Saúde
Neurociência e morte: o que acontece no cérebro nos últimos momentos?

Em uma reviravolta para a ciência médica, estudos recentes desafiam a crença comum de que o cérebro se desativa durante a morte. Suas descobertas revelam um aumento significativo na atividade cerebral em momentos críticos, gerando dúvidas sobre o que realmente ocorre nos últimos momentos da vida humana.
A neurocientista Jimo Borjigin, da Universidade de Michigan, dedicou mais de uma década ao estudo do estado do cérebro humano durante o processo de morte. Ela contou em entrevista à BBC News Mundo que pesquisa nesse campo começou inesperadamente durante experimentos de laboratório com ratos.
Após observar intensa atividade neuroquímica em ratos que morreram inesperadamente, ela percebeu que havia uma lacuna significativa em nosso entendimento sobre o que acontece no cérebro quando a vida termina.
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Em seu estudo de 2013, Borjigin e sua equipe documentaram um notável aumento nos neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina em ratos após parada cardíaca. Esses níveis, muito mais altos do que os observados em ratos vivos, indicaram um aumento paradoxal na atividade cerebral, ao invés do declínio esperado. Estudos posteriores ampliaram essa investigação para sujeitos humanos em coma cujo suporte de vida foi retirado.
Descobertas
- Aumento da atividade cerebral durante parada cardíaca: contrariamente à suposição anterior de hipoatividade cerebral durante parada cardíaca, a pesquisa de Jimo Borjigin mostra que o cérebro na verdade se torna hiperativo. Isso inclui aumentos significativos em neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina após o coração parar de bombear sangue.
- Ondas gama e funções cognitivas: os estudos de Borjigin observaram ondas gama, associadas ao processamento complexo de informações e memória, em pacientes experimentando parada cardíaca. Isso desafia a crença de que o cérebro cessa de funcionar efetivamente durante essas crises.
- Ativação de áreas específicas do cérebro: enquanto estudos em animais mostraram ativação cerebral global, estudos em humanos revelaram áreas específicas como a junção temporo-parietal occipital (TPO) e a área de Wernicke se tornando altamente ativas durante o processo de morte. Essas áreas estão relacionadas à consciência, percepção sensorial, linguagem e empatia.

Experiências de quase-morte e ativação cerebral
A pesquisa de Borjigin também explora as experiências de quase-morte, frequentemente relatadas por indivíduos que foram ressuscitados. Seus achados sugerem que a intensa atividade cerebral durante estados críticos pode explicar essas experiências subjetivas profundas, como ver luzes brilhantes ou sentir sensações fora do corpo.
Contrariando as suposições tradicionais de que o cérebro se desliga durante paradas cardíacas devido à privação de oxigênio, Borjigin propõe uma narrativa diferente. Ela teoriza que o cérebro entra em um estado hiperativo como resposta de sobrevivência à deficiência de oxigênio, semelhante à forma como os animais entram em hibernação para conservar recursos em crises.
Implicações para o entendimento médico

Borjigin enfatiza a necessidade de mais pesquisas para compreender completamente os mecanismos subjacentes à atividade cerebral durante a morte. Seu trabalho desafia práticas médicas e sugere que os critérios de diagnóstico atuais podem negligenciar sinais vitais de função cerebral, potencialmente impactando decisões de tratamento e resultados dos pacientes.
Enquanto ela continua sua exploração das profundezas do que ocorre no cérebro durante a morte, seus achados não apenas remodelam o entendimento científico, mas também provocam questões profundas sobre os momentos finais da vida. Com pesquisas em andamento, ela visa proporcionar clareza em um campo onde os mistérios ainda são muitos.
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Saúde
EUA: agência reguladora limita acesso a vacinas da covid-19

O diretor médico e científico da FDA, Dr. Vinay Prasad, vetou a aplicação generalizada das vacinas contra a Covid-19 da Novavax e da Moderna, contrariando as recomendações unânimes de especialistas da própria agência. As informações dão do New York Times.
Ele alegou que a ameaça do vírus diminuiu e que os riscos conhecidos e desconhecidos das vacinas podem superar os benefícios para pessoas jovens e saudáveis.
A decisão faz parte de uma reviravolta na política da FDA, que agora limita a vacinação a pessoas com 65 anos ou mais, ou a menores de 65 com condições médicas de alto risco.
A FDA, sigla para Food and Drug Administration, é uma agência reguladora dos EUA, com atuação equivalente ao que temos no Brasil com a Anvisa.

