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Como Nelson Wilians se Transformou no Maior Empreendedor do Direito no País

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

Nelson Wilians superou as dificuldades e a desconfiança da própria família e é inspiração para uma legião de estudantes e empreendedores
Aos 11 anos, em uma casinha de madeira sem eletricidade nem água encanada na zona rural de Jaguapitã, no norte do Paraná, o pequeno Nelson Wilians Fratoni Rodrigues encontrou nos gibis do Demolidor – O Homem Sem Medo emprestados de um amigo a inspiração para sonhar com um futuro melhor.
Quando não estava lutando contra os inimigos, o personagem criado pela Marvel Comics em 1964 era o advogado Matt Murdock e prestava assistência jurídica inclusive para outros super-heróis. O ídolo da infância levou o pequeno Nelson Wilians longe, muito longe.
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Hoje ele é dono do maior escritório de advocacia full service do país em número de advogados, segundo o Anuário Análise Advocacia 2023/2024 (conta com 1.100 advogados), tem mais de 16 mil clientes ativos em todo o Brasil e quase 2 mil colaboradores. O escritório Nelson Wilians Advogados (NWADV) soma 29 filiais, além de representações na América Latina, Ásia e Europa. Em 2023, cresceu 45% em faturamento e, no primeiro trimestre deste ano, teve um desempenho 99,78% maior em relação ao mesmo período do ano passado. O NWADV é também considerado o maior escritório de advocacia empresarial da América Latina.
O próprio Nelson tornou-se inspiração para uma legião de estudantes de direito e empreendedores dos mais variados setores, graças a sua história de superação (que você conhecerá em detalhes a seguir), seu jeito simples e franco e sua facilidade para tratar com atenção e gentileza quem quer que dele se aproxime – seja um chefe de Estado, seja um grande empresário em apuros jurídicos, seja um iniciante cheio de dúvidas, seja algum de seus muitos colaboradores da vida profissional ou pessoal, sejam celebridades ou empresários e executivos de seus muitos círculos de networking. Com trânsito nas mais diversas instituições públicas e privadas do país, ele reforça: “Nosso escritório é apolítico no sentido de política partidária. Nós nos relacionamos com todos democraticamente, respeitamos opiniões divergentes e procuramos ter sempre um bom diálogo com todas as esferas do país”.
Comunicativo desde sempre, ele fez do marketing uma forma intuitiva de revolucionar a forma de promover os serviços advocatícios, historicamente cercados de pompa e mistério. “A advocacia é uma atividade muito tradicional, e acho que fui um pioneiro em unir uma boa advocacia com uma boa comunicação”, analisa. “A gente precisa se adaptar aos novos tempos. Quem quer se manter ativo e relevante não pode negligenciar as possibilidades da era digital”, explica, referindo-se a sua presença frequente nas redes sociais.
Faz parte de seu jeito transparente e cativante contar sua saga desde o início, sem dourar a pílula.
De volta ao começo
Retornando à casinha de madeira em Jaguapitã: naquela época, Nelson ajudava o pai a carpir e ordenhar – e odiava. “Esse foi um dos motivos que me incentivavam a estudar – e era a única desculpa que meu pai aceitava para eu não ir trabalhar na roça.”
O pai representante de vendas e a mãe dona de casa, ambos apenas com o segundo ano do primário, no entanto, não o incentivavam nos estudos. “Até quando prestei vestibular e disse que ia fazer faculdade fora – em Bauru (SP), a 350 quilômetros de Jaguapitã –, meu pai foi contra. Disse que não tinha dinheiro para me bancar.”
Mas, ao contrário de seu personagem favorito, que era cego desde a adolescência, Nelson Wilians enxergava longe. E tinha uma determinação inquebrantável. “Fui morar com um primo mais velho em Jaú, que é perto de Bauru, e comecei a trabalhar como auxiliar de escritório na Santa Casa da cidade durante a semana e como frentista nos fins de semana. À noite, pegava o ônibus para Bauru para estudar”, lembra. Um ano depois, foi morar em uma república em Bauru, uma casa sem forro onde moravam outros quatro estudantes. “Três meses depois, sem emprego, minhas poucas economias acabaram.”
