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Negócios

Ela Deixou Wall Street para Defender a Saúde Mental no Trabalho

Redação Informe 360

Publicado

no

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

 

Dilan Gomih, fundadora da consultoria Dilagence, está em uma missão para mudar a maneira como os benefícios de saúde mental são incorporados no ambiente de trabalho. Só no Brasil, mais da metade das companhias pretende investir em programas ligados ao tema, segundo um estudo da plataforma de benefícios e gestão de pessoas Flash em parceria com a Think Work, consultoria especializada em RH. Mas esses incentivos nem sempre têm o impacto esperado.

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Nos EUA, por exemplo, menos de um terço da força de trabalho realmente utiliza os benefícios de saúde mental, segundo pesquisa da Deloitte. “As corporações estão gastando muito dinheiro com bem-estar mental, mas é um mau investimento se estão apenas gastando para manter as aparências.” A empresária acredita que, quando os funcionários recebem os benefícios certos e eles são fáceis de usar, a utilização aumenta, assim como a produtividade.

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Dilan Gomih saúde mental
Simi Vijay

Dilan Gomih quer tornar os programas de bem-estar mais acessíveis e atraentes para os profissionais, além de ajudar as organizações a ver um retorno sobre o investimento

A trajetória de carreira de Gomih está longe de ser típica. Filha de imigrantes nigerianos, a empresária se formou em Yale antes de iniciar uma carreira bem-sucedida em Wall Street. Enquanto trabalhava no Bank of America, ela começou a dar aulas de spinning na Flywheel e sua paixão por saúde e condicionamento físico cresceu rapidamente. “Eu poderia simplesmente ter seguido o caminho tradicional, mas percebi que tinha essa outra paixão e enxerguei uma nova possibilidade para a minha carreira.”

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A empresária deixou o mundo corporativo e seguiu seus estudos de pós-graduação na Harvard Business School, onde foi diretora de bem-estar da associação de estudantes. “Depois disso, eu soube que qualquer caminho para a minha carreira precisaria combinar saúde e condicionamento físico de uma forma que ajudasse as pessoas a serem mais impactantes em suas vidas.”

Conexão entre movimento e bem-estar mental

A experiência de Gomih em finanças deu a ela uma perspectiva privilegiada sobre as demandas da vida corporativa e seu impacto no bem-estar mental. “A mente e o corpo não são separados. Eles se reforçam mutuamente. Quando trabalham em conjunto, isso não só é bom para o seu bem-estar, como também para o seu trabalho.”

Na consultoria Dilagence, ela ajuda organizações a criar os benefícios de bem-estar que suas equipes realmente desejam; também ensina aos funcionários como aproveitar o poder da atenção plena e do movimento para melhorar o bem-estar mental e a produtividade.

Seu trabalho com organizações como Google, Thrive Market, Pinterest e Harvard Business School mostrou que até pequenas mudanças podem ter um impacto significativo. “O movimento está ligado à redução de estresse, diminuição da ansiedade e melhora da saúde mental geral. Todos esses fatores contribuem para um melhor desempenho no trabalho.”

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Programas eficazes

Gomih percebeu desde cedo que a chave para preencher a lacuna entre simplesmente oferecer programas de bem-estar mental e o uso efetivo desses incentivos pelos funcionários está em simplificar como esses benefícios podem ser usados. “Se você retira o esforço mental de descobrir como e quando usar os benefícios, a utilização pelos funcionários aumenta.”

A empresária recomenda que as organizações parem de focar no “o quê” e comecem a focar no “como”. “É ótimo se uma empresa oferece um aplicativo de meditação gratuito ou descontos em aulas de condicionamento físico, mas, se os funcionários não sabem como encaixar essas atividades no dia de trabalho, eles não vão usá-los.”

A Dilagence ajuda as organizações a entender os gatilhos de estresse diários enfrentados por seus funcionários. Gomih projeta programas de bem-estar que integram benefícios de saúde mental ao fluxo do dia de trabalho, em vez de pedir aos profissionais que saiam de suas rotinas para aproveitá-los.

