei fará com que o clube rubro-negro deixe de pagar mais R$ 500 milhões pelo imóvel à Caixa.
“O evento serviu como uma prestação de contas para a prefeitura sobre a evolução do projeto e tudo o que nos foi cobrado pelo município em termos de adequação às exigências urbanísticas. E assinamos o documento que nos dá o potencial construtivo da Gávea para construir em outro local. Um valor em torno de R$ 500 milhões, algo muito importante para auxiliar na construção do estádio”, disse Rodolfo Landim, acrescentando que a inauguração do estádio está prevista para o dia 15 de novembro de 2029.
Em 2023, o clube atraiu 1,8 milhão de torcedores, em 33 jogos. A receita do Flamengo com o novo estádio deve ser 10% maior que a registrada em 2023 de R$ 1,374 bilhão. A movimentação econômica total deve ficar em R$ 2,3 bilhões, ou seja, R$ 329,1 milhões a mais que no ano passado.
Agencia Brasil
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