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Saúde

Como a doença de Parkinson age no cérebro?

Redação Informe 360

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A doença de Parkinson é uma das condições neurológicas mais estudadas, mas ainda causa muitas dúvidas sobre seu funcionamento interno. Ela afeta principalmente o cérebro, interferindo na capacidade de controlar os movimentos e provocando sintomas que impactam diretamente a qualidade de vida.

Mas o que acontece de verdade dentro do cérebro quando alguém desenvolve essa doença? Como a doença de Parkinson age no cérebro e por que seus efeitos são tão específicos?

Entender os processos biológicos e químicos por trás dessa doença é essencial para avançar no diagnóstico precoce e no desenvolvimento de tratamentos mais eficazes. Aqui, vamos destrinchar o que ocorre dentro do cérebro, as áreas afetadas, as alterações químicas e as consequências dessas mudanças no corpo.

O que é a doença de Parkinson?

Antes de falar do cérebro, é fundamental esclarecer o básico: a doença de Parkinson é um distúrbio neurodegenerativo progressivo que afeta o sistema nervoso central.

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Ela provoca a morte gradual dos neurônios responsáveis pela produção de dopamina, um neurotransmissor vital para o controle dos movimentos. A falta de dopamina gera os principais sintomas da doença, como tremores, rigidez muscular, lentidão e instabilidade postural.

Imagem: Daisy Daisy/ Shutterstock

Essa doença é crônica, ou seja, não tem cura definitiva até o momento, mas pode ser manejada com medicamentos, terapias e, em alguns casos, cirurgia. A maioria dos pacientes começa a apresentar sintomas após os 60 anos, mas existem casos de Parkinson precoce, que ocorrem em idades menores.

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A base cerebral do Parkinson: a substância negra

No centro do problema está uma região do cérebro chamada substância negra (ou substantia nigra), localizada na parte média do cérebro, no mesencéfalo. É ali que ficam os neurônios dopaminérgicos que produzem a dopamina, neurotransmissor fundamental para a coordenação dos movimentos voluntários.

Na doença de Parkinson, esses neurônios da substância negra começam a degenerar e morrer. Com a diminuição da produção de dopamina, as vias neurais que controlam os movimentos ficam comprometidas, causando os sintomas motores típicos da doença.

localização da "substância negra" no cérebro, responsável por origem da doença de parkinson
Localização da “substância negra” no cérebro, responsável por origem da doença de parkinson (Imagem: Dall-E/Danilo Oliveira/Olhar Digital)

Como a dopamina funciona e seu papel no movimento

A dopamina é como uma moeda de troca química entre os neurônios. Ela ajuda a transmitir sinais que regulam o movimento e o equilíbrio, além de influenciar o humor e a motivação. No sistema motor, a dopamina atua em conjunto com outras áreas do cérebro, especialmente os gânglios da base, que são grupos de neurônios que coordenam os movimentos.

Quando há menos dopamina disponível, o circuito que liga a substância negra aos gânglios da base não funciona direito, resultando em dificuldade para iniciar movimentos, tremores e rigidez muscular.

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O processo degenerativo: morte dos neurônios dopaminérgicos

Por que os neurônios da substância negra morrem? Essa é uma questão complexa e ainda parcialmente misteriosa, mas pesquisas indicam que o processo está ligado a fatores genéticos, ambientais e celulares.

Um dos principais suspeitos é o acúmulo anormal de uma proteína chamada alfa-sinucleína dentro dos neurônios. Essa proteína forma agregados chamados corpos de Lewy, que são tóxicos e prejudicam o funcionamento celular. Com o tempo, a presença dessas proteínas anormais causa estresse oxidativo, inflamação e danos nas mitocôndrias (as “usinas de energia” das células), levando à morte celular.

Ilustração mostra como neurônios se formam, destacando sua estrutura complexa com dendritos e axônios, representando comunicação neural e função cerebral
Ilustração de neurônios, destacando sua estrutura complexa com dendritos e axônios, representando comunicação neural e função cerebral (Imagem: Kateryna Kon / Shutterstock)

Além disso, mutações genéticas em certos genes (como LRRK2 e PARK7) aumentam o risco de desenvolver Parkinson. Fatores ambientais, como exposição a pesticidas e metais pesados, também parecem contribuir para esse processo.

