Ligue-se a nós

Negócios

Por Que o CEO de Terceira Geração da Família Bich Está Passando o Bastão?

Redação Informe 360

Publicado

no

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

Neto do fundador da Bic, Marcel Bich, e filho do ex-CEO Bruno Bich, Gonzalve Bich é a terceira geração a ocupar o cargo de CEO da icônica empresa de canetas, barbeadores e isqueiros. No entanto, ele não conseguiu o cargo apenas por seus laços familiares. Ele passou mais de 20 anos atuando em diversas posições dentro da empresa, subindo degrau por degrau até chegar ao escritório do CEO.

Uma vez no comando, liderou a companhia por várias transições para modernizar sua estratégia e abordagem de mercado, impulsionando um crescimento sólido. Em dezembro, Gonzalve Bich anunciou que deixará o cargo até 30 de setembro. A Forbes conversou com ele sobre sua trajetória na empresa, a estratégia de transformação da companhia e seus próximos passos.

Anúncio

A Bic é a empresa da sua família, mas como você começou a trabalhar nela? Como foi sua trajetória profissional?

Bich: Eu trabalhava em Nova York como consultor de gestão na Deloitte e tinha decidido sair da empresa. Meu pai era o CEO na época. Estávamos voltando de carro da casa dele, e ele me disse: “você pode me fazer um favor? Poderia ir para Singapura resolver um pequeno problema para mim? Você ficará lá por três meses.” Eu respondi: “Claro, pai.”

Isso foi há mais de 20 anos. Acabei indo para lá e, rapidamente, me tornei responsável por nossas operações na Ásia. Passei a maior parte de 14 anos indo de uma unidade de negócios a outra, transformando cada uma delas. Era assim que eu era designado: “temos um problema. Ninguém quer lidar com isso. Vamos mandar o Gonzalve.” Foi uma experiência muito interessante. Aprendi muito. E, conforme avançávamos, os negócios foram ficando cada vez maiores.

Também tive algumas funções ligadas a áreas específicas. Fui responsável pelo desenvolvimento de pessoas por pouco mais de um ano, o que foi fascinante. Minha função era identificar, treinar, reter e desenvolver os 250 principais talentos da organização naquele momento. O interessante é que muitas dessas pessoas ainda estão na Bic. Isso foi em 2007. Os jovens talentos que identifiquei naquela época, muitos deles hoje são diretores de continente, líderes de fábrica ou fazem parte da minha equipe de gestão.

Depois, fui responsável pela área de inovação da nossa divisão de barbeadores, o que me ensinou muito sobre o consumidor. Isso foi antes de 2008, então estamos falando de um mundo onde não era possível fazer coletas automáticas de dados na internet. Não havia milhões de avaliações na Amazon.

Anúncio

Continuei crescendo na organização. Comandei nosso negócio no norte da Europa, fui gerente geral das operações no Reino Unido e na Escandinávia. Foi uma experiência realmente fascinante. Estamos falando de mercados extremamente maduros. Conheci minha esposa em Londres. Nos casamos e, depois disso, assumi a liderança dos mercados em desenvolvimento, que incluíam tudo que não fosse os EUA e a Europa Ocidental. Foi um desafio enorme, mas também um ótimo ponto de partida para uma posição de liderança sênior, pois me permitiu compreender o que é, de fato, um negócio global.

A Bic opera em todos os países do mundo. Vendemos 30 milhões de produtos por dia em todo o planeta, mas de maneiras muito diferentes. Naquela época, o posicionamento da marca variava muito. Em alguns países, éramos vistos como uma empresa de material escolar. Em outros, éramos uma empresa de material de escritório. Em alguns mercados, os barbeadores tinham um peso enorme, enquanto quase ninguém conhecia os isqueiros. Já nos Estados Unidos, o isqueiro era o carro-chefe.

Depois de passar por todas essas funções, veio a pergunta: “você gostaria de ser um candidato a CEO?” Meu antecessor não fazia parte da família. Era um executivo chamado Mario Guevara, que ocupou o cargo por cerca de 10 anos. Além de mim, havia candidatos externos concorrendo. No fim, fui escolhido e assumi a missão de transformar a empresa.

Assim que me tornei CEO, nossos setores começaram a enfrentar um período de declínio. Os negócios principais e tradicionais passaram a ter desafios cada vez maiores. A empresa, na verdade, estava começando a encolher entre 0,5% e pouco mais de 1% ao ano, e a margem EBIT estava caindo. Foi um período muito difícil, que exigiu uma reestruturação completa e uma nova forma de pensar.