Vacinas com eficácia alta estão sendo vetadas
- A equipe da FDA havia aprovado ambas as vacinas com base em ensaios envolvendo dezenas de milhares de pessoas e dados que mostraram segurança e eficácia.
- A Novavax, por exemplo, demonstrou 90% de eficácia.
- Já a vacina atualizada da Moderna, a mNexspike, foi considerada segura e ligeiramente mais eficaz que a versão anterior.
- No entanto, Prasad afirmou que até eventos adversos raros devem ser levados em conta na nova fase da pandemia.
A medida foi criticada por especialistas que apontam o esquecimento dos efeitos da própria Covid-19, como a Covid longa, miocardite e complicações cardiovasculares.
Também foram levantadas preocupações éticas, especialmente porque as restrições podem limitar o acesso às vacinas — exigindo prescrição off-label, o que pode não ser coberto por seguros.

Leia Mais:
- Vacina brasileira contra covid-19 mostra alta eficácia em testes pré-clínicos
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Políticas conservadoras na FDA geram descontentamento
As decisões de Prasad se inserem em um movimento maior de reformulação da FDA, com mudanças na liderança e uma política mais conservadora quanto a aprovações. Críticos alertam que esse novo enfoque pode comprometer a saúde pública ao dificultar a imunização de amplas faixas da população.
A FDA informou que novos estudos serão conduzidos para avaliar a segurança das vacinas em pessoas de 50 a 64 anos.

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Saúde
Gripe aviária: testes em humanos de vacina brasileira são aprovados pela Anvisa

Nesta terça-feira (1), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou os testes em humanos da primeira vacina brasileira contra gripe aviária.
Com isso, o Instituto Butantan, de São Paulo, fará os ensaios clínicos do imunizante, que está em desenvolvimento desde janeiro de 2023, utilizando a mesma tecnologia da vacina contra a influenza sazonal. Os testes pré-clínicos, realizados em animais, contaram com cepas vacinais da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Importância da primeira vacina brasileira contra a gripe aviária
- Apesar de a gripe aviária ser esporádica nos humanos, o Instituto Butantan visa preparar o país para enfrentar potenciais pandemias, tendo, como base, o que aprendemos com a Covid-19;
- Especialistas do instituto e demais organizações de saúde brasileiras apontam que a gripe aviária tem potencial de causar outra pandemia; em especial, o subtipo H5N1, cuja taxa de letalidade é de 50% em humanos;
- O Butantan quer ter estoque de vacinas feitas com três cepas vacinais:
- Influenza aviária A/Anhui/1/2005 (H5N1);
- Influenza aviária A/Astrakhan/3212/2020 (H5N8);
- Influenza aviária A/duck/Vietnam/NCVD-1584/2012 (H5N1).
Essas cepas foram enviadas pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, e pelo Instituto Nacional de Controle e Padrões Biológicos (NIBSC), do Reino Unido, após acerto com a OMS.
Segundo o g1, os estudos pré-clínicos tiveram resultados favoráveis de segurança e imunogenicidade — capacidade de provocar resposta imune —, que indicam que a possível vacina é promissora.
Agora, o imunizante influenza monovalente A (H5N8) (inativada, fragmentada e adjuvada) será aplicada em duas doses em intervalo de 21 dias, em duas etapas. A princípio, participarão dos testes adultos de 18 a 59 anos e 11 meses e, a seguir, pessoas com 60 anos ou mais.
O Instituto Butantan pretende chamar 700 adultos e idosos voluntários para participar das fases 1 e 2, a serem realizadas em cinco centros de pesquisa nacionais, com objetivo de encerrar o acompanhamento dessas pessoas em 2026 para, então, enviar à Anvisa pacote regulatório que abranja ampla faixa etária.
O diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, deu detalhes da quantidade de imunizantes que o instituto consegue produzir, além de afirmar que o Ministério da Saúde se mostrou “sensível” ao tema.
“Estamos em conversas com o Ministério da Saúde, que se mostrou sensível ao avanço dessa discussão. Com a plataforma aprovada, o Instituto pode produzir um contingente de 30 milhões de doses após os resultados iniciais. Este contingente estratégico pode ser utilizado caso o vírus comece a se disseminar entre humanos e tenha antígenos semelhantes aos representados pela vacina candidata do Instituto Butantan”, explicou.

Nessas etapas, os pesquisadores avaliarão segurança e capacidade de geração de resposta imune contra a gripe aviária de duas formulações do imunizante quando comparada ao placebo. O estudo permitirá a escolha da dose da vacina.
Quanto à segurança da pesquisa, essa será realizada por um comitê independente de monitoramento de dados e segurança. Entre algumas ações, eles avaliarão, preliminarmente, dados de segurança dos 70 primeiros voluntários adultos após a aplicação da primeira dose. Se a análise se mostrar positiva, haverá nova etapa de recrutamento, na qual serão incluídos mais 280 adultos.
Quando essa fase terminar, caso o perfil de segurança se mostrar favorável, começará a segunda fase do estudo, onde 70 voluntários com idades a partir de 60 anos serão convocadas. Caso eles mostrem às análises resultados positivos, mais pessoas da mesma faixa etária serão selecionadas. Isso se repetirá até que um contingente total de 350 voluntários seja atingido.
“Ter uma vacina pronta, com uma plataforma já testada, que mostra que produz anticorpos contra o vírus, é o objetivo do Butantan. Não é para já comercializar, mas para propor um estoque estratégico”, finalizou Kallás.
Leia mais:
- Como acessar sua carteira de vacinação no Conecte SUS
- Certificado de vacina: o que é, importância, como emitir e mais
- Gripe aviária pode afetar humanos?

Livres da doença
Em 18 de junho, após 28 dias sem registrar casos em granjas, o Brasil se declarou livre da gripe aviária, conforme informações do Ministério da Agricultura. A contagem começou em 22 de maio após a desinfecção completa de uma granja de Montenegro (RS), onde houve o primeiro e único foco da doença em aves.
O Brasil é o maior exportador de carne do mundo e, com a notificação do primeiro caso da doença no Rio Grande de Sul, 16 países impuseram restrições ao importar carne de frango brasileira, com alguns até suspendendo a compra.
Contudo, com a situação sob controle, essas medidas já foram revistas pela maioria dos países; a única nação que ainda está restringindo a exportação do produto é o Japão, que não está importando carne dos municípios de Montenegro (RS), Campinápolis (MT) e Santo Antônio da Barra (GO).
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Saúde
Vício em doces é real — e agora a Ciência consegue medi-lo

Por que é tão difícil parar no primeiro biscoito ou chocolate? Para muitas pessoas, doces não são apenas prazerosos — despertam desejo, culpa e sofrimento emocional.
Um novo estudo da Fundação FitMIND propõe a primeira escala validada voltada especificamente para identificar comportamentos semelhantes ao vício em açúcar: a FFSAS (Escala de Dependência de Doces da FitMIND).
Publicada na Nutrients, a pesquisa envolveu 344 adultos na Polônia e revelou que mais de 60% dos participantes se identificaram como “viciados em doces”, com muitos relatando consumo diário, tentativas frustradas de redução e sentimentos de culpa.

Como a escala deve funcionar
- Diferente das escalas alimentares tradicionais, a FFSAS se concentra apenas em doces e avalia não só a frequência do consumo, mas também o impacto emocional e cognitivo do comportamento.
- A escala foi inspirada na YFAS 2.0, usada para dependência alimentar em geral, e adaptada para mapear sintomas com base nos critérios de vício do DSM-5.
- Os pesquisadores encontraram forte consistência interna e destacaram que emoções negativas, como remorso e vergonha, foram indicadores mais relevantes do que a quantidade consumida.
Leia mais:
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Encontrando respostas sobre a dependência do açúcar
Embora o estudo seja piloto, ele destaca a necessidade de compreender a dimensão emocional do consumo de açúcar, muitas vezes ignorada em avaliações nutricionais. A equipe agora trabalha em validações mais amplas e em versões resumidas da ferramenta para uso clínico e educacional.
A mensagem é clara: o vício em doces vai além da falta de disciplina — envolve padrões psicológicos reais. Reconhecê-los pode ser o primeiro passo para estratégias de alimentação mais saudáveis e sustentáveis, com apoio emocional adequado.

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