Negócios
Dicas Budistas Que Podem te Ajudar no Mundo dos Negócios
Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
De Star Wars a Rocky, passando por Kung Fu Panda, os princípios do Zen Budismo se infiltraram na cultura pop de forma tão sutil que muitas vezes se fez imperceptível. Seja quando Yoda compartilha sua sabedoria ou quando Po descobre a paz interior. Aplicar esses princípios conscientemente na vida e no cotidiano, especialmente em indústrias altamente regulamentadas como a financeira, é essencial para manter a sanidade e o equilíbrio.
Veja três princípios budistas que podem auxiliar na liderança sem (completamente) perder seu lado Zen:
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1. Ame o desafio
Em Rocky Balboa, o sexto filme da saga Rocky, o atleta compartilha uma joia de sabedoria com seu filho: “Não importa o quanto você bate, mas sim o quanto aguenta apanhar e continuar. O quanto pode suportar e seguir em frente”. Gerir uma empresa de serviços financeiros pode não parecer como entrar no ringue com Mason Dixon, o vilão o filme, (embora algumas reuniões de segunda-feira cheguem perto disso), mas essa ideia de “continuar seguindo em frente” ressoa no setor bancário.
Seja de clientes, reguladores, parceiros ou da própria equipe, obstáculos surgem constantemente, e quando você os encara, podem parecer gigantescos—como tentar boxear uma geleira. Mas aqui está o ponto: todo problema que você enfrenta tem uma oportunidade escondida em algum lugar.
Quando equipes apresentam um obstáculo, o líder deve incentivá-los a pensar como Rocky: superar o desafio e seguir em frente. Afinal, como Buda diria, “O que pensamos, nos tornamos”, então pense em soluções, não em problemas.
2. Foque no presente
No mundo caótico do setor bancário e das fintechs, a atenção está constantemente dividida. É comum se distrair durante uma conversa, mentalmente revisando uma lista de tarefas ou se perguntando se respondeu aquele e-mail.
No budismo, a “Visão Correta” é sobre enxergar a realidade como ela é: sempre em mudança e impermanente. E, com essa visão, viver no momento presente. Ou, como Eckhart Tolle colocou em seu livro, “O Poder do Agora” (Sextante, 2000). Se “Agora” foi bom o suficiente para Annie Lennox o escolher como um de seus livros preferidos, é bom o suficiente para praticar durante as reuniões de diretoria.
Embora gerir uma empresa seja um pouco menos parecido com sobreviver em uma ilha deserta (dependendo do mercado de ações), o princípio é certeiro: concentre-se na tarefa, na pessoa e na decisão à sua frente, e deixe sua caixa de entrada para depois. Afinal, a vida é como uma prancha de surfe: mantenha o equilíbrio no presente ou será derrubado.
3. Pratique a arte de deixar ir
Existe um koan zen (basicamente, um enigma filosófico) do livro Zen Shorts (Scholastic Press, 2005), de Jon J Muth, que pode auxiliar na vida profissional e financeira. Stillwater, um panda zen, compartilha a história de dois monges que encontram uma mulher precisando de ajuda para atravessar um rio. O monge mais velho a pega e a carrega até o outro lado, embora ela nem mesmo o agradeça. Horas depois, o monge mais jovem continua remoendo a grosseria da mulher e como seu companheiro, mesmo mal tratado, a ajudou. O monge mais velho responde: “Deixei a mulher no chão horas atrás. Por que você continua carregando ela?”.
Nos negócios, todos tendem a carregar a própria bagagem mental. Talvez seja um trimestre ruim, uma reunião difícil, ou uma oportunidade perdida. Mas, e se, como o monge mais velho, fosse possível simplesmente deixar isso para lá? Claro, todos já tiveram aquele negócio que não deu certo ou projeto que fracassou, mas ficar remoendo isso é como tentar nadar com uma pedra amarrada nas costas. Deixar ir não é apenas uma arte; é uma habilidade de sobrevivência. Se puder soltar esses pesos mentais, conseguirá mover-se com mais leveza, mais rapidez e provavelmente dormir melhor à noite.
É possível trazer o budismo para os negócios?