Estratégias para alcançar o bem-estar

Com um trabalho personalizado, Gomih cria estratégias práticas de bem-estar mental e produtividade para seus clientes. A especialista destaca algumas dicas valiosas que podem ajudar os profissionais no dia a dia:

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  • Recupere lições perdidas da infância: Gomih incentiva os profissionais a abraçar lições perdidas da infância para se tornarem melhores líderes. Movimentos ativos, como os intervalos ou férias, permitem que o cérebro se reinicie e funcione de maneira mais eficiente. O tempo ao ar livre e sem dispositivos leva à criatividade. E a ousadia, como a de uma criança que não pensa demais nas decisões, leva à inovação.
  • Transforme tarefas cotidianas em oportunidades de movimento: Em vez de se concentrar em alcançar uma contagem de passos específica, inclua o movimento de forma natural em seu dia de trabalho. “Convide seu colega para uma conversa durante uma caminhada ao ar livre, longe do estresse do escritório”, sugere Gomih. “Você não só entra em movimento, mas também constrói conexões humanas que são críticas para a dinâmica da equipe.”
  • Comece o dia com intenção: Gomih aconselha seus clientes a começar o dia com atenção plena, ao invés de verificar e-mails ou rolar redes sociais. “Passe os primeiros minutos do seu dia estabelecendo uma intenção. Dessa forma, quando você pegar o telefone, tudo o que aparecer precisa se encaixar na sua estrutura para o dia.”

*Jane Hanson é colaboradora da Forbes US. Ela é consultora de comunicação com ampla experiência com lideranças femininas em diversos setores. Ela foi locutora da rede americana de televisão e rádio NBC por 27 anos e conduziu milhares de entrevistas.

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Aprenda a Tomar Decisões Como um Empreendedor Bilionário

Redação Informe 360

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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

 

Nem todos os bilionários tomam riscos ou pensam fora da curva. Alguns deles são exatamente o oposto. São constantes, metódicos e seguem um conjunto de princípios como se fosse a missão das suas vidas. Esses empreendedores encontram conforto na rotina, seguem suas próprias regras e tomam decisões baseadas em métodos comprovados. Não é glamouroso, mas funciona.

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Manter o foco no básico pode levar a um sucesso em uma escala inimaginável. Veja como algumas das pessoas mais ricas do mundo preferem uma abordagem simples, mas eficaz.

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Bilionário Warren Buffett segue a mesma rotina todos os dias, o que libera espaço mental para as decisões mais importantes
Getty Images

Warren Buffett segue a mesma rotina todos os dias, o que libera espaço mental para as decisões mais importantes

Os hábitos de tomada de decisão dos bilionários

Estabeleça regras claras e não as quebre

Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, é famoso por seus “Princípios”, um conjunto de regras que ele usa para tudo em sua vida e nos negócios. Ele não improvisa. Dalio possui manuais detalhados que orientam cada decisão, desde investimentos até contratações. Sua abordagem consiste em seguir as regras e tirar as emoções do processo.

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Escreva seu próprio conjunto de princípios para lidar com as decisões. Inclua como você gasta dinheiro, com quem trabalha e quais projetos assumir. Ter regras claras elimina o trabalho de adivinhação nas suas escolhas.

Meça tudo

Bill Gates, cofundador da Microsoft, é um cara totalmente de dados. Gates disse uma vez: “Se você não pode medir, não pode melhorar.” Suas decisões são baseadas em dados, análises e evidências. Não é sobre intuição ou movimentos ousados; é sobre o que os números indicam.

Comece a monitorar pontos-chave da sua vida e do seu trabalho para reduzir vieses. Use dados para guiar suas decisões, não apenas a intuição. Acompanhe seus gastos, monitore seu tempo e revise as métricas do seu negócio. Os números ajudam a tomar decisões melhores. É menos emocionante, mas muito mais confiável.

