Negócios
Empresas usam Inteligência Artificial para monitorar desempenho de funcionários
Como muitos donos de restaurantes, Andrew Valkanoff distribui bônus aos funcionários que fizeram um bom trabalho. Mas em cinco de suas franquias Dairy Queen, na Carolina do Norte, EUA, esses bônus são determinados pela Inteligência Artificial.
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Um sistema de Inteligência Artificial chamado Riley coleta fluxos de dados de vídeo e áudio para avaliar o desempenho dos funcionários e, em seguida, atribui bônus àqueles que conseguem vender mais. Valkanoff instalou o sistema, desenvolvido por uma empresa de vigilância há menos de um ano, com a esperança de que ajudaria a aumentar as vendas no momento em que as margens estavam cainco e os custos de alimentação e mão-de-obra disparavam.
Graças ao sistema de IA, as lojas conseguiram um aumento de 3% nas vendas. “Cada centavo em meu negócio é importante agora”, diz Valkanoff.
Riley, instalado em cerca de 100 lojas em todo o país, incluindo franqueados KFC e Taco Bell, coleta dados, incluindo conversas de funcionários com clientes, e usa Intaligência Artificial para detectar se e com que frequência os funcionários tentaram fazer “upsell” (oferecer complementos ou coberturas extras, como uma sobremesa antes de passar o cartão), “upsize” (oferecido um tamanho maior e mais caro) ou tentou inscrever um cliente no programa de fidelidade da empresa, por exemplo.
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Os funcionários que fazem mais sugestões e conseguem convertê-las em vendas recebem bônus em dinheiro com base em uma nota gerada pelo sistema de IA. O software também monitora a rapidez com que as refeições são preparadas (quais são os horários de maior movimento em uma loja e o que causa longas filas no drive-thru), bem como a quantidade de comida desperdiçada.
“A ferramenta tem a intenção de funcionar quase como uma plataforma de assessment, ajudando os gerentes a identificar e focar em funcionários cujo desempenho pode estar abaixo do esperado para indicar treinamentos adicionais, disse o fundador e CEO da Hoptix, Ken Bianchi, empresa que criou o sistema.
“Quando você aplica isso individualmente, você pode começar a ver quem está vendendo mais, quem não está convertendo e o porquê”, disse Bianchi. “E aí pode funcionar como uma plataforma de treinamento, onde pode ver os melhores dos melhores – e o que eles estão fazendo. A gamificação resultante disso me surpreendeu.”
Pressão ainda maior
Alguns especialistas estão preocupados com o uso desse tipo de ferramenta como uma desculpa para obrigar os trabalhadores a cumprir padrões de produtividade que não são alcançáveis. “Muitas vezes, o que é chamado de problemas de produtividade, especialmente em contextos de fast-food, é muitas vezes resultado de equipes muito reduzidas”, disse Alexandra Mateescu, pesquisadora do grupo de pesquisa sem fins lucrativos Data and Society. “Existe a preocupação de que essa vigilância possa pressionar ainda mais trabalhadores que já estejam no limite.”
Isso não impediu a indústria de fast-food de abraçar com corpo e alma ferramentas de vigilância baseadas em Inteligência Artificial que registam e avaliam a eficiência dos funcionários.
Em 2019, a Domino’s lançou o Verificador de pizza DOM em todas as suas lojas na Austrália e Nova Zelândia. O verificador era uma câmera suspensa programada com IA e aprendizado de máquina que digitalizava milhões de pizzas para garantir que os funcionários adicionassem as coberturas corretas e as distribuíssem uniformemente.
O Outback também usou inteligência artificial para monitorar a rapidez com que sua comida é servida e com que frequência um garçom atende as mesas. As cadeias de fast food também adotaram outras formas menos técnicas de avaliar o desempenho dos funcionários, como classificações dos clientes que determinam quais e quantos turnos os trabalhadores farão e podem até mesmo fazer com que sejam demitidos.
Bianchi, 48 anos, conheceu o setor de vigilância há 20 anos, quando fundou um provedor de vigilância por vídeo. Em 2018, fundou a Hoptix depois de perceber que, embora os proprietários de empresas pudessem registrar as ações dos funcionários, eles não tinham tempo para revisar as imagens e obter informações significativas.