Na verdade, talvez seja algo que já deveria estar acontecendo, particularmente em indústrias altamente regulamentadas como a bancária, que possuem seus próprios obstáculos e fontes de estresse. O momento atual é de pessoas se perguntando mais profundamente sobre as empresas em que trabalham ou das quais compram. “Qual é o impacto ambiental?” ou “Isso ajuda as pessoas a se tornarem financeiramente estáveis ou a construir riqueza?”. Nesse mesmo espírito, o budismo oferece uma estrutura que ajuda a articular uma filosofia de liderança. Trata-se de ser mais consciente, mais compassivo e, talvez, um pouco menos estressado.
Imagine se mudar o foco do esforço interminável para o caminho da iluminação (sem pânico, não precisa raspar a cabeça). E se liderar com compaixão, permanecer enraizados no presente e dominar a arte de deixar ir? Claro, talvez não todos os problemas do mundo não se resolvessem assim, mas talvez seria possível criar produtos e serviços financeiros que tivessem um impacto positivo para os consumidores e ambientes de trabalho que fossem muito mais alegres e equilibrados.
Como disse o mestre zen Po, de Kung Fu Panda: “Não existe ingrediente secreto. É só você”. Com essa mentalidade, liderar um negócio não precisa parecer uma batalha; pode parecer uma aventura.
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O Que Fazer (e o Que Não Fazer) na Festa de Fim de Ano da Firma
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Na reta final do ano, chegam as festas de confraternização da firma. Seja em um grande evento com toda a empresa ou em um happy hour com colegas e chefes da sua área, é importante não se esquecer de que você ainda está em um ambiente de trabalho. “As festas são para confraternizar e se relacionar principalmente com quem não é do seu dia a dia. Mas lembre que o dia seguinte existe”, diz Martha Leonardis, fundadora e CEO da New Connect, empresa de networking internacional.
Sim, esse é um bom momento para comemorar as metas batidas e os projetos entregues, se aproximar de líderes ou conhecer pessoas de outros setores, mas cuidado com o que for falar depois de um drink ou outro. “A confraternização da empresa não é uma festa com os amigos, embora possa parecer”, afirma Raphael Rezende, palestrante e LinkedIn Top Voice, conhecido nas redes como Rapha do RH. “Existem regras de conduta subliminares a serem respeitadas”, diz Eliete Gomes, head de coaching na LHH, uma das maiores empresas globais de consultoria de carreira.
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A chance rara de ver os colegas em um contexto mais descontraído pode levar muitos a ultrapassar os limites. Suas atitudes e interações durante o evento podem impactar a forma como você é percebido por colegas e superiores. Leonardis define as melhores práticas para esse tipo de evento: “Roupas discretas, pouca bebida e sem romance”.
O ideal para conseguir curtir esses eventos pessoal e profissionalmente é encontrar equilíbrio. É possível interagir de forma descontraída e até se soltar um pouco sem ultrapassar os limites profissionais. “Em um ambiente mais leve, as histórias se conectam e podem abrir portas, tanto no lado profissional quanto no pessoal”, diz Rapha do RH.
Veja 10 dicas do que fazer – e o que não fazer – na festa de fim de ano da empresa
1. Não deixe de ir
Mesmo que você não tenha muita afinidade com o chefe ou os colegas, é recomendável comparecer à festa, já que ela costuma ser vista como uma “obrigação social” no ambiente corporativo.
2. Pense na melhor roupa para a ocasião
Informe-se sobre o dress code para saber se o evento será formal ou mais casual e escolha uma roupa adequada à ocasião. A imagem também conta. “Siga o código de vestimenta indicado no convite. Se não houver um, opte por algo elegante e profissional, mas confortável”, diz Eliete Gomes, Master Coaching Latam na LHH.
3. Pode beber?
Beber um drink, uma cerveja ou uma taça de vinho é perfeitamente aceitável, mas o mais importante é beber com moderação. Ninguém quer dar vexame na frente do chefe. “Nada é pior do que um colaborador embriagado e inconveniente”, afirma a consultora da LHH.
4. Fure a bolha
Na festa, foque em participar de conversas educadas e amigáveis com pessoas diferentes do seu convívio no dia a dia. “Durante o expediente, acabamos conversando só com colegas da nossa área, o que limita trocas, novas ideias e nos impede de ampliar a visão de negócio”, diz Rapha do RH. “Saia da zona de conforto e troque com pessoas diferentes”, sugere Martha Leonardis.