Siga uma rotina

Warren Buffett, um dos investidores mais bem-sucedidos de todos os tempos, vive uma rotina rigorosa. Ele toma o mesmo café da manhã todos os dias, lê os mesmos jornais e mantém uma agenda previsível. Para Buffett, a rotina libera espaço mental para o que realmente importa.

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Crie rotinas que simplifiquem seu dia. Defina horários específicos para tarefas importantes e mantenha-se fiel a eles semanalmente. Seja para leitura, exercícios ou projetos importantes, uma rotina estabelecida ajuda a manter o foco e facilita o fluxo do dia com menos estresse.

Mantenha a disciplina

O fundador e CEO da Meta, Mark Zuckerberg, veste o mesmo tipo de roupa todos os dias para evitar a “fadiga de decisão”. Ele também é disciplinado em minimizar escolhas sem importância para poder focar nas grandes decisões. Defina suas regras e siga-as, desviando delas apenas quando for absolutamente necessário.

Como você pode manter a disciplina e operar dentro de limites mais rígidos? Simplifique seu guarda-roupa, refeições e organização do espaço de trabalho. Faça menos escolhas. Reduza a necessidade de força de vontade e guarde seu foco para construir seu império.

Foque no que você conhece

O falecido Charlie Munger, braço direito de Buffett na Berkshire Hathaway, tinha uma regra simples: foque no que você conhece. Ele evitava investimentos complicados e setores que não entendia. A abordagem de Munger consistia em permanecer dentro do seu círculo de competência e não se distrair com o que está fora dele.

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Aplique isso focando em suas forças e evitando áreas em que você não é um especialista. Seja em decisões pessoais ou de negócios, manter-se no que você conhece melhor ajuda a evitar erros. Pode não parecer aventureiro e disruptivo, mas te mantém no caminho certo.

Os hábitos básicos dos bilionários

Você não precisa ser ousado e imprevisível para se tornar um bilionário. Siga o caminho que muitos deles realmente percorreram: estabeleça regras claras e não as quebre, meça o que importa, siga uma rotina, mantenha a disciplina e foque no que você conhece.

Esses empresários bilionários provam que uma abordagem simples e baseada em princípios pode levar ao sucesso.

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*Jodie Cook é colaboradora da Forbes EUA. A empreendedora escreve sobre ferramentas de IA para empreendedores e coaches.

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A Mulher por Trás das Carreiras de 80 Mil Pessoas na PepsiCo

Redação Informe 360

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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

Gabriela García Cortés, vp da pepsico
Bernardo Medeiros/Forbes

Gabriela García Cortés foi considerada uma das 100 mulheres mais poderosas do México pela Forbes em 2023

Psicóloga de formação, a mexicana Gabriela García Cortés entrou no mundo corporativo por acaso e aproveitou a habilidade com pessoas para conquistar seu espaço. “Nunca pensei que faria mais terapia dentro da organização do que fora”, brinca a Chief People Officer da PepsiCo, hoje responsável pelo desenvolvimento de cerca de 80 mil profissionais na América Latina.

Gabriela começou a carreira na Kraft e chegou à PepsiCo há 16 anos como a primeira mulher a liderar o RH em vendas. Em uma equipe totalmente masculina, ser diferente era, mais do que um desafio, seu grande trunfo. “Todos tinham uma visão homogênea e eu sentia que podia desafiar isso”, lembra ela, que também assumiu uma responsabilidade extra: “Criar as condições para ter mais mulheres na área”.

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Esse trabalho intencional, impulsionado pela CEO na América Latina, Paula Santilli, se reflete em números expressivos de mulheres no alto escalão da companhia. A meta global é alcançar a paridade de gênero até 2025, mas a região já sai na frente. No Brasil, elas são 49% dos líderes e o comitê executivo, no país e na América Latina, é 60% feminino. “Precisamos colocar mulheres e grupos minorizados em posições que façam a diferença.”