Anúncio

A melhor maneira de resumir o que fizemos é com uma frase que meu pai cunhou: “honre o passado, invente o futuro.” A empresa valorizava muito a tradição, mas tinha dificuldade até mesmo de imaginar o futuro que queria construir, muito menos de executá-lo. Os últimos oito anos foram dedicados a transformar a organização em termos de capacidades, estrutura e investimentos. Conseguimos gerar um crescimento anual de 5% nesse período, em setores que crescem pouco ou estão em declínio. Foi um desempenho muito acima da média, ao mesmo tempo em que também conseguimos expandir a margem EBIT.

Por que você decidiu deixar o cargo agora?

O Plano Horizon, que lancei, tem como ponto final o fim de 2025. Sempre quis ter dois capítulos na minha carreira, e esse momento pareceu o ideal para essa transição. Se eu ficasse e reescrevesse a próxima estratégia de crescimento, que se basearia em tudo o que fizemos em termos organizacionais, além das aquisições, isso representaria um novo compromisso de seis a dez anos. Senti que, aos 46 anos, estou em uma posição muito boa para me reinventar e fazer algo diferente. Aos 56, talvez eu não tivesse o mesmo fôlego ou desejo para isso.

Esse momento pareceu natural. Estou muito confiante sobre a situação da empresa. Acredito plenamente na capacidade da organização de superar desafios bastante significativos, basta olhar para os últimos quatro ou cinco anos no contexto macroeconômico e geopolítico.

Anúncio

Quando analiso minha equipe de gestão, vejo que ela nunca esteve tão forte. Estou na empresa há mais de 20 anos e já vi muitas equipes de liderança. A atual está preparada para enfrentar esses desafios. Todos esses fatores se alinharam e me deram a tranquilidade para tomar essa decisão.

Fale sobre o Plano Estratégico Horizon. Quais foram os aspectos mais importantes e como você conseguiu implementá-lo?

Antes do Horizon, existia um plano chamado “Inventar o Futuro”, que foi a reestruturação completa dos negócios. A empresa era montada para otimizar cada unidade operacional, mas não tinha uma estratégia global. Nos 75 anos que antecederam o lançamento do Horizon, a Bic nunca havia tido uma estratégia formalmente escrita. Sempre funcionou da seguinte forma: continue crescendo (expansão demográfica), aumente as unidades, fortalecimento da marca e investimentos. Mas não havia coordenação entre essas ações. A primeira coisa que fiz foi transformar a forma como trabalhávamos.

Gostaria de dizer que tive visão e planejamento antecipado, mas admito que também tive sorte, pois isso aconteceu pouco antes de março de 2020. Adotamos um modelo descentralizado, altamente tecnológico. Quando a pandemia de Covid-19 nos atingiu em meados de março de 2020, conseguimos nos adaptar sem dificuldades. Além disso, nossa estrutura sem dívidas nos permitiu evitar meses de reuniões diárias com o conselho e os bancos para buscar recapitalização. Pudemos seguir em frente sem interrupções. Nunca fechamos uma fábrica, a menos que fosse uma exigência governamental, já que nossos produtos foram classificados como essenciais durante a pandemia. Conseguimos manter todos os funcionários empregados e garantir a produção para atender aos mercados.

Anúncio

Iniciamos o trabalho estratégico no final de 2019, com o lançamento do Horizon previsto para maio de 2020. Apresentamos primeiro à nossa equipe interna e, depois, ao mercado, em novembro de 2020. Essencialmente, foi uma reformulação completa do nosso negócio. Isso aconteceu por meio de uma reinterpretação de cada uma das nossas áreas de atuação.

Em vez de nos enxergarmos apenas como uma fabricante de canetas, passamos a nos definir como uma empresa de expressão humana. Atuamos com coloração, tatuagens, cadernos digitais, tudo o que permite que as pessoas se expressem de diversas maneiras. Isso ampliou nosso mercado potencial de menos de US$ 10 bilhões (R$ 58,1 bilhões) para mais de US$ 50 bilhões (R$ 290,5 bilhões). Não apenas nos deu uma nova aspiração, mas também impulsionou um nível de ambição e engajamento dentro da empresa que não posso descrever. Até mesmo os funcionários das fábricas ficaram animados: isso abriu um mundo de possibilidades para novos produtos, novos canais e novas fontes de receita.

O mesmo aconteceu com o nosso negócio de isqueiros. Reposicionamos a marca como “Flame for Life” e dissemos: não estamos aqui apenas para vender isqueiros de bolso em lojas de conveniência e postos de gasolina onde as pessoas compram cigarros. Nosso objetivo é atender a todas as suas necessidades: velas, incensos, esportes, atividades ao ar livre, churrascos, culinária, entre outros. Expandimos essa área por meio do lançamento de novos produtos e de um forte crescimento geográfico.