5. Nada de falar de trabalho
Não transforme a festa em uma reunião de trabalho. Faça perguntas, compartilhe histórias leves e evite assuntos polêmicos, como política ou temas que possam gerar desconforto. “Em um ambiente social, você pode aproveitar para falar de viagens, hobbies, lifestyle. Isso conecta e aproxima”, sugere a CEO da New Connect. “Nas conversas, seja claro e direto, sem monopolizar o tempo dos outros. Preste atenção ao que os outros estão dizendo e faça perguntas pertinentes”, diz a executiva da LHH.
6. Não se isole
Se você não conhece muitas pessoas na festa, especialmente em tempos de trabalho remoto, algumas estratégias podem ajudar. Se estiver sozinho, busque pessoas com quem já conversou ou que gostaria de conhecer. “Não tenha medo de se apresentar a pessoas que você ainda não conhece, especialmente líderes e colegas de outros departamentos”, diz Eliete Gomes, head de coaching na LHH. “Se a conversa fluir bem, sugira trocar contatos para continuar a conversa em outro momento. Isso pode ser feito de maneira casual, como adicionar no LinkedIn.”
Pense em temas em comum para iniciar uma conversa ou fale da própria festa. Evite perguntas de “sim” ou “não”, tente abordar temas mais amplos. Momentos de silêncio podem ser constrangedores, mas fazem parte. “Interagir, mesmo que de forma leve, é importante para evitar interpretações negativas”, diz Rapha do RH. Para os mais introvertidos, como ele, a sugestão é já pensar em assuntos e se preparar antes de chegar ao evento.
7. Reforce relacionamentos
Além de buscar novas conexões, valorize e reforce as relações com colegas e superiores. É o momento de se aproximar mais e falar de outros temas além do trabalho. “Para quem trabalha remotamente, é a chance perfeita de interagir pessoalmente”, afirma o especialista. Nada como o olho no olho.
8. Evite flertes e ultrapassar limites pessoais
Mesmo que o ambiente seja informal, esse ainda é um evento de trabalho. Comportamentos inadequados podem ser mal interpretados e até levar a demissões. “Mantenha uma distância confortável e evite ser invasivo. Observe as reações das pessoas para garantir que elas estejam à vontade”, diz Eliete Gomes.
9. Fuja de fofocas
Não participe de conversas que envolvam fofocas sobre colegas, críticas ao chefe ou comentários negativos sobre a empresa. O que é dito na festa pode se espalhar pelo escritório, prejudicando sua reputação.
10. Não exagere nas redes sociais
De novo, a festa da firma não é uma festa com seus amigos. Então cuidado ao postar fotos e vídeos. “Respeite a privacidade dos colegas e do ambiente. O evento é social, mas ainda vinculado à empresa”, diz o especialista em carreira.
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Por Que o Salário Mínimo Importa até para Quem Ganha Muito Mais?
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O salário mínimo é a base de sustento para milhões de brasileiros, mas o seu impacto vai muito além daqueles que recebem o piso definido por lei. Em geral, ele determina o poder de compra, distribuição de renda e o custo de vida de todos os brasileiros.
Segundo números do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), cerca de 59,3 milhões de pessoas recebem o valor. E, atualmente, há uma mudança importante em discussão no Congresso e que pode afetar muito mais pessoas.
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Uma das medidas mais bem recebidas pelo mercado financeiro, o governo enviou uma mudança na forma de reajuste no salário mínimo. Atualmente, o governo utiliza a inflação e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para definir o novo valor atualmente. A nova proposta quer limitar os novos valores a um crescimento de 2,5%.
Salário mínimo: muito além do salário
A nova medida, assim como o salário mínimo, não impacta apenas quem recebe o valor do piso salarial brasileiro. Ela influencia o consumo interno e a demanda por produtos e serviços de maneira significativa, já que no Brasil grande parte da população recebe rendimentos diretamente ou indiretamente atrelados a ele.
Além de ditar os valores de diversos benefícios sociais, como aposentadorias e seguro-desemprego, ele também cria uma pressão por alterações em outras faixas salariais, já que muitos contratos coletivos e negociações utilizam o salário mínimo como base para aumentos.
Ou seja, profissionais de alta renda têm os seus aumentos vinculados a índices que, de forma indireta, são influenciados pelo reajuste do mínimo.