Agora, a empresa, que teve lucro líquido de US$ 2,93 bilhões no terceiro trimestre de 2024, busca avançar na agenda racial. A meta é chegar a 30% de pessoas pretas em posições de liderança no país até o próximo ano (hoje são 29%) e os objetivos são acompanhados de iniciativas que apoiam os funcionários e suas famílias em diferentes momentos da vida.

Defina suas prioridades

A carreira sempre acaba levando a executiva ao aeroporto – coisa que ela adora. “Deve fazer parte do meu DNA porque duvido que alguém gostaria de viajar tanto quanto eu”, diz. Gabriela foi expatriada, morou em Nova York para assumir uma posição global e hoje viaja especialmente pela América Latina para estar perto dos diferentes mercados – que ela garante que não são tão diferentes assim.

A rotina intensa de trabalho e viagens exigiu concessões, especialmente quando teve sua filha, hoje com 24 anos. “Em vários momentos, priorizei minha carreira em detrimento da vida pessoal. Se você não definir suas prioridades, outra pessoa vai fazer isso por você.”
E é mais fácil fazer isso quando se tem clareza de onde quer chegar. “Minha prioridade é abrir portas para que as mulheres não enfrentem as mesmas dificuldades que eu.”

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Abaixo, Gabriela García Cortés, Chief People Officer da PepsiCo, conta como construiu sua carreira e como enxerga o papel da liderança hoje.

Forbes: Como psicóloga, como você entrou no mundo corporativo?

Gabriela Cortés: Estudei psicologia clínica, e meu plano inicial era trabalhar em consultório e em hospitais. Mas bem cedo percebi que o trabalho em um hospital psiquiátrico era muito estressante e que, para atender pacientes, precisaria de muito mais experiência. Com 23 anos, me dei conta de que era muita pressão para alguém tão jovem e que precisava de mais bagagem para lidar com tudo aquilo. Entrei no mundo corporativo por acaso; nunca me especializei em psicologia organizacional ou em áreas relacionadas.

E como foi esse início no mundo corporativo?

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Fui para a Kraft Foods, no setor administrativo, em uma função muito operacional, que achei chata, mas foi ótima para entender as bases de recursos humanos. Acabei ficando na Kraft por 12 anos, fui expatriada duas vezes; trabalhei no corporativo em Nova York, liderei o talent management e o desenvolvimento organizacional para a América Latina. Em meu último cargo na Kraft, participei de um projeto de vendas para entender o DTS (canal tradicional), o que me levou ao mercado, onde o principal concorrente era a PepsiCo. Para realizar meu projeto na Kraft, passei um ano estudando a PepsiCo, seus produtos e o modelo de negócios, que dominava todas as lojas. Quando um headhunter me procurou para um cargo na PepsiCo, eu já conhecia bem a empresa.

Por que você decidiu ir?

Minha chegada à PepsiCo foi interessante. Fui convidada para trabalhar em vendas e me disseram que seria a primeira mulher na história da empresa no México a atuar nessa área – até então, não havia mulheres. Além disso, o cargo era em Monterrey (a mais de 900 km da capital), mas me permitiram morar na Cidade do México e fazer commuting, o que, há 16 anos, era incomum. Encarei como um grande desafio ser a primeira mulher em vendas e trabalhar remotamente em uma época em que isso não era comum. Entrei em uma área onde todos eram homens e já trabalhavam na empresa há 25, 30 anos, então eu era a mulher nova. Decidi que passaria um ano aprendendo e conhecendo a empresa para ter o mesmo sucesso que tive na minha experiência anterior. Passei a acompanhar o pessoal de vendas, indo ao mercado às 5 da manhã, vendendo com os vendedores. Uma das decisões importantes que tomei foi me comportar como mais uma vendedora, e não como diretora, para me conectar de verdade com eles. Então, usava o uniforme de vendas e acompanhava o time às 5 ou 6 da manhã nas rotas, ajudando a organizar e limpar os produtos, e assim descobri tudo o que não funcionava.