O “Alemão”, como era chamado pelos amigos, estava prestes a ter que voltar para a casa dos pais, derrotado, quando alguém bateu na porta carcomida da república. Era o advogado de uma construtora, indicado por um colega que já era formado em medicina e trabalhava lá como médico do trabalho. Ele aceitou o cargo de auxiliar de escritório na área de licitações. “Um ano depois, a empresa quebrou e mandou todo mundo embora.” Por sorte, um dos sócios o indicou para uma vaga de auxiliar de RH na empresa de sua cunhada. “Aceitei e fiquei lá até me formar.”
A formatura foi outro momento fora do script. “Fui todo animado contar para a família e para os amigos. Mas todo mundo olhava para mim e falava: ‘Isso não quer dizer nada, está cheio de bacharel no Brasil. Quero ver passar no exame da Ordem, que é difícil’.” “Então, eu tirei férias e estudei durante 30 dias o que eu tinha estudado a faculdade inteira. Prestei o exame da Ordem dos Advogados e passei. Agora sim, orgulhoso, voltei para Jaguapitã. Mas de novo me disseram: ‘Está cheio de advogado passando fome. Advocacia já era’. Até meus pais falavam isso.”
Nelson imediatamente voltou para Bauru e foi conversar com o patrão, o “seu” Siegfried, dizendo que agora ele era advogado com OAB e pleiteava um cargo e um salário melhores. Ouviu do patrão que a empresa era pequena e que a filha dele já trabalhava lá como advogada. “Então vou pedir demissão”, desafiou. Siegfried respondeu que, como ele tinha acabado de voltar de férias, sairia sem receber nada. “Eu falei que tudo bem. Mas a verdade é que eu fiquei em uma situação horrorosa.”
Aquele colega médico tinha uma salinha em uma clínica que usava para atender pacientes depois das 16h – antes disso, atuava como médico do trabalho em outras empresas. “Você pode usar das 8h às 16h”, disse ele ao amigo Nelson.
“Lá eu fazia de tudo: criminal, civil, trabalhista… Um dos meus primeiros honorários foi uma linha telefônica, que eu coloquei na clínica. No tempo livre, eu ficava o dia inteiro atrás de clientes – até na igreja que eu frequentava. Em dois ou três meses, o seu Siegfried passou a ser meu primeiro cliente mensalista. E, em um ano, consegui comprar meu primeiro carro, uma Fiat Panorama 1981 (isso em 1995). Eu mal cabia dentro, e ela não tinha freio.”
Logo ele faria sua primeira viagem de avião, de Bauru a São Paulo e de São Paulo para o Rio. “Era uma causa de reconhecimento de paternidade. Eu resolvi o problema para o cliente e, na hora de receber os honorários, pedi para ele me passar um carro ‘de playboy’ que ele tinha, um Kadett GS 1990 vinho, e eu parcelaria o que faltava. Ele topou. E ainda consegui comprar meu primeiro celular, aquele tijolão da Motorola. De Kadett e celular, ninguém me segurava. Aluguei minha própria salinha e montei meu primeiro escritório.”
A visão
“Um dia, eu estava visitando seu Siegfried e ele me contou que tinha recebido uma proposta de um escritório de advocacia de São Paulo para fazer umas ações tributárias, uma recuperação de crédito, algo comum nos anos seguintes à Constituição de 1988. Ele ofereceu para mim, mas eu declinei – ainda não tinha capacidade técnica para executar aquela demanda. Ele contratou o tal escritório de São Paulo.