Segundo Lucas Almeida, sócio da assessoria AVG Capital, o impacto é mais visível em setores como o de serviços, já que os salários intermediários costumam ser ajustados de forma proporcional. Como resultado, mesmo quem ganha acima do mínimo sente os efeitos, seja por meio de aumentos salariais ou pelo impacto nos custos de produtos e serviços.
“Algumas empresas que pagam salários acima do mínimo ainda dependem de insumos fornecidos por trabalhadores que recebem o piso salarial”, diz. Consequentemente, a alteração no salário pode gerar uma cadeia de custos que afete até grandes corporações, pressionando-as a reajustar preços.
Mesmo assim, tanto Almeida, quanto o economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (APAS), Felipe Queiroz, alertam que uma política de incentivo ao crescimento real do salário mínimo não apenas melhora a qualidade de vida da população como também estimula o emprego e a indústria. “Quando a economia cresce, os salários aumentam, e o consumo acompanha esse crescimento”, explica Queiroz. E todas essas mudanças influenciam todas as classes sociais.
E a inflação?
Quando o salário mínimo aumenta, há um movimento para que os preços acompanhem esse crescimento. Ou seja, mesmo quem ganha muito mais que o piso sente as consequências do aumento do custo de vida. No entanto, o impacto na inflação varia conforme o contexto econômico.
De acordo com a teoria econômica, a Curva de Phillips descreve uma correlação entre inflação e mercado de trabalho, especialmente em situações de pleno emprego. Quando a economia está próxima ou atinge o pleno emprego, os aumentos salariais tendem a pressionar os preços, gerando inflação. Porém, quando a economia está longe do pleno emprego, como é o caso atual brasileiro, há espaço para expandir os fatores de produção. Ou seja, aumentar a oferta de empregos sem gerar uma pressão inflacionária significativa.
Para o Brasil, o impacto inflacionário do salário mínimo ocorre em situações específicas, e não de forma generalizada. O economista Felipe Queiroz destaca um exemplo histórico: o período de 2012 a 2013. “Naquele momento, o mercado de trabalho estava aquecido, havia aumento da renda real e uma transição na pirâmide social brasileira, com pessoas saindo da base e ingressando em uma nova classe média”, explica.
Esse movimento resultou em um crescimento da demanda por bens que antes não eram tão consumidos, gerando uma pressão inflacionária. “No entanto, após 2014, com a crise econômica e política, agravada pela pandemia, não vivenciamos um cenário semelhante, já que o país enfrenta o uso insuficiente da capacidade produtiva, limitando o impacto inflacionário de reajustes no salário mínimo”, afirma Queiroz.
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De Onde Nascem Os Burnouts?
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Burnout. Esse é o nome chique para classificar o esgotamento advindo das atividades profissionais. Síndrome comum, nos dias atuais, onde cada vez mais se associa o valor das pessoas ao que elas conseguem produzir.
Mas o que leva um humano a se portar como máquina? O que leva alguém a querer produzir mais do que o seu combustível permite? De onde, afinal, nascem os burnouts?
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É inquestionável a sede que pessoas têm para se tornarem cases de sucesso. Nos despedimos da geração coca-cola e nos deparamos com a geração startup. Se antes os jovens sonhavam em serem rockstarts, hoje o alvo é serem protagonistas de um IPO ou founders de um unicórnio.
Mas, embora a métrica de sucesso tenha mudado, o gatilho permanece o mesmo: a vontade de ser aplaudido e reconhecido.
Buscar sucesso para preencher a lacuna interna da autoestima não é um movimento novo. A novidade agora é que a velocidade na qual as coisas mudam é assustadoramente maior. Não é apenas sobre alcançar o topo, mas sobre não se afogar a cada onda nova do mercado. Manter-se atualizado na era digital não é tarefa simples.
Lulu Santos já dizia que “tudo muda o tempo todo no mundo”. Mas cantou essas palavras em melodia calma, leve, serena. Num ritmo que destoa da velocidade do mundo atual. No mundo de hoje, para a poesia de Lulu ser realista, precisaria ser acelerada na velocidade 2 do whatsapp.
Se até as conversas pessoais hoje acontecem em velocidade dobrada, como não sermos seduzidos pela pressa que nos envolve? Se analisarmos friamente, esgotamento parece ser o único destino possível daqueles que nutrem a intenção de serem produtivos.