Qual a importância de estar na linha de frente e conhecer os funcionários?

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A PepsiCo é uma empresa muito focada nas pessoas, especialmente na equipe de vendas. Aprendi rápido sobre o negócio, e hoje, 16 anos depois, posso dizer que foi uma das experiências mais importantes que tive. Depois disso, passei por vários papéis corporativos, indo para Nova York em um cargo global de cultura e engajamento. Tive uma posição regional em alimentos e bebidas, liderando talent acquisition, depois liderei a área de recursos humanos para toda a América Latina, exceto Brasil e México. Mais tarde, fui para o México, o segundo mercado mais importante da PepsiCo fora dos Estados Unidos. E, há dois anos, assumi como Chief People Officer para a América Latina. Muitos aprendizados e um grande crescimento.

Como era, na prática, ser a primeira mulher em vendas?

Eu não me senti tratada de forma diferente, embora provavelmente tenha sido. Decidi ignorar algumas coisas e não dar atenção. Por exemplo, meus colegas de vendas me faziam passar por certas situações para ganhar o direito de ser parte do time. Eles falavam: “Te vejo amanhã em Curitiba às 5 da manhã.” Meu time dizia para eu não ir, que estavam fazendo isso para me testar. Mas eu pensava: “Vou fazer. Isso não vai me custar nada, e se é importante para eles, vou encarar.” E me divertia mais do que me sentia ofendida. Eu ia onde me chamavam e, depois, ninguém podia questionar minha dedicação.

Costumo dizer para minha filha e para colegas mulheres que é importante escolhermos o nosso papel. Algumas coisas não vão ser permitidas, e devemos levantar a voz quando necessário. Mas também temos a responsabilidade de ocupar o espaço, fazer ouvir nossa voz e abrir caminho para as próximas gerações. Senti que estava em uma posição privilegiada quando assumi vendas, e encarei mais como um privilégio do que um risco.

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Precisamos colocar mulheres e grupos minorizados em posições que façam a diferença. Ser a única mulher me deu permissão para dizer o que ninguém mais dizia. Todos tinham uma visão homogênea, e eu sentia que podia desafiar isso, justamente por ser diferente. Há muitas vantagens quando entramos com uma mentalidade de diferença. Entendo que essa era a minha condição e que outras mulheres podem não ter as mesmas condições. Por isso, nós que estamos em posições de liderança temos a responsabilidade de levantar a voz e promover ambientes mais equitativos. Se as consumidoras são mulheres, como é possível que não haja mulheres na equipe? Me parecia totalmente impensável e era minha responsabilidade criar as condições para ter mais mulheres. Foi isso que tornou o cargo motivante.

Como seu background em psicologia ajudou a construir sua carreira?

Nunca imaginei que ser psicóloga me ajudaria tanto no mundo corporativo, especialmente em recursos humanos, onde tudo se relaciona com o entendimento e o conhecimento do ser humano. Somos uma organização centrada nas pessoas, o que significa entender a pessoa como um todo, não apenas o lado profissional, mas também de onde ela vem, o que gosta, qual sua história familiar, suas necessidades. Quando se entende a pessoa por inteiro e cuida dela dessa forma, os resultados são muito melhores.
Trabalho muito com o comitê executivo da América Latina, com os presidentes de cada país, e percebo que, ao entendermos cada pessoa, o impacto é maior. Nas reuniões, discutimos o que cada um precisa, seus medos, o momento de vida que estão passando, e isso ajuda muito. Nunca pensei que faria mais terapia dentro da organização do que fora, mas a verdade é que converso muito com as pessoas e isso tem sido de grande ajuda.

No início da sua carreira, como era a abordagem da liderança? O que mudou?