Passados alguns meses, eu estava de novo na empresa dele quando uma moça do financeiro veio pegar sua assinatura para alguns cheques. ‘É de São Paulo’, ela disse. Enquanto ele assinava, eu dei uma pescoçada e vi o valor: R$ 50 mil. Perguntei: ‘Seu Siegfried, os advogados de São Paulo cobraram R$ 50 mil?’ ‘Não’, ele respondeu. ‘Cobraram R$ 300 mil em seis parcelas.’ E eu cobrando R$ 3 mil por mês. Me senti um imbecil.”
Nelson conta que saiu de lá e foi direto para uma livraria comprar tudo o que pudesse sobre direito constitucional e tributário. “Pedi para minha estagiária ir a São Paulo tirar cópia das ações que eles fizeram para o Siegfried. Eu também fui a São Paulo para fazer especialização no Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (Ibet). Eu já estava relativamente bem, tinha minha BMW, mas aquela diferença de R$ 3 mil
para R$ 300 mil me chocou.” Convocou então dois colegas de faculdade bons naquelas áreas e, em 1999, constituíram empresa, com sede em São Paulo. “Na Avenida Paulista, no Conjunto Nacional, que todo mundo conhece. Pegamos uma salinha de 40 metros quadrados só para ter o endereço, porque a sede de verdade ficava em Bauru.” (Hoje seu principal escritório paulistano ocupa seis andares de 1.280 metros quadrados em um edifício luxuoso no Brooklin.)
Não demorou para os amigos perceberem que a capital era um “mercado sem fim”. Em 2001, Nelson mudou-se em definitivo para São Paulo. Em 2004, iniciou a expansão do escritório para Rio de Janeiro, Paraná e Ceará. Em 2008, ele teve acesso a uma licitação do Banco do Brasil. Era a maior terceirização de serviços jurídicos do país: eles queriam dois escritórios por estado, em todas as áreas. “Mas eu não podia participar porque não tinha atestado de capacidade técnica de outras áreas. O edital era um calhamaço ‘deste tamanho’. E, lendo aquilo, percebi que era um verdadeiro manual de como deveria ser um escritório full service.”
Em cinco anos, o Banco do Brasil abriria outra licitação. Nelson Wilians estava determinado: teria filial em todos os estados e todos os atestados necessários. A motivação: honorários de R$ 967 milhões. Seu escritório participou – e pegou 70% do bolo, uma fatia inédita até então. “Nessa hora, o mercado me percebeu.” Foram dois anos de briga com os derrotados, que, inconformados, entravam com liminares
tentando suspender a licitação. Em 2015, o contrato foi assinado. “Até então, me chamavam de louco. A partir daí, passei a ser o Nelson corajoso.”
Nesse momento, a entrevista precisou ser interrompida para que Nelson comparecesse a um evento no hotel Jequitimar, no Guarujá. “Continuamos a conversa lá embaixo”, disse ele à equipe da Forbes. E embarcamos todos em seu helicóptero Agusta AW169 de 10 lugares. Em poucos minutos, cruzávamos a Serra do Mar e pousávamos no belo cenário praiano. Acomodados em uma ampla sala do hotel, retomamos a prosa. “Depois que você virou o Nelson corajoso, o que mudou?”, pergunto. “Nós consolidamos nossa estrutura não só no Brasil, mas também no exterior por meio de alianças com escritórios em todos os continentes, o que possibilita o atendimento daqueles clientes que querem expandir suas atividades e daqueles que querem vir para o Brasil. Hoje praticamente todas as grandes instituições bancárias e grandes varejistas são clientes da Nelson Wilians Advogados.”

Nelson Wilians e seu “uniforme”: terno azul e gravata amarela para homenagear o primeiro traje de trabalho, emprestado do avô.
Ele é requisitado por empresas, escolas e entidades para compartilhar seus insights, sempre com a simplicidade e o bom humor que exala no trato pessoal e nas redes sociais. “Gosto de inspirar as pessoas. E eu sinto um carinho muito grande por parte das pessoas mais jovens.”