Mas não é.
A verdade é que se ligarmos o piloto automático, o convite para viver a vida na mesma rapidez dos áudios de whatsapp vence. É fácil, sim, tropeçar em urgências que não são urgentes e nos tornarmos mais ocupados do que precisamos ser.
Glorificamos tanto o trabalho que, num deslize, invertemos as prioridades e começamos a crer que estar sempre sem tempo é nobre. Mas a verdade é que estar ocupado não é sinônimo de produtividade.
A objetividade e assertividade nos fazem produtivos. A ansiedade e a pressa nos tornam ocupados. E uma das formas mais comuns de procrastinação é manter-se ocupado daquilo que não é de fato importante, enquanto o que realmente nos traria resultado é deixado para depois. E é daí que nasce o vício nada virtuoso de fazer sempre mais, ao invés de buscar sempre fazer melhor.
Burnouts nascem daquilo que ocupa a agenda mas não nos aproxima dos nossos objetivos. Nasce da crença equivocada de que esforço é sinônimo de virtude. Quando, no fundo, a maior virtude é saber limpar da agenda o esforço que não nos aproxima do nosso destino. Ser esforçado não nos leva longe. Ser estratégico, sim.
Burnouts nascem do automatismo. É da falta de respiro que surgem os esgotamentos. Da falta de hábitos que qualifiquem a nossa energia. Da displicência com nossa saúde física e emocional. De falta de clareza sobre os nossos limites. Da falta de disciplina que nos faz perder o sono pensando onde vamos aplicar nosso dinheiro sem considerar que nosso recurso mais precioso é aquele que não poderá ser recuperado por fundo ou empresa nenhuma: o tempo.
Burnouts nascem do desejo de se provar. Da comparação constante, do desejo de superar. Do ego que tem medo de ser esquecido. Do medo de errar. Da tentativa de dizer “ei, mundo, eu tenho valor”. Da lacuna de autoestima que a maioria não admite que tem, mas que fica evidente quando a necessidade de ser reconhecido supera a necessidade de se respeitar.
Burnouts nascem do movimento de se espremer para caber. Quando te falta a confiança de poder escolher um ambiente no qual você se sinta pertencente. Quando você confia tão pouco na sua potência que, por medo, acaba ficando lugares que te atropelam. Quando seu medo te obriga a se submeter ao que não faz sentido, dentro de você.
Burnouts nascem quando morrem os seus movimentos de crescimento. Quando você para de focar no que pulsa e se acomoda com o que é. Quando você cala o que o seu coração fala para escutar o que querem que você seja. Quando o processo, ao invés de te preencher, te esgota.
Burnouts nascem do desejo de culpar o mundo. Você se abandona. Você se atropela. Você tolera. Você se acomoda. Você se cala. Você desiste. E depois você responsabiliza o outro. O chefe, a empresa, o marido, os pais…
Mas os burnouts morrem quando você entente que você não é uma pizza. Você pode desenhar um gráfico redondo no papel e segmentar a sua vida em fatias. Mas só no papel. Na prática, se você fatiar sua vida, vai ter que pagar com o esgotamento da sua energia.
No fim do dia, o que suga a sua energia não é fazer muitas coisas. É não fazer aquilo que te abastece. É não estar na sua própria agenda. É não questionar porque você faz o que você faz.
É o treino que você pula. É a alimentação que você negligencia. É a saúde mental que você trata com ironia. É o trabalho que você escolheu apenas pelo salário.
Burnout é sintoma. Culpar o mundo não resolve. A única saída madura é se enfrentar diante do espelho e se perguntar qual parte em você fez com que você topasse se submeter àquilo que te atropela.
Caso contrário: mudam-se os personagens, muda-se o contexto, e repete-se a história.
Enquanto não houver cura no pedacinho dentro de você que confunde seu valor pessoal com o valor do seu trabalho, você continuará precisando se atropelar para se provar. E, desse lugar, a única alternativa possível é se esgotar.
Carol Rache é empresária, fundadora do grupo Namah Wellness, que promete descomplicar a inteligência emocional e o bem-estar. Há 10 anos se dedica ao estudo do comportamento humano se aprofundando nas mais diversas abordagens para ajudar as pessoas a viverem com mais leveza e equilíbrio.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.
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