Por fim, fizemos algo muito diferente da nossa história. Pegamos nosso negócio de lâminas de barbear, que conta com uma tecnologia incrível. Em muitos países, ele funciona bem sob a marca Bic, mas em outros, não. Por isso, lançamos a Bic Blade Tech, que fornece tecnologia para marcas novas, emergentes e ambiciosas que querem entrar no setor de cuidados pessoais. Elas utilizam nossa tecnologia, a marca delas e o capital próprio para atuar em mercados onde ainda não estamos presentes. Essa iniciativa teve um desempenho muito bom.

Anúncio

É importante entender que a Bic é uma empresa construída por meio de aquisições. Meu avô não inventou a caneta esferográfica; adquirimos a patente. Não inventamos o isqueiro descartável; compramos uma pequena empresa na Bretanha, na França, e a transformamos. Nosso negócio de lâminas veio da aquisição da Violex, uma empresa grega. A Bic sempre adquiriu um pilar central e, a partir dele, construiu e expandiu sobre uma base sólida. Eu queria resgatar essa tradição empreendedora e voltada para aquisições.

Ao longo desse período, fizemos várias aquisições, algumas delas apenas voltadas para distribuição. Fizemos um acordo no Quênia e outro na Nigéria, pois a África é um pilar muito forte de crescimento para nós. Triplicamos nosso negócio no continente em uma década, conquistando posições significativas de liderança de mercado em toda a região.

Depois, compramos a Djeep, uma marca de isqueiros de alta qualidade. Isso nos permitiu ter produtos com preços mais altos e mais opções de decoração, oferecendo ao consumidor uma proposta premium diferenciada. Também adquirimos a Inkbox e a Tattly, duas marcas de tatuagens não permanentes, para começar a construir nosso portfólio de produtos criativos para a pele.

Por fim, no final do ano passado, após 18 meses de trabalho identificando a empresa ideal, compramos a Tangle Teezer, o que nos levou ao segmento de cuidados com os cabelos e grooming.

Anúncio

A Tangle Teezer parece estar levando a Bic para um setor completamente novo. O objetivo é expandir mais nesse segmento?

Vou te contar como analisamos oportunidades. Primeiro, olhamos para a marca. Ela precisa ser a número 1 ou 2 no mercado, e devemos ter a capacidade de fortalecê-la. Os valores e o DNA da empresa precisam estar alinhados com aquilo que sabemos fazer bem. A Tangle Teezer se encaixa nisso. É um produto acessível, com preço abaixo de US$ 20 (R$ 116,20), destinado a um público amplo, mas de alta qualidade. Não é uma escova de cabelo de entrada de US$ 3 (R$ 17,43). Tem tecnologia.

O segundo critério é o canal de vendas. A boa notícia é que, atualmente, as vendas da Tangle Teezer estão divididas entre 50% online e 50% offline. E, no varejo físico, ela está muito próxima do nosso setor de lâminas de barbear femininas. São clientes que já conhecemos.

Também são cadeias de suprimentos que já gerenciamos, formatos de embalagem que entendemos e podemos otimizar. Além disso, a tecnologia de fabricação da Tangle Teezer utiliza os mesmos processos e muitas das mesmas matérias-primas que usamos. Com o tempo, poderemos melhorar a produção, acelerar os processos e aumentar as margens, reinvestindo na marca. Na prática, há uma sinergia muito forte com o nosso negócio atual.

Anúncio

Você sentiu alguma pressão específica para ter sucesso, já que essa é, essencialmente, a empresa da sua família? Você acha que as pessoas te observavam com mais rigor?

Não tenho um ponto de comparação, então é impossível dizer com certeza. Me senti observado? Sim. O escrutínio foi intenso? Também, mas acho que isso é algo muito positivo, porque, no geral, essa atenção vem acompanhada de um maior engajamento dos membros da equipe. É possível compartilhar boas notícias de forma genuína e transmitir notícias difíceis de maneira honesta e direta, algo que as pessoas sempre valorizam, independentemente da situação.

Eu era extremamente próximo do fundador, meu avô. Não vou dizer que sentia pressão porque ele faleceu quando eu tinha apenas 14 anos, então nunca conversamos sobre isso. Já meu pai e eu falamos muito sobre o assunto. Ele também foi CEO. Eu senti, e ainda sinto, um desejo de carregar esse legado adiante. Agora, acho que cumpri esse papel e estou pronto para passar a caneta adiante.

Há alguém na família que esteja se preparando para assumir a liderança, ou é mais provável que alguém de fora assuma o comando?