Essa admiração vem de seu talento em se comunicar com as novas gerações. No Instagram, até seu motorista Giba virou celebridade – sem falar do personagem que a cartunista Laerte criou para ele.
A família
Nelson está no segundo casamento – com Anne Wilians, que é sócia na Nelson Wilians Advogados e fundadora do Instituto Nelson Wilians. Eles têm quatro filhos, o mais velho com 5 anos; do primeiro casamento, são três filhas, a mais velha com 25 anos. “Minha agenda é muito complexa, mas, durante a semana, levo meus filhos todos os dias na escola.”
Ao lado de seu maior prazer, que é viajar com a família (“Este mês vamos aos parques de Orlando”), ele coleciona obras de arte e objetos raros, como uma gravura de Picasso e um saxofone de John Coltrane. Se na infância ele dividia o quarto com os pais e a irmã caçula, hoje vive em uma casa com 16 quartos em um bairro nobre de São Paulo, mantida por 20 funcionários e protegida por um exército de seguranças – precaução que teve origem em um episódio ocorrido em Jaguapitã, em 2001. “Minha mãe tinha operado o coração e eu fui visitá-la. Três assaltantes invadiram a casa dos meus pais e levaram minha BMW, meu relógio e minha pasta. O carro eu até recuperei mais tarde, mas, desse dia em diante, eu falei que nunca mais seria pego desprevenido.”
O futuro
Sobre o que será de sua profissão, que alguns futuristas julgam em risco de extinção com a chegada da inteligência artificial generativa, ele volta a falar em adaptação: “Quando eu me formei, já falavam que a profissão não tinha futuro, lembra? Agora a inteligência artificial é uma realidade, já está entre nós. Como eu digo, não é o mais forte nem o mais inteligente que sobrevive, é quem melhor se adapta. Eu descobri há pouco tempo o ChatGPT e estou encantado, é uma mão na roda. Nas minhas palestras, costumo dizer que comecei na era analógica, mas que, sem dúvida nenhuma, é muito mais fácil trabalhar na era digital. Temos mais de 400 mil processos ativos, sem tecnologia seria impossível administrar tudo isso. Se eu começasse hoje, ia nadar de braçada”.
O braço do bem
Desde 2017, a NWADV promove a democratização de oportunidades e a redução das desigualdades sociais por meio do Instituto Nelson Wilians (INW), instituição social sem fins lucrativos destinada ao amparo das parcelas menos protegidas da sociedade, nos campos educacional e legal. Fundado e liderado pela doutora Anne Wilians, o INW desenvolve projetos que já impactaram mais de 70 mil pessoas diretamente e beneficiaram 239 organizações sociais com o trabalho pro bono realizado pelo NWADV por meio do instituto. Em nome dessas iniciativas, o casal promove encontros com personalidades em sua própria casa, onde debatem políticas de inclusão social e econômica.
Terço de férias
O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou no dia 12 de junho que a tributação sobre o terço de férias pago aos trabalhadores só pode ser feita a partir da publicação da ata do julgamento sobre o tema, ou seja, setembro de 2020. Isso impede o governo de cobrar as contribuições retroativas antes dessa data.
No entanto, as contribuições já pagas, mas não impugnadas, não serão devolvidas. A Associação Brasileira de Advocacia Tributária (Abat) estima que cerca de R$ 100 bilhões estão em disputa entre o governo e as empresas devido à decisão. Nelson Wilians criou a tese de não incidência da contribuição previdenciária sobre o terço de férias em 2006. A vitória judicial é um marco para os mais de 10 mil clientes pessoas jurídicas da NWADV, como Grupo Abril, Pão de Açúcar e TAM. A decisão tem repercussão geral, ou seja, deve ser adotada por todas as instâncias da Justiça que tratam do tema.
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Loucura, não. Coragem!