O papel dos gânglios da base e do circuito motor

Os gânglios da base são um conjunto de núcleos profundos no cérebro que modulam o movimento. Eles recebem sinais da substância negra e outras áreas para planejar e executar movimentos suaves e coordenados.

Na doença de Parkinson, com a queda da dopamina, o equilíbrio dentro desses circuitos é quebrado. Isso provoca um excesso de atividade em certas vias que inibem o movimento, o que explica a lentidão (bradicinesia) e a rigidez muscular. Esse desbalanceamento causa também o tremor em repouso, outro sinal clássico do Parkinson.

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Sintomas não motores e o cérebro

Embora a doença de Parkinson seja conhecida pelos sintomas motores, ela também afeta outras funções cerebrais. Muitas vezes, sintomas como depressão, ansiedade, distúrbios do sono, problemas cognitivos e perda de olfato aparecem antes mesmo dos sinais motores.

Esses sintomas surgem porque o Parkinson não ataca apenas a substância negra, mas também outras áreas do cérebro, como o sistema límbico (envolvido nas emoções) e o córtex pré-frontal (ligado à cognição).

Parkinson
Imagem: Chinnapong/Shutterstock

Como o diagnóstico reflete as mudanças cerebrais

Atualmente, o diagnóstico do Parkinson é clínico, baseado nos sintomas e exame neurológico. Exames de imagem, como a ressonância magnética, geralmente não mostram alterações evidentes no início da doença.

No entanto, técnicas mais avançadas, como a tomografia por emissão de pósitrons (PET) e a SPECT, podem avaliar a função dos neurônios dopaminérgicos, revelando a perda progressiva desses neurônios na substância negra.

Tratamentos e seu impacto no cérebro

Os tratamentos atuais para a doença de Parkinson visam compensar a falta de dopamina. O mais comum é o uso de levodopa, que é convertida em dopamina no cérebro, melhorando os sintomas motores.

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Outros medicamentos agem estimulando diretamente os receptores de dopamina ou bloqueando vias que inibem o movimento. Além disso, a estimulação cerebral profunda (DBS) é uma intervenção cirúrgica que utiliza eletrodos para modular a atividade dos gânglios da base, restaurando o equilíbrio do circuito motor.

Embora esses tratamentos não revertam a degeneração dos neurônios, eles permitem que os pacientes mantenham a qualidade de vida por mais tempo.

Imagem: Edit 4 Me/Shutterstock

Pesquisas e o futuro: o que pode mudar no entendimento da doença

O que está no horizonte para a doença de Parkinson? A comunidade científica está atrás de tratamentos que vão além do controle dos sintomas, tentando frear ou até mesmo impedir a progressão da degeneração cerebral.

Pesquisas em terapias gênicas, uso de células-tronco para substituir neurônios perdidos e novos medicamentos para prevenir o acúmulo da alfa-sinucleína estão em andamento.

Além disso, o estudo de biomarcadores para diagnóstico precoce pode revolucionar o combate à doença, permitindo intervenções antes do cérebro estar gravemente comprometido.

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Saúde

Neuralink: pacientes do Reino Unido receberão chip cerebral de Elon Musk

Redação Informe 360

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Ajudar pessoas com algum tipo de paralisia e mudar por completo a vida delas. Essa é a promessa feita pela Neuralink, empresa do bilionário Elon Musk responsável pelo desenvolvimento dos chamados chips cerebrais.

Estes dispositivos já foram implantados em alguns pacientes humanos e as operações agora devem ser expandidas. A companhia anunciou que irá começar a realizar testes com a tecnologia em pacientes do Reino Unido.

neuralink
Chip cerebral pode ajudar pessoas com paralisia grave a controlar dispositivos digitais e físicos usando apenas seus pensamentos (Imagem: rafapress/Shutterstock)

Sete participante receberão os dispositivos

O estudo clínico foi aprovado pela Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido e contará com a colaboração da University College London Hospitals, NHS Foundation Trust e Newcastle upon Tyne Hospitals. O objetivo é testar como o chip cerebral pode ajudar pessoas com paralisia grave a controlar dispositivos digitais e físicos usando apenas seus pensamentos.