Anúncio

Meu antecessor não era um membro da família, e meu sucessor provavelmente também não será. Somos uma família muito grande, mas com uma ampla variação de idades. Nenhum membro da minha família faz parte da equipe de liderança. Essa será uma contratação externa, mas a família está extremamente comprometida com sua participação acionária na empresa, com o sucesso de longo prazo da marca e com nossos colaboradores.

Sempre fui guiado por três pilares. O primeiro é a criação de valor, que pode se manifestar de diversas formas. O segundo pilar que sempre me guiou é a criação de oportunidades. Observo a forma como operamos nossas fábricas e estruturamos nossos programas de desenvolvimento de talentos. Isso me enche de orgulho. Ajudamos nossos funcionários nas fábricas a obter certificados de ensino médio, caso não os tenham, ou qualificações técnicas que lhes permitam progredir e gerar mais valor para suas famílias e, em alguns casos, para suas comunidades. Atuamos na Índia, no Brasil e na Nigéria, locais onde o impacto do nosso apoio se estende muito além do funcionário direto, beneficiando também suas famílias.

O terceiro pilar, que não é algo exclusivo meu, mas no qual acredito, é a ideia de que os negócios podem ser uma força para o bem. Quando abro as notícias diariamente, é difícil encontrar algo positivo. Há muita negatividade sendo disseminada, como se tudo estivesse errado. Gostaria que dedicássemos pelo menos 10% desse tempo para destacar todo o bem que os negócios fazem.

Em 2018, estabelecemos um objetivo ambicioso: queríamos realmente causar um impacto e melhorar as condições de aprendizado de um quarto de bilhão de estudantes no mundo. O número inicial era 25 milhões. Eu disse à equipe: “não, vamos atingir 250 milhões.” Acabamos de ultrapassar os 210 milhões e chegaremos aos 250 milhões até o final do ano. Quando eu sair da empresa no final deste ano, poderei dizer, com grande orgulho, que liderei a organização que melhorou as condições de aprendizado de um quarto de bilhão de pessoas no planeta.

Anúncio

As iniciativas que implementamos na área de ESG foram desafiadoras. Elas não foram extremamente difíceis do ponto de vista do balanço financeiro, mas exigiram muito esforço para funcionar. São forças que frequentemente entram em conflito. Quando nos comprometemos a atingir 100% de embalagens sustentáveis, partindo de um patamar inferior a 25%, foi um objetivo grande e ambicioso, e não tenho certeza se todos acreditavam que conseguiríamos. Mas conseguimos. Agora, já podemos enxergar a linha de chegada.

Essas são coisas que eu acredito que as empresas deveriam comunicar melhor para suas próprias equipes, porque, às vezes, nem mesmo os funcionários sabem tudo o que está sendo feito. Somos agentes sociais muito positivos na sociedade. E, quando não somos, podemos sempre buscar ser melhores.

Você faz parte do comitê responsável por escolher seu sucessor. O que você está procurando?

Queremos alguém que compreenda o longo prazo. O legado da família definitivamente está presente. Embora continuemos no conselho como família e representemos a empresa, também queremos alguém que tenha esse equilíbrio de entendimento: para garantir o longo prazo, é preciso saber lidar com o curto prazo. Um dos nossos valores é a sustentabilidade, e ela se manifesta de muitas formas. Quando incluímos isso em nosso código de conduta, o objetivo era construir um negócio sólido, sem comprometer o futuro em função do presente.

Anúncio

Precisamos de alguém que entenda o poder de uma marca global. A Bic é uma das marcas mais reconhecidas do planeta. Você interage com ela diariamente. Uma das partes mais incríveis deste trabalho é saber que as pessoas usam um produto Bic ao longo do dia. Poucas empresas e marcas podem dizer isso. Você acorda de manhã, faz a barba com um barbeador Bic. Vai para o trabalho, segura uma caneta Bic. Volta para casa, acende uma vela com um isqueiro Bic. Fazemos realmente parte do seu dia. Queremos alguém que compreenda isso.

Também buscamos alguém com ambição para o crescimento, porque temos superado consistentemente o desempenho do mercado e queremos continuar nesse caminho. Mas essa posição também exige um senso de responsabilidade com a marca, o negócio e as pessoas. Levamos isso muito a sério. É essencial entender como equilibrar riscos de curto e longo prazo e tomar decisões estratégicas. Espero que meu sucessor não precise lidar com outra pandemia como a Covid, mas quero ter a tranquilidade de que quem assumir tomará, não necessariamente as “decisões certas”, mas as mesmas decisões que eu tomei durante a pandemia: não demitir funcionários, pagar os salários em dia, garantir o bem-estar das pessoas e priorizar as famílias. Esses são os valores que nos tornam bem-sucedidos a longo prazo.