Em parceria com Hiram Baroli, professor de marketing na FGV, Nelson Wilians lançou o livro Loucura, Não. Coragem! (Editora Gente). A obra mistura experiências pessoais e conhecimento acadêmico ao abordar a maneira como jovens profissionais devem encarar a comunicação e o marketing em seus negócios. Nelson conta como usou essas ferramentas de forma intuitiva para se destacar em um ambiente tão diferente da realidade de sua família. Já o professor Baroli faz uma abordagem conceitual e didática sobre as principais mídias sociais, dando orientações para os jovens navegarem no mundo tecnológico e potencializarem suas carreiras.
Reportagem publicada na edição 120 da revista, disponível nos aplicativos na App Store e na Play Store e também no site da Forbes Brasil.
Escolhas do editor
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O Que Explica o Burnout Recorrente de Dezembro

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Para muitas pessoas, dezembro parece uma corrida até a linha de chegada antes da virada do calendário. Prazos de trabalho, compromissos sociais, planos de viagem, listas de compras e avaliações de fim de ano colidem em um espaço emocional e cognitivo comprimido. Assim, o que começa como um pico de empolgação frequentemente leva a um esgotamento intenso, que muitas vezes se estende até janeiro.
Esse burnout de fim de ano não é um fenômeno subjetivo ou isolado. Pesquisas sobre estresse indicam que ele faz parte de um ciclo previsível de resposta ao estresse, que se acumula ao longo do tempo e atinge o auge quando as demandas antes do Ano Novo são mais altas. Os principais conceitos que ajudam a explicar esse fenômeno são o custo biológico do estress, o esgotamento emocional e os efeitos da sobrecarga cognitiva prolongada. Veja como cada um deles afeta o seu bem-estar:
1. Burnout causado pelo “desgaste” biológico
Para entender o ciclo de esgotamento de dezembro, primeiro é preciso compreender a carga alostática: um termo usado por cientistas para descrever o peso biológico cumulativo que o estresse crônico impõe ao corpo. A carga alostática reflete como respostas ao estresse repetidas ou prolongadas, especialmente quando não há recuperação suficiente, produzem desgaste em vários sistemas fisiológicos.
Em uma revisão sistemática de 2020 sobre pesquisas em carga alostática, cientistas analisaram centenas de estudos e concluíram que a sobrecarga alostática, quando o estresse excede a capacidade do corpo de se adaptar, está associada a piores desfechos físicos e mentais em uma ampla gama de populações.
Cada demanda estressante, seja pressão no trabalho, conflito emocional, tensão financeira ou expectativas sociais, ativa nossos sistemas de resposta ao estresse. Esses sistemas liberam hormônios como cortisol e adrenalina para ajudar a lidar com a situação no momento. Mas, quando os estressores são constantes e a recuperação é mínima, como costuma acontecer no fim do ano, essa ativação elevada se transforma em “desgaste” fisiológico que acaba minando a resiliência.
Em outras palavras, o corpo literalmente acumula os efeitos do estresse ao longo do tempo. Como resultado, as demandas sobrepostas de dezembro podem levar a um estado de sobrecarga alostática que se manifesta como burnout nos níveis do sistema nervoso, imunológico e metabólico.
2. Burnout causado pela exaustão emocional de fim de ano
Psicólogos definem burnout como uma síndrome psicológica que surge em resposta ao estresse prolongado, especialmente quando ele é percebido como incontrolável ou sem apoio. O modelo mais aceito descreve três dimensões centrais do burnout:
● Exaustão emocional: sensação de estar drenado, fatigado e incapaz de se recuperar.
● Despersonalização ou cinismo: afastamento emocional de pessoas ou responsabilidades.
● Redução da eficácia pessoal: sensação de menor competência ou produtividade.
Pesquisas mostram que a exaustão emocional tende a se acumular ao longo do tempo, sobretudo quando as demandas diárias continuam sem recuperação psicológica ou física adequada. Muitas pessoas vivenciam esse estado como “não ligar mais”, nem mesmo para coisas que antes eram importantes.