Bianchi se inspirou na ênfase do beisebol, que ele joga como amador, em dados, já que os times têm se beneficiado a partir de métricas detalhadas do desempenho de cada jogador. “Estamos duplicando o que funcionou durante décadas em outras indústrias.”
Riley realiza algumas verificações para garantir que o áudio transcrito pela IA seja preciso e que o reconhecimento facial identifique o funcionário correto em uma interação (a empresa afirma que sua precisão nesses pontos está entre 96% e 99%). Nos momentos em que a IA dá errado, o cartão de pontuação dos funcionários também é vinculado às imagens da câmera de vídeo para o gerente da loja analisar manualmente.
Mas alguns funcionários precisam ser convencidos, disse Valkanoff, dono das lojas Dairy Queen. Ele fez questão de responder às perguntas dos funcionários sobre terem seus movimentos observados. “Mas, à medida que eles começam a ver o impacto disso em seus cheques e em seus nomes aparecendo no quadro como ganhadores semanais, a desconfiança começa a desaparecer.”
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Negócios
CEO da BB Asset: “A Educação Abre Portas, e Eu Sou Um Exemplo Disso”
Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
A BB Asset, empresa de gestão de recursos do Banco do Brasil, é uma gigante. Administra R$ 1,7 trilhão em fundos, ou 18,7% do total da indústria, sendo a maior do mercado. Cuida do dinheiro de cerca de 2 milhões de pessoas. Se essa multidão morasse na mesma cidade, seria o 8º município brasileiro em população, à frente de Curitiba, Recife e Porto Alegre. Denísio Liberato está na lista Forbes Melhores CEOs de 2024.
O tamanho e a liderança não deixam confortável o CEO Denísio Liberato. “Temos quase 20% de participação de mercado e precisamos nos reinventar sempre.” Aos 44 anos, graduado, mestre e doutor em economia, funcionário de carreira do Banco do Brasil, Liberato é o primeiro CEO da BB Asset de origem africana.
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Sua trajetória é prova do poder da educação na mobilidade social. Nascido em Ponte Nova (MG), filho de um pedreiro e de uma dona de casa, conseguiu se inscrever no concurso do Banco do Brasil em 1999 porque sua tia tomou o dinheiro da inscrição emprestado com um vizinho. Aprovado, começou a trabalhar como amarelinho na agência da cidade mineira de Ubá. “Eu vestia um colete amarelo e ajudava os clientes a operar os caixas automáticos”, diz.
O salto na carreira veio por meio dos estudos. Ao ingressar no banco, já cursava o 3º ano de economia na universidade federal de Viçosa. “Meu orientador não apoiou minha decisão, ele disse que eu iria jogar meu conhecimento fora para ser caixa de banco.” No entanto, a necessidade do salário falou mais alto. Mesmo assim, Liberato não desistiu de uma carreira acadêmica. “Descobri que o BB financiava programas de mestrado e de doutorado desde que os temas de pesquisa fossem úteis à instituição”, diz ele. “A educação abre portas, e eu sou um exemplo disso.”
Com o avanço acadêmico, veio a progressão na carreira. Liberato passou por várias áreas no Banco do Brasil e foi servidor do Ministério da Fazenda entre 2013 e 2016, onde foi secretário-adjunto de Política Econômica. Retornou ao banco, passou pela diretoria de governança e foi diretor da Previ, fundo de pensão do BB. Sua indicação para o cargo atual ocorreu no início de 2023.
À frente da asset, o executivo buscou diversificar o negócio por meio de parcerias. A mais recente foi uma associação com a administradora de shopping centers Iguatemi. “Estruturamos um fundo para adquirir participações em shoppings que nos permitirá atuar como consolidadores do setor”, afirma. Outras iniciativas estão no pipeline “A BB Asset é um ‘hub’ de liquidez para diversos setores, como a economia verde, e vamos crescer nessa área aproveitando o conhecimento do Banco do Brasil, considerado o banco mais verde do mundo.”