O que você pretende fazer a seguir?

Uma das coisas que mais me empolgam é lançar minha fundação. Tenho quatro filhos que amo profundamente, e um deles é autista. Há muitas pessoas fazendo um trabalho incrível nessa área, e eu realmente admiro o impacto que causam na vida das crianças. Mas, na minha jornada como pai, percebi que, para o sucesso real, é fundamental ter uma base familiar forte. O que quero fazer é capacitar e financiar líderes de pensamento, projetos e programas em nossas comunidades que realmente se concentrem em criar essa estabilidade no lar, não apenas para a criança, mas também para os irmãos e para a saúde mental dos pais. Minha fundação dedicará todo o seu tempo e recursos para formar redes de apoio, proporcionando essa base familiar sólida na qual todos possam crescer. Isso ocupará uma grande parte do meu tempo.

Anúncio

Depois disso, vou buscar oportunidades para aplicar tudo o que aprendi e tudo o que fiz para transformar outras empresas, expandir outras marcas e trabalhar com outras pessoas ao redor do mundo.

A Bic fez parte da sua vida inteira. Qual foi a maior lição que você aprendeu ao se tornar CEO?

Aprendi muita coisa. Mesmo depois de 15 anos na empresa e de estar muito próximo da liderança, dar esse último passo muda bastante a perspectiva. Tornar-se CEO é algo que te faz sentir humilde, porque você passa de ser apenas um integrante da equipe de 15 mil pessoas para ser responsável por essas 15 mil pessoas. Isso é extremamente motivador, mas também um grande peso de responsabilidade.

O equilíbrio precisa mudar. A forma como você estrutura seu pensamento muda. Suas percepções sobre tempo, risco e retorno se transformam quando você assume a posição de CEO. Mas, no fim das contas, trata-se de canalizar toda a energia positiva.

Anúncio

Sou extremamente grato pelos anos que passei com minha equipe e pelo alto nível de engajamento tanto nos negócios quanto na família. Você pega toda essa energia, transforma no que te impulsiona todos os dias e, com isso, se torna praticamente imparável.

O post Por Que o CEO de Terceira Geração da Família Bich Está Passando o Bastão? apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Powered by WPeMatico

Continuar Lendo
Anúncio

Negócios

12 Lições de um Mentalista Para Ler Pessoas e Alavancar Sua Carreira

Redação Informe 360

Publicado

no

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

Talvez você já tenha visto o mentalista vencedor do Emmy, Oz Pearlman, em programas da TV americana como “America’s Got Talent” ou “60 Minutes”, impressionando o público com sua habilidade de “ler mentes”. No seu TED Talk, ele afirma que, mais do que isso, sua capacidade é de ler as pessoas. Segundo Pearlman, é possível impulsionar sua carreira usando algumas das técnicas desenvolvidas por ele para agir sob pressão, liderar e se comunicar. “O trabalho de um mentalista é entender como as pessoas pensam, sentem e tomam decisões”, afirma. “E esse é o mesmo trabalho que você faz todos os dias nos negócios, seja apresentando uma proposta, liderando uma equipe ou participando de uma entrevista.”

Como avançar na carreira lendo as pessoas

“As pessoas acham que ler mentes é impossível”, diz o mentalista. “Mas todo grande líder, negociador e comunicador faz isso, não por mágica, mas por consciência. Quando você entende as pessoas profundamente, para de reagir e começa a liderar.”

Segundo Pearlman, o mentalismo é sobre consciência – de si mesmo, dos outros e da energia de um ambiente. Ele explica como os mesmos hábitos que o tornam eficaz no palco podem ajudar qualquer profissional a aprimorar o foco, fortalecer a confiança e se comunicar com clareza. “Quando você domina isso, é capaz de entrar em qualquer situação, seja uma negociação, uma apresentação, uma performance, e saber exatamente como se conectar, influenciar e liderar.”

Essa é, inclusive, a base de seu novo livro, “Read Your Mind: Proven Habits for Success from the World’s Greatest Mentalist” (em português, Leia Sua Mente: Hábitos Comprovados de Sucesso do Maior Mentalista do Mundo).

Anúncio

Oz Pearlman compartilha 12 dicas para aplicar no dia a dia e avançar na carreira.