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No início da minha carreira, as empresas tinham uma estrutura muito hierárquica e separavam muito a vida pessoal da profissional. A forma de enxergar o trabalho era bem diferente do que é hoje. Houve uma evolução importante, principalmente por causa das novas gerações, que têm expectativas diferentes. Existe agora uma necessidade de um estilo de liderança mais genuíno, transparente e autêntico. As novas gerações não seguem um líder apenas porque ele diz que é um líder. Se você não é convincente, coerente e transparente, elas não vão te seguir. Isso transformou a forma como as organizações lidam com as pessoas. Hoje, há a expectativa de uma liderança mais integral, vulnerável e próxima.

Você acredita que as mulheres têm uma vantagem nesse aspecto?

Acredito que as mulheres são menos treinadas a seguir o perfil corporativo tradicional e, de alguma forma, têm mais “permissão” social e cultural para serem vulneráveis. Por isso, é um pouco mais fácil compartilharmos outros aspectos da nossa vida, já que o trabalho é uma parte, mas não a única. Desempenhamos outros papéis culturais e sociais e estamos acostumadas a compartilhar isso. Sinto que os homens são mais focados em desempenhar um papel e cumprir a expectativa de serem provedores, fortes e não demonstrarem emoções – uma série de coisas para as quais as mulheres têm mais permissão. No entanto, acredito que as mulheres também foram “masculinizadas” para se encaixarem no mundo corporativo.

Isso aconteceu com você?

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Aconteceu um pouco. Sentia que precisava ser direta, orientada para resultados e deixar um pouco de lado a parte mais integradora. Agora, estamos voltando a valorizar muito essas qualidades e treinando também os homens a entender que é permitido ser vulnerável, que isso traz coragem e crescimento. Mas, para eles, não é sempre algo natural.

Quais momentos foram mais importantes para chegar até aqui?

Fiz muitos sacrifícios na minha vida pessoal, tive muitos desafios e momentos em que eu não sabia o que esperavam de mim, e precisei ser paciente. Também houve situações em que me senti deslocada, mas entendi que isso fazia parte da curva de aprendizado. É essencial estar consciente dos sacrifícios que fazemos. Não posso culpar a empresa pelo meu divórcio; foi uma escolha minha. Da mesma forma, foi minha decisão quando priorizei a carreira em vez de passar mais tempo com a minha filha. É fundamental ter clareza sobre as escolhas que fazemos, porque a responsabilidade é nossa.

Você pode decidir não avançar na carreira para priorizar sua vida pessoal, e está tudo bem, mas é preciso ser responsável pelas consequências dessas decisões. Algumas foram positivas, outras nem tanto, mas, no final, posso dizer que repetiria muitas delas. Em vários momentos, priorizei minha carreira em detrimento da vida pessoal, e isso me trouxe grande satisfação, especialmente ao encontrar meu propósito profissional: abrir caminho para outras mulheres, usar minha posição para garantir que, pelo menos na PepsiCo, as pessoas sejam valorizadas e respeitadas. É uma prioridade minha abrir portas para que as mulheres não enfrentem as mesmas dificuldades que eu. Meu trabalho me permite fazer isso diariamente, e é por isso que esses sacrifícios são mais fáceis para mim. Sempre acreditei que, se você não definir suas prioridades, outra pessoa vai fazer isso por você. Precisamos saber o que é inegociável e o que podemos flexibilizar para continuar crescendo e aproveitando as oportunidades.

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Quais são as iniciativas dentro dessa agenda de bem-estar e com foco nas pessoas que você comentou?

A Pepsico tem programas voltados para os cuidados emocionais e físicos das pessoas há bastante tempo. Temos uma linha telefônica chamada “Care” em que qualquer colaborador pode ligar para falar sobre a perda de um animal de estimação, o roubo do carro ou mesmo sobre problemas de depressão, e buscamos ajudar com encaminhamentos. Além disso, não cuidamos apenas do funcionário, mas de toda a família. Temos programas muito bacanas que incluem suporte em temas de fertilidade, oferecemos apoio à adoção e em questões ligadas ao crescimento familiar e pós-parto. Podemos estender a licença-maternidade e a mesma política pode ser aplicada para o pai, o que promove um papel mais ativo e presente dos homens.