E dezembro intensifica esse padrão. Além dos estressores rotineiros, há demandas emocionais sobrepostas (receber pessoas em casa, expectativas em torno de presentes ou conciliar tempo com diferentes círculos sociais) e a pressão psicológica de “fechar o ano com chave de ouro”. Essa combinação esgota as reservas emocionais mais rapidamente do que em outros períodos do ano.
O ponto crucial é que o burnout não é apenas uma sensação subjetiva. Ele afeta de forma mensurável o funcionamento do cérebro e do corpo. O estresse crônico e o burnout comprometem processos cognitivos como atenção, memória de trabalho e controle executivo, exatamente os sistemas necessários para se manter organizado e focado sob pressão.
3. Burnout causado pela névoa mental
Uma das queixas mais comuns no fim de dezembro é a chamada “névoa mental”. Os sintomas incluem dificuldade de concentração, tomada de decisão, lembrança de detalhes e manutenção da clareza mental.
Estudos sugerem que a exaustão emocional está ligada a quedas mensuráveis no desempenho cognitivo. Um estudo longitudinal publicado na Stress & Health constatou que a exaustão emocional, o principal componente do burnout, se associa negativamente ao desempenho em tarefas que avaliam atenção, memória e funções executivas.
O estresse crônico afeta áreas do cérebro responsáveis por essas funções, como o córtex pré-frontal, que regula planejamento, foco e tomada de decisão. Quando hormônios do estresse, como o cortisol, permanecem elevados por muito tempo, esses sistemas passam a funcionar de forma menos eficiente. Embora o cérebro consiga se adaptar no curto prazo, a ativação prolongada leva à fadiga cognitiva, a sensação de que a mente simplesmente não tem mais “energia” para lidar com tarefas complexas.
Em dezembro, a carga cognitiva não vem de uma única fonte. Ela pode surgir de vários fatores ao mesmo tempo, como:
● prazos e avaliações no trabalho;
● planejamento social e compromissos;
● decisões financeiras e expectativas de estilo de vida;
● processamento emocional ligado às reflexões de fim de ano.
Todos esses elementos competem pelos mesmos recursos cognitivos e emocionais limitados. Quando esses recursos se esgotam, é como se o cérebro estivesse funcionando em modo de baixa energia, mesmo que você tenha lidado bem com estresses anteriores.
O motivo oculto que piora o burnout de fim de ano
Há também um componente psicológico que amplifica esse ciclo de estresse físico. No fim do ano, muitas pessoas revisam suas conquistas, se comparam aos outros e estabelecem resoluções para o Ano Novo.
Esses ciclos de reflexão podem criar uma lacuna cognitiva entre a realidade e as expectativas, o que gera estresse. Quando as pessoas percebem um descompasso entre as demandas e sua capacidade de lidar com elas, o estresse aumenta e a recuperação se torna mais difícil.
Em teoria, duas pessoas podem enfrentar as mesmas demandas externas, mas aquela que se sente com menos controle ou menos apoio tende a apresentar sinais mais intensos de burnout e acúmulo de carga alostática. Esse padrão é consistente com teorias clássicas do estresse e com estudos empíricos que associam estresse crônico tanto à exaustão emocional quanto ao desgaste fisiológico.
A boa notícia é que pesquisas sobre burnout e carga alostática apontam algumas abordagens baseadas em evidências para interromper esse ciclo:
● Priorize a recuperação. Descanso não é luxo quando o estresse é crônico; é reparador. Sono, pausas e atividades restauradoras ajudam o corpo a desligar respostas prolongadas ao estresse.
● Estabeleça limites. Dezembro costuma parecer tudo ou nada. Reduzir compromissos em uma área pode preservar recursos emocionais e cognitivos onde eles mais importam.
● Fortaleça conexões sociais. Recursos psicossociais, como relações de apoio, podem amortecer os efeitos do estresse e reduzir a carga fisiológica.