De acordo com a Neuralink, este é um passo importante para levar a tecnologia de interface cérebro-computador (BCI) para pessoas que sofrem de distúrbios neurológicos em todo o mundo. A empresa ainda ressaltou o sucesso das operações nos Estados Unidos.

neuralink implante
Empresa vai implantar dispositivos em sete pacientes britânicos (Imagem: Kemarrravv13/Shutterstock)

No total, o novo estudo clínico envolverá sete participantes que sofreram perda significativa de movimento devido a lesões na medula espinhal ou condições neurológicas, como a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Cada paciente receberá o chip N1, que vai permitir que eles operem um smartphone ou tablet apenas com o pensamento.

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Neuralink elon musk
Neuralink domina o mercado de chips cerebrais (Imagem: T. Schneider/Shutterstock)

Chips cerebrais também levantam preocupação

  • Embora a abordagem tecnológica da Neuralink seja vista como inovadora, há preocupações sobre o uso de seus dispositivos para controle de comportamento.
  • Críticos alertam para a falta de regulamentação e a possibilidade de que um chip implantado no cérebro possa atuar sem supervisão apropriada, levantando questões éticas sobre o uso da tecnologia.
  • A empresa realizou testes em animais e cerca de 1.500 deles acabaram morrendo.
  • Já em humanos, os fios retraíram em um paciente, reduzindo o número de eletrodos capazes de decodificar sinais cerebrais.
  • A companhia de Elon Musk conseguiu restaurar alguma funcionalidade ajustando o algoritmo para aumentar a sensibilidade.
  • No entanto, o caso gerou ainda mais discussões sobre a segurança e eficácia das operações.

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Saúde

Respiramos muito mais microplásticos do que se pensava, revela estudo

Redação Informe 360

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Os microplásticos já foram localizados em praticamente todos os lugares, sendo identificados na água e até no solo. Por conta disso, não surpreende que estas pequenas partículas estejam presentes em diversos órgãos humanos.

O cenário acende um alerta, especialmente pelo fato de não sabermos ao certo quais os impactos destas substâncias para a nossa saúde. Para aumentar a preocupação sobre o assunto, um estudo publicado nesta quinta-feira (31) revelou a quantidade de microplásticos que inalamos todos os dias.

Microplásticos
Microplásticos podem ser encontrados até mesmo na água (Imagem: Uladzimir Zuyeu/iStock)

Resultados surpreenderam os cientistas

O trabalho foi realizado por pesquisadores da Universidade de Toulouse, na França, e publicado na revista PLOS. Ele apontou que adultos inalam cerca de 3.200 partículas microplásticas maiores, na faixa de 10 a 300 micrômetros de diâmetro, e 68 mil menores, de 1 a 10 micrômetros, por dia.

A equipe observa que estes números são 100 vezes maiores do que se pensava até então. Os resultados alertam para danos importantes nos nossos pulmões causados por estas partículas. Segundo os cientistas, esses fragmentos minúsculos “podem entrar profundamente em nosso sistema respiratório e potencialmente causar inflamação ou irritação”.

imagem mostra homem tossindo com problema no pulmão
Partículas podem causar problemas nos pulmões (Imagem: New Africa/Shutterstock)

Os autores ainda explicam os microplásticos carregam aditivos tóxicos, como o bisfenol A, ou ftalatos, que podem entrar na nossa corrente sanguínea. Dessa forma, eles acreditam que a exposição a longo prazo pode contribuir para problemas respiratórios, interromper a função endócrina e aumentar o risco de distúrbios do neurodesenvolvimento, defeitos congênitos reprodutivos, infertilidade, doenças cardiovasculares e até cânceres.

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Estes pequenos pedaços de plástico podem ser perigosos (Imagem: SIVStockStudio/Shutterstock)

Efeitos dos microplásticos ainda não são totalmente conhecidos

  • Os microplásticos são pequenas partículas sólidas de materiais baseados em polímero com menos de cinco milímetros de diâmetro.
  • Além de levar milhares, ou até milhões de anos para se decompor, elas estão espalhadas por todo o planeta, inclusive na própria água potável.
  • Essas substâncias podem ser divididas em duas categorias: primárias e secundárias.
  • Os primários são projetados para uso comercial: são produtos como cosméticos, microfibras de tecidos e redes de pesca.
  • Já os secundários resultam da quebra de itens plásticos maiores, como canudos e garrafas de água.
  • Este tipo de material já foi detectado em diversos órgãos humanos, sendo encontrados no sanguecérebrocoração, pulmões, fezes e até mesmo em placentas.
  • Estudos recentes sugeriram que a exposição aos microplásticos pode, inclusive, afetar a produção de espermatozoides nos testículos, contribuindo para o declínio da fertilidade.