1. Aprimore sua capacidade de observação

A observação é a “sua vantagem oculta”. É também uma técnica usada por treinadores como Jon Gordon, consultor de times campeões da NFL e da NBA, para preparar jogadores para temporadas desafiadoras. “Assim que a dúvida surgir, perceba e anote, no papel ou no celular”, orienta Gordon. “Depois, ao lado dessas dúvidas, escreva palavras de encorajamento que você diria a alguém nessas mesmas condições. Isso é autodiálogo. Eu ensino as pessoas a falarem consigo mesmas em vez de apenas ouvirem a própria voz interna. Essas dúvidas não são você falando. Não ouça. Fale com você mesmo com incentivo.”

Pearlman recomenda prestar atenção ao que os outros ignoram – o tom de voz, a hesitação antes de um “sim”, a energia de uma sala. “Quando você consegue ‘ler o ambiente’, consegue também influenciar o resultado.”

2. Acredite para conquistar

“A primeira mente que você precisa ler é a sua”, afirma Pearlman. “Se você não acredita que merece o sucesso, suas ações sempre vão te limitar. Mas, quando realmente espera que as coisas deem certo, começa a agir como se já tivessem dado, e é isso que as pessoas percebem.”

Anúncio

3. Faça o medo da rejeição desaparecer

Segundo o mentalista, a resiliência é a moeda mais valiosa na carreira. “A rejeição nunca é pessoal, é preparação”, diz. “Cada ‘não’ te dá informações para o próximo ‘sim’. As pessoas que mais vencem são aquelas dispostas a ouvir mais ‘nãos’ ao longo do caminho.”

Ele lembra uma frase do lendário jogador de beisebol Babe Ruth: “Cada strike me aproxima do meu próximo home run.”

4. Foque nos outros

A empatia constrói influência mais rápido que a especialização, afirma Pearlman. “Todo mundo tenta ser interessante. O verdadeiro poder vem de ser interessado”, diz. “Quando você foca no que importa para o outro – ps objetivos, medos e pressões – cria conexão e influência de forma natural.”

5. Esqueça o amanhã, comece hoje

“O impulso começa no momento em que você age”, afirma. “A ação sempre vence a intenção. Não espere estar pronto: envie o e-mail, apresente a ideia, faça a ligação. Quando você se movimenta, o impulso toma conta, e isso gera confiança.”

Anúncio

6. Prepare o terreno a seu favor

A preparação é o maior impulsionador da confiança. “Antes de cada apresentação, eu ensaio todos os cenários possíveis – o que acontece se o truque falhar, se o público não reagir, se faltar luz”, conta. “Você pode fazer o mesmo antes de uma negociação ou apresentação. Quando já visualizou as partes difíceis, nada te abala.”

7. Não seja seu pior inimigo

“O diálogo interno define seus resultados externos”, diz Pearlman. “Sua voz interior pode ser cruel. Você nunca vai ter um desempenho melhor do que a história que conta a si mesmo. Antes de entrar em uma reunião, ouça o que está dizendo para si mesmo e reescreva o roteiro. A confiança começa nessa conversa interna.”

8. Peça ajuda

“Todo grande desempenho tem uma equipe por trás”, diz. “Tenho mentores, colaboradores e pessoas com quem troco ideias, e não tenho vergonha de pedir ajuda. As pessoas mais inteligentes na sala são aquelas que sabem quando fazer perguntas.”

9. Transforme fraquezas em forças

Para Pearlman, curiosidade é força, não fraqueza, e a autoconsciência transforma falhas em combustível. “Eu achava que minha necessidade de controle era um defeito”, confessa. “Mas essa obsessão me tornou disciplinado. Qualquer que seja o seu ‘defeito’, encontre a força dentro dele. A consciência transforma limitação em vantagem.”

Anúncio

10. Faça da memória seu superpoder

“Lembrar de detalhes cria lealdade instantânea”, afirma. “Lembre-se dos nomes das pessoas, do que elas gostam, das histórias que te contam. Isso não é só simpatia, é liderança. Quando alguém se sente lembrado, se sente valorizado, e isso gera confiança.”

11. Desarme com charme

Pearlman destaca que a autenticidade é a forma mais persuasiva de carisma. “Seja caloroso. Seja curioso. Seja humano”, aconselha. “Você não conquista as pessoas com performance, mas fazendo com que se sintam à vontade. Quando você as desarma com um charme genuíno, a influência vem naturalmente.”

12. Amarre tudo com uma boa história

“As pessoas se lembram de você por causa das histórias”, explica. “Fatos informam, mas histórias convencem. Quando você conecta emoção e lógica, não precisa convencer ninguém: elas mesmas se convencem. Seja liderando uma equipe ou apresentando uma ideia, conte uma história que faça as pessoas sentirem.”

O poder do mentalismo na carreira

Dominar sua própria mente é a base para dominar sua carreira. Quanto mais você entende seus próprios pensamentos e emoções, melhor consegue navegar pelos dos outros.