● Pratique mindfulness e pausas intencionais. Práticas de atenção plena demonstram melhorar o funcionamento cognitivo sob estresse e ajudam a regular a reatividade emocional.
● Reflita com compaixão. A reflexão de fim de ano pode ser saudável, mas quando vira armadilha de comparação ou julgamento, aumenta o estresse em vez de aliviá-lo.
O Ano Novo chegará, você se sentindo pronto ou não. Mas, ao compreender os mecanismos por trás do colapso de dezembro e adotar medidas para mitigá-los, é possível entrar no próximo capítulo com mais resiliência, não apenas com alívio.
O burnout de dezembro pode ser o principal responsável pela sua névoa mental. Faça a Escala de Névoa Mental, baseada em evidências científicas, para saber se isso é motivo de preocupação.
*Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder.
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Unilever Anuncia Brasileiro Como Novo CMO Global

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A Unilever anunciou o brasileiro Leandro Barreto como o novo CMO global da companhia. Ele assume o cargo em janeiro de 2026 e sucede Esi Eggleston Bracey, que ocupava a posição de Chief Growth & Marketing Officer.
Com mais de 20 anos de casa, Barreto ocupa hoje o cargo de CMO da vertical de beleza e bem-estar da Unilever. “À medida que o ano chega ao fim, me vejo fazendo uma pausa não apenas para refletir sobre métricas de desempenho, mas para valorizar as pessoas, a paixão e o propósito que definiram estes últimos doze meses”, compartilhou em uma publicação no LinkedIn. “2025 foi um ano de apostas ousadas e avanços significativos. Foi um privilégio trabalhar ao lado de equipes que aparecem todos os dias com coragem, curiosidade e cuidado.”
Formado em comunicação pela USP (Universidade de São Paulo), Barreto também tem pós-graduação em psicanálise, semiótica e estudos culturais pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
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BP Nomeia Meg O’Neill, da Woodside, Como CEO após Saída Repentina de Auchincloss

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A gigante britânica do petróleo e gás BP nomeou Meg O’Neill, da Woodside Energy, como sua próxima CEO, sendo a primeira contratação externa para o cargo em mais de um século e a primeira mulher a liderar uma das cinco maiores petrolíferas, num momento em que a empresa volta a apostar nos combustíveis fósseis.
O’Neill, uma veterana da Exxon, assumirá o cargo em abril, após a saída abrupta de Murray Auchincloss, a segunda mudança no comando em pouco mais de dois anos, à medida que a petrolífera britânica se esforça para melhorar sua lucratividade e o desempenho de suas ações, que durante anos ficou atrás de concorrentes como a Exxon.
A empresa embarcou em uma grande mudança de estratégia no início deste ano, cortando bilhões em iniciativas planejadas de energia renovável e voltando seu foco para os segmentos tradicionais do petróleo e gás. A BP prometeu se desfazer de US$20 bilhões em ativos até 2027 e reduzir a dívida e os custos, incluindo sua unidade de lubrificantes Castrol.
Contratação de alto perfil
O’Neill, norte-americana de 55 anos, natural de Boulder, no Colorado, dirige a Woodside desde 2021 e anteriormente passou 23 anos na Exxon Mobil.
“Trata-se claramente de uma contratação de alto nível e, provavelmente, de algumas das mudanças que os acionistas da BP estavam procurando”, disse Dan Pickering, diretor de investimentos da Pickering Energy Partners.
Sob a liderança de O’Neill, a Woodside se fundiu com o braço petrolífero do Grupo BHP para criar uma das dez maiores produtoras globais independentes de petróleo e gás, avaliada em US$ 40 bilhões (R$ 220,7 bilhões na cotação atual), e dobrou a produção de petróleo e gás da Woodside.
A aquisição levou a empresa para os EUA, onde se expandiu para o gás natural liquefeito em terra na Louisiana.
As ações da Woodside caíam até 2,9% após o anúncio de sua saída. Já as ações da BP subiam 0,27%.
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