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Saúde

Tomografia e exames de imagem causam câncer? Entenda a polêmica

Redação Informe 360

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Uma descoberta preocupante vem ganhando espaço nos noticiários: um estudo da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF) sugere que o uso excessivo de tomografias pode estar ligado a até 5% dos casos anuais de câncer. O dado acende um alerta sobre os riscos da exposição frequente à radiação presente no exame, e levanta uma dúvida crucial: afinal, tomografia computadorizada causa câncer?

Embora o estudo tenha causado preocupação, especialistas alertam para diversas ressalvas quanto às suas conclusões. Por isso, reunimos os principais pontos levantados por profissionais da área para analisar o que é cientificamente válido, e o que exige cautela na interpretação dos dados.

É verdade que exames de imagem, como tomografias, podem causar câncer?

Tomografia. Accuray/Unsplash
Estudo na Califórnia aponta risco de câncer em exames de tomografia. Accuray/Unsplash

O estudo da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF) gerou grande repercussão ao estimar que até 5% dos casos de câncer nos EUA poderiam estar ligados ao uso excessivo de tomografias computadorizadas.

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O levantamento feito com mais de 93 milhões de tomografias em 62 milhões de pacientes nos Estados Unidos revelou que a exposição à radiação ionizante desses exames pode trazer riscos reais à saúde. Ao calcular as doses de radiação aplicadas, os pesquisadores observaram que mesmo pequenos riscos de câncer se tornam significativos diante do alto número de exames realizados anualmente.

Segundo o estudo, cerca de 103 mil casos de câncer podem surgir devido à radiação das tomografias feitas em apenas um ano, representando até 5% dos novos diagnósticos anuais de câncer.

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Esse índice foi comparado ao impacto de fatores como alcoolismo e obesidade, sugerindo que, embora a tomografia seja uma ferramenta essencial na medicina, seu uso deve ser avaliado com cautela para evitar consequências à saúde pública. No entanto, especialistas têm feito ressalvas importantes sobre essa conclusão.

Por que especialistas estão questionando a conclusão desse estudo?

Jovem com uma criança aguardando para realizar uma tomografia computadorizada.
Bebês são os mais vulneráveis à radiação de tomografias computadorizadas/Shutterstock_Svitlana Hulko

Apesar da repercussão, o estudo da Universidade da Califórnia em São Francisco enfrenta críticas relevantes da comunidade médica. Um dos principais pontos é a ausência de grupo de controle, ou seja, não houve comparação com pessoas que nunca realizaram tomografias, o que compromete a precisão das estimativas.

Além disso, os pesquisadores basearam seus cálculos de risco em dados de sobreviventes dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, que foram expostos a doses agudas e únicas de radiação, muito superiores às doses fracionadas e controladas usadas em tomografias computadorizadas.

Essa comparação é considerada inadequada por muitos especialistas, já que os contextos são completamente distintos.

Jovem médico examinando a imagem de raio-x da tomografia computadorizada
Especialistas questionam estudo sobre o risco de câncer em tomografias/Shutterstock_
Andrew Angelov

Diversas entidades médicas, como o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e organizações nos Estados Unidos, têm se manifestado em defesa do uso responsável da tomografia. Eles destacam que o exame é essencial para diagnósticos precisos e que os riscos devem ser avaliados com base em evidências clínicas reais, não apenas projeções estatísticas.

Segundo posicionamento do CBR, o modelo adotado no estudo parte da suposição de que qualquer exposição à radiação (por menor que seja) eleva proporcionalmente o risco de câncer. No entanto, essa hipótese é alvo de críticas, uma vez que se trata das doses baixas e fracionadas, comuns na maioria das tomografias realizadas atualmente.

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Além disso, o CBR ressalta que os resultados do estudo não foram obtidos por meio de observações clínicas diretas, mas sim por modelagens estatísticas e projeções teóricas, o que levanta dúvidas sobre sua aplicabilidade na prática médica cotidiana.

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