Também temos treinamentos para líderes sobre temas como racismo e machismo. Outro exemplo é a flexibilidade. Normalmente, a prática de “short fridays” é voltada aos funcionários corporativos, mas não se aplica ao pessoal das operações e fábricas. Por isso, oferecemos a eles mais dias de férias para compensar. Também temos muito orgulho do nosso plano de pensões para o front-line, um programa que promove mobilidade social, com alternativas de renda para que possam crescer mais do que o governo ou outras empresas oferecem. Hoje, não conheço outra organização que tenha algo assim.

Hoje, a PepsiCo tem quase 50% de mulheres na liderança no Brasil. Como vocês chegaram nesse ponto?

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A meta da PepsiCo é alcançar a paridade de gênero (50/50) até 2025, e aqui no Brasil estamos com 49% de mulheres em posições de liderança e 60% no nível executivo. Na América Latina, temos a vantagem de ter uma presidente mulher, com 60% de mulheres no comitê executivo e um foco claro no desenvolvimento feminino. Isso ajuda bastante, porque contamos com uma grande patrocinadora que impulsiona as iniciativas que propomos. Trabalhamos com uma agenda voltada para todos os níveis da organização, e isso é fundamental, porque é fácil trazer mulheres para níveis mais baixos, mas a diferença só acontece se tivermos mulheres em posições de liderança.

Temos diversos programas de desenvolvimento para mulheres em diferentes estágios da carreira. Um exemplo é o programa “Strong Her”, voltado para operações, uma área em que não é fácil ter mulheres. Esse programa busca desenvolver liderança, comunicação assertiva, negociação e branding pessoal, habilidades essenciais para mulheres em operações. Outro programa é o “Inspira”, que é voltado para mulheres em cargos de liderança gerencial e superiores. Inicialmente, esse programa era exclusivo para mulheres, mas percebemos que era necessário incluir os homens para criar um ambiente de complementaridade e colaboração. Temos programas de mentoria e mentoria reversa e outro programa que adoro é o “Sponsorship”, que conecta as mulheres jovens de alto potencial com um sponsor que vai representá-las em todos os lugares que falarem sobre elas e dizer que elas estão prontas para que cresçam mais rápido.

Estamos muito focados na agenda de desenvolvimento e crescimento das mulheres, mas isso não é fácil. Por vezes, perdemos mulheres em momentos decisivos de suas vidas. Para contornar isso, oferecemos programas de flexibilidade, como o de maternidade. No Brasil, por exemplo, após seis meses de licença-maternidade, a mulher pode voltar a trabalhar gradualmente, com metade da carga horária no primeiro mês de retorno. Esse é um momento delicado para as mulheres, e é crucial que possamos apoiá-las nesse processo.

Como foi a maternidade para você?

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Posso te dizer, e minha filha confirmaria, que não sou uma mãe muito tradicional. Encontrei uma forma de ser mãe em diferentes momentos sem me sentir culpada por isso. Desde o início, ela foi para a creche com apenas 40 dias de vida porque eu sempre soube que não queria pausar minha carreira e consegui ficar em paz com essa decisão. Enfrentei vários desafios, como quando ela perguntava: “Quando vou tirar férias?”. E eu respondia que seria quando eu pudesse estar de férias com ela.

Com seis anos, dei um celular para ela e todo mundo me criticou. Mas eu viajava o tempo todo e precisava encontrar um mecanismo de ter uma linha de comunicação direta com ela. Era o que funcionava para nós.

Ela viaja desde os quatro meses de idade, me acompanhou em viagens de trabalho e se mudou comigo quando fui expatriada. Algumas vezes foi tudo bem, outras nem tanto, dependendo da sua idade e do novo país e fomos ajustando no caminho. Foi assim que conseguimos construir uma relação próxima e significativa. Hoje, ela é psicóloga e DJ, e está muito bem.