Anúncio

“Seja no palco, em uma sala de reuniões ou construindo sua trajetória, o segredo é o mesmo: Leia a si mesmo primeiro. Depois, leia os outros. E então responda com empatia e intenção. Isso não é mágica, é domínio da mente humana.”

Para Pearlman, o sucesso não está no controle, mas na conexão. E a maior vantagem profissional, segundo ele, é aprender a ver o mundo não pelos próprios olhos, mas pelos olhos dos outros. “É aí que você realmente começa a vencer e a avançar na carreira.”

Assista ao TED Talk de Oz Pearlman, A Arte de Ler Mentes

*Bryan Robinson é colaborador da Forbes USA. Ele é autor de 40 livros de não-ficção traduzidos para 15 idiomas. Também é professor emérito da Universidade da Carolina do Norte, onde conduziu os primeiros estudos sobre filhos de workaholics e os efeitos do trabalho no casamento.

Anúncio

O post 12 Lições de um Mentalista Para Ler Pessoas e Alavancar Sua Carreira apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Powered by WPeMatico

Continuar Lendo

Negócios

Yuval Harari: “Se Você Não Tem Tempo, Você É Pobre”

Redação Informe 360

Publicado

no

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

“Bilionários e grandes empresários da tecnologia em lugares como o Vale do Silício têm medo de que, em parte por causa de suas próprias ações, o mundo logo viverá um apocalipse, uma terceira guerra mundial, um desastre ecológico, uma catástrofe artificial”, disse o historiador israelense e autor de best-sellers como “Sapiens”, Yuval Harari, durante o evento HSM+, em São Paulo, nesta quinta-feira (6). “Para sobreviver, eles estão construindo bunkers onde podem se esconder, mas ainda não sabem onde construir. Esse é um dos temas mais comentados em conversas privadas.”

O historiador provoca: “Então, deixe-me dizer onde construir seu ‘bunker do juízo final’: construa-o na sua mente.”

Segundo o autor de “Homo Deus”, 21 Lições para o Século 21” e “Nexus”, as ameaças enfrentadas pela humanidade hoje se movimentam na velocidade da luz e atacam nossas mentes antes mesmo de chegar aos nossos corpos. “O que todos precisamos é fortalecer a mente, e isso é especialmente importante para líderes, porque as decisões que você faz dentro do bunker, dentro da sua mente, mudam a vida de milhares e até milhões de pessoas.”

“Se sua mente está cheia de raiva e desconfiança, isso é o que você estará espalhando ao redor do mundo.”
Yuval Harari

Para isso, é preciso investir tempo – o maior luxo da atualidade. “Essa é uma tarefa que você não pode delegar a um assistente e não pode resolver com dinheiro. Você não pode mandar a sua mente para a lavanderia; tem que limpá-la sozinho. Seja com terapia, meditação ou fazendo uma trilha na floresta, sempre leva tempo.”

Anúncio

Enquanto os algoritmos ditam as conversas e a inteligência artificial assume cada vez mais funções, os humanos têm tentado acompanhar o ritmo das máquinas. “Como todos os animais e plantas, nós vivemos por ciclos: dia e noite, verão e inverno, atividade e descanso. Se você mantiver um organismo ocupado o tempo todo, sem descanso, ele eventualmente vai colapsar e morrer”, disse o historiador. “Os algoritmos, por outro lado, não são orgânicos. Eles não funcionam por ciclos, eles não precisam de tempo para descansar, não têm famílias, não tiram férias.”

Nesse novo mundo em que os algoritmos tomam conta – desde os bancos até a política –, nós, humanos, também não desligamos. “Se você tenta descansar, parece que está ficando para trás.”

Isso vale especialmente para as lideranças. Depois de conhecer grandes líderes empresariais e políticos, Harari encontrou muitas diferenças entre eles, mas um ponto em comum: “Quase todos não têm permissão para descansar. Eles não têm tempo. E isso faz deles muito pobres.”

“Se você não tem tempo, você é pobre. Não importa quanto dinheiro você tem. Porque a verdadeira moeda da vida é o tempo.”
Yuval Harari

Na sua visão, algumas das pessoas mais ricas e poderosas do mundo são extremamente pobres. “Eles não conseguem descansar, meditar, ler um livro ou caminhar. Eles não têm tempo para cuidar de suas mentes”, disse. “Isso não é bom para eles, e certamente não é bom para a sociedade humana ser liderada por pessoas com mentes perturbadas e sem tempo para relaxar.”