Reportagem publicada na edição 123 da Forbes, lançada em setembro de 2024.
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O Estilo de Liderança de Alexandre Birman, CEO da Azzas 2154
Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
No dia em que completava 48 anos, em 1º de agosto, Alexandre Birman e amigos comemoravam o início das operações do Azzas 2154 na B3, no Centro de São Paulo. Um dia antes, era formalizada a união da Arezzo&Co (da família Birman) com a Soma (dos Jatahy), dando à luz um grupo com receita bruta da ordem de R$ 12 bilhões, 34 marcas (da sesquicentenária Hering à “adolescente” Schutz), 24 mil colaboradores diretos, mais de 2 mil lojas e 22 mil pontos de venda multimarcas, oferecendo calçados e roupas femininas e masculinas. Birman está na lista Forbes Melhores CEOs de 2024.
Alexandre passava, a partir daquela data, a comandar o maior grupo de moda da América Latina. O empresário, designer de sapatos e triatleta Alexandre Birman nos recebeu em sua sede, na Zona Sul paulistana, e logo enfatizou outra efeméride: no dia seguinte, a Arezzo, empresa fundada por seu pai, Anderson, e pelo tio Jefferson em Belo Horizonte em setembro de 1972, completaria 52 anos – quase todos eles acompanhados de perto por nosso anfitrião. “Quando eu nasci, em 1976, a fábrica era na garagem da casa do meu avô”, conta. “Meu carrinho de bebê era uma caixa de sapato”, brinca.
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O negócio de família evoluiu rápido: em quatro anos, eles já tinham uma indústria com 200 funcionários produzindo mil pares por dia. Alexandre acompanhava atentamente o dia a dia dos jovens pais. Aos 5 anos, aprendeu a montar as caixas; aos 12, sabia fazer um sapato inteiro, do molde à costura final; aos 18, criou uma marca própria, a Schutz. Seus conhecimentos como designer foram aprimorados em um curso de modelagem técnica de calçados na Itália. “Meu pai me ensinou que, por trás de uma grande marca, é preciso ter um grande produto, algo que faça aquela marca se tornar conhecida, icônica. Então criei uma bota tratorada, meio estilo outdoor, mais feminina, com uma plataforma. Inventei moda, literalmente”, conta Alexandre Birman, depois de cravar que seu grande mentor e guru foi, é e sempre será seu pai.
Curiosamente, no entanto, antes de atingir a maioridade, um consultor de gestão de empresas familiares recomendou que ele não trabalhasse com o pai, que seguisse uma carreira própria. Foi quando montou a Schutz – mas com a ajuda de Anderson. “Em 2007, nos tornamos sócios”, lembra.
Perguntado sobre um erro e um acerto na trajetória de gestor, Alexandre Birman conta que um grande erro de cálculo foi decidir mudar sua fábrica em Minas Gerais, que estava indo bem, para o Rio Grande do Sul, no fim dos anos 1990. “Eu achava que fechar uma fábrica e transportar todo o maquinário era um processo que eu faria em dois meses. Aproveitei as férias entre dezembro e janeiro para fazer essa mudança, com a meta de produzir 500 pares por dia.” Ele ignorou os conselhos para fazer a transição aos poucos, diminuindo a produção de um lado enquanto aumentava do outro. Descobriu da pior forma que a mudança levaria cerca de um ano. “Em maio, eu tinha que entregar os pedidos e eu não tinha quase nada, só uns sapatos malfeitos. Tive que cancelar os pedidos.”
Outro tombo, esse literal, foi durante um dos muitos triatlos de que participou (em novembro de 2023, foi vice-campeão latino-americano do Ironman 70.3 Fortaleza na categoria 45-49 anos, perdendo apenas para o próprio coach). “Caí da bicicleta a uns 40 km/h e tive que correr a maratona com o joelho destruído. Por pouco não tive que operar.” O acidente aconteceu no Panamá em 2012. Sobre um grande acerto, ele destaca a aposta na “capacidade omni” da empresa. “Nós criamos o aplicativo de venda (que a vendedora pode fazer digitalmente) em 2018. Não foi fácil no começo, mas investimos muito nessa ferramenta e acabamos virando um case como a empresa mais resiliente na pandemia.”