Como foi ser expatriada?

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Ser expatriada é um desafio porque, muitas vezes, as políticas são desenhadas para uma família tradicional em que uma pessoa cuida da casa e a outra trabalha. Quando você é responsável por tudo, desde resolver questões pessoais até entregar resultados de alto nível, a pressão é grande e é muito estressante. Precisa encontrar mecanismos para tornar esse processo mais simples, mas posso dizer que cada uma das minhas experiências me fizeram crescer muito e faria de novo, mas de forma diferente. Contar com uma rede de apoio pode facilitar a adaptação da família. Como mulheres, temos um pedido para fazer para as organizações e para a nossa rede de apoio para que isso seja mais equilibrado.

Quem é a Gabriela para além do trabalho?

Sou uma mulher apaixonada, congruente com o que digo e faço. Trabalho com algo alinhado ao meu propósito, e, se não fosse assim, eu estaria em outro lugar. Amo viajar, aprender com novas culturas e conhecer pessoas. Sou fascinada pelo ser humano, por isso estudei psicologia e desenvolvimento humano. Acredito que, se tiver o contexto certo, qualquer pessoa pode alcançar o que quiser. Adoro ler, especialmente sobre psicologia e desenvolvimento pessoal. Gosto de exercícios, vinho, chocolate e amo minha filha. É uma grande satisfação ter uma filha mulher e ver nela uma mentalidade diferente, e sou uma incentivadora fiel de todas as mulheres ao meu redor.

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10% dos Profissionais Têm Cargos Que Não Existiam em 2000

Redação Informe 360

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Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

 

A rápida transformação do mercado de trabalho já é perceptível nos novos cargos e prioridades das empresas. De acordo com um novo levantamento do LinkedIn, 10% dos profissionais contratados em 2024 ocupam cargos que não existiam nos anos 2000, como cientista de dados, gerente de sustentabilidade e engenheiro de inteligência artificial.

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O ritmo acelerado dos avanços tecnológicos impulsiona novas demandas. A expectativa é de que as competências exigidas pelo mercado mudem em 75% até 2030. De acordo com o levantamento do LinkedIn, que entrevistou mais de 2 mil profissionais de recursos humanos em 10 países, além de 5 mil pessoas de nível sênior e usuários da plataforma, 9 em cada 10 líderes empresariais brasileiros acreditam que a procura por novas habilidades e funções está mais intensa do que nunca.

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Até 2025, 62% das empresas querem adotar novas ferramentas de IA, o que deve gerar uma demanda por habilidades específicas na tecnologia

Isso vale não só para os profissionais, mas também para as companhias. “A necessidade de adaptação contínua do mercado de trabalho exige que as empresas se reinventem na forma de executar cada função”, diz Ana Claudia Plihal, executiva de soluções de talentos do LinkedIn no Brasil.

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Para 2025, as prioridades organizacionais incluem a qualificação e requalificação de colaboradores (49%) e a integração de equipes multigeracionais (32%), além do destaque para a adoção de novas tecnologias e ferramentas de inteligência artificial (62%). “A IA está cada vez mais presente, mas muitas organizações ainda estão buscando entender como implementá-la de forma eficaz”, diz a executiva. Segundo a pesquisa, apenas 9% das lideranças empresariais no país afirmam que suas organizações estão à frente quando o assunto é a adoção da inteligência artificial.

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Em meio a essas transformações, alguns profissionais podem ganhar mais responsabilidades. Na área de RH, que tem ganhado destaque nas organizações, 66% dos profissionais relatam uma pressão crescente para ajudar suas empresas a enfrentar essas mudanças. “Nesse contexto, eles muitas vezes enfrentam uma sobrecarga significativa de trabalho, o que pode comprometer seu desempenho.”

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