Anúncio

Harari fechou sua palestra com um chamado para os líderes: “Não somente pelo seu próprio bem, mas também pelo da sociedade, encontrem tempo para cuidar das suas mentes.”

O post Yuval Harari: “Se Você Não Tem Tempo, Você É Pobre” apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Powered by WPeMatico

Continuar Lendo

Negócios

Brasil Lidera com os Maiores Salários de Tecnologia da América Latina

Redação Informe 360

Publicado

no

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

Os salários pagos no Brasil são, em média, os mais altos da América Latina, e ocupam a 11ª posição em um ranking global da Deel, multinacional de recursos humanos, entre os 15 países que melhor representam a presença e a atuação da companhia em diferentes regiões. O levantamento, em parceria com a plataforma de gestão de equity Carta, analisou tendências salariais com base em mais de 1 milhão de contratos ativos em cerca de 150 países.

No Brasil, a média salarial anual entre as profissões em alta demanda analisadas – especialistas em IA, desenvolvimento de software, computação em nuvem, dados e cibersegurança é de US$ 67 mil (R$ 360 mil, na cotação atual). Supera com folga outros países da região, como México (US$ 48 mil), Argentina (US$ 42 mil) e Colômbia (US$ 37 mil). “A maioria das pessoas empregadas pela Deel, no Brasil, trabalha para empresas estrangeiras e tem mais chances de ser remunerada em dólares, o que não ocorre com os brasileiros que trabalham para empresas locais”, afirma Jessica Pillow, head de compensação global da Deel.

Demanda por profissionais de tech eleva os salários globais

Além disso, o desempenho brasileiro é impulsionado pela alta concentração de profissionais qualificados nessas áreas em alta demanda, com salários acima da média regional. O relatório destaca que funções ligadas à IA, cibersegurança e ao marketing digital pagam, em média, de 20% a 25% acima da média global, reflexo da escassez de talentos e da disputa por especialistas nesses campos. “Também há um movimento crescente de pacotes de compensação que incluem equity e benefícios mais competitivos, aumentando o valor total percebido pelos profissionais”, explica a executiva.

Outro estudo, da consultoria global de gestão Bain & Company, que entrevistou profissionais dos Estados Unidos, da Alemanha, Índia, Reino Unido e Austrália, reforça que a pressão por especialistas em tecnologia tem elevado os salários globalmente. Desde 2019, a remuneração média em funções ligadas à IA cresce cerca de 11% ao ano, chegando a 56% em cargos mais especializados.

Anúncio

E a expectativa, segundo Pillow, é de que essa tendência se intensifique. “Para 2026, observamos uma valorização acelerada de carreiras ligadas à IA, cibersegurança e dados, que devem continuar elevando a média salarial.”

Onde está o Brasil entre os maiores salários do mundo

Com salários médios anuais de US$ 150 mil (R$ 807 mil) e US$ 121 mil (R$ 651 mil), respectivamente, Estados Unidos e Canadá ocupam o primeiro e o segundo lugar no ranking global de salários da Deel. O Brasil está bem distante desse pódio. “A equiparação com EUA e Canadá enfrenta barreiras estruturais”, explica Pillow. “O custo médio de capital humano e a produtividade por setor ainda diferem, o ecossistema de investimentos e remuneração via equity é menos maduro em muitos segmentos, e fatores fiscais e regulatórios elevam o custo total de contratação.”

O mercado brasileiro tem grande oferta de profissionais para funções menos especializadas, o que comprime a média salarial.  Ao mesmo tempo, posições altamente qualificadas seguem disputadas globalmente, com remunerações muito superiores. “Essas lacunas tendem a persistir enquanto não houver maior produtividade setorial, incentivos ao capital e escala de empresas capazes de pagar salários mais altos.”

A seguir, veja as médias salariais anuais por país

  1. 1. Estados Unidos: US$ 150 mil
  2. 2. Canadá: US$ 121 mil
  3. 3. Grã Bretanha: US$ 117 mil
  4. 4. Países Baixos: US$ 101 mil
  5. 5. Dinamarca: US$ 100 mil
  6. 6. Austrália: US$ 98 mil
  7. 7. Polônia: US$ 93 mil
  8. 8. Espanha: US$ 87 mil
  9. 9. Singapura: US$ 86 mil
  10. 10. França: US$ 82 mil
  11. 11. Brasil: US$ 67 mil
  12. 12. México: US$ 48 mil
  13. 13. Argentina: US$ 42 mil
  14. 14. Colômbia: US$ 37 mil
  15. 15. Índia: US$ 22 mil

O post Brasil Lidera com os Maiores Salários de Tecnologia da América Latina apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Powered by WPeMatico

Anúncio
Continuar Lendo

Em Alta