Sobre seu estilo de gestão como CEO, ele afirma ser baseado no exemplo e na proximidade com colaboradores e fornecedores. “Gosto de estar junto com as equipes que executam, incluindo o chão de fábrica, toda semana. É uma rotina que cumpro desde 1999.” Ele também diz se preocupar com as dificuldades dos fornecedores e dos pontos de vendas, eventualmente ouvindo o que o cliente tem a dizer de seus produtos.
Em relação aos planos para o futuro, Alexandre Birman elenca: “No curto prazo, é concretizar a integração da fusão e deixar a empresa funcionando como uma empresa única do ponto de vista de gestão, indicadores e planejamento estratégico, a partir do dia 1º de janeiro do ano que vem. No médio prazo, o objetivo é fomentar algumas marcas que são fundamentais para o nosso negócio, cada uma em seu estágio de vida e seu propósito. Enquanto a Hering, por exemplo, é o 10º CNPJ mais antigo do Brasil e virou sinônimo de camiseta básica no Brasil, a Farm Rio se torna um desejo nacional e internacional, com presença forte nos Estados Unidos e começando sua participação no mercado europeu.”
Sobre o longo prazo, o nome do novo gigante da moda dá a pista: Azzas 2154 remete à capacidade de voar alto, e 2154 é um mantra de longevidade criado por Anderson Birman para se referir ao ano em que faria 200 anos – e para dizer que ele não estará lá quando essa data chegar, mas seu legado sim.
Reportagem publicada na edição 123 da Forbes, lançada em setembro de 2024.
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Inventor da Dinamite Salvou Sua Reputação Ao Criar o Prêmio Nobel
Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Em algum momento, a maioria das pessoas se pergunta como será lembrada. Alfred Nobel foi um dos poucos indivíduos que realmente descobriu o que o mundo pensaria sobre ele após sua morte (isso aconteceu há mais de 100 anos, antes de você poder buscar seu nome no Google). E isso mudou a sua vida, sua reputação e seu legado.
Nobel foi um químico, engenheiro e fabricante de armamentos sueco que possuía 350 patentes – entre elas, a mais famosa era a dinamite.
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Em 1888, o irmão de Alfred, Ludvig, faleceu enquanto visitava a França, e um jornal francês, por engano, publicou o obituário de Alfred. O jornal informou: “Dr. Alfred Nobel, que ficou rico ao encontrar maneiras de matar mais pessoas mais rápido do que nunca, morreu ontem.” Ele ficou marcado pela invenção da dinamite, e a manchete dizia: “Le marchand de la mort est mort.” (“O mercador da morte está morto.”)
Isso perturbou Alfred e o fez refletir sobre como seria lembrado. “O mercador da morte” não era o legado que ele desejava. Então, em 27 de novembro de 1895, no Clube Sueco-Norueguês em Paris, Nobel assinou seu último testamento, destinando a maior parte da sua fortuna – que hoje seria o equivalente a cerca de US$ 1 bilhão – para a criação dos Prêmios Nobel.
Eles seriam concedidos anualmente àqueles “que, durante o ano anterior, tivessem conferido o maior benefício à humanidade” nas áreas de medicina, química, física, literatura e paz. Em 1968, foi adicionado o prêmio de ciências econômicas.
Alfred Nobel morreu de acidente vascular cerebral pouco mais de um ano após assinar seu testamento. A tentativa de salvar a sua reputação foi um sucesso.
Nesta época do ano, os seis prêmios Nobel já foram concedidos. Vale a pena refletir: sabemos quem são essas grandes figuras premiadas e quais são suas conquistas?
Por outro lado, dificilmente nos esquecemos dos nomes daqueles que geram desordem, alimentam o caos e os problemas do mundo. A maior conquista dos líderes será transformar essa realidade.
*Eli Amdur é colaborador da Forbes US. Ele é um jornalista com mais de 50 anos de experiência, já escreveu mais de 2.000 artigos sobre mercado de trabalho, ambiente corporativo e liderança e fundou uma empresa de consultoria de carreira.
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