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Google: funcionários questionam medidas de executivos e “declínio da moral”

Redação Informe 360

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Em reunião realizada na última semana com o CEO do Google, Sundar Pichai, e a CFO Ruth Porat, os funcionários da gigante das buscas os questionaram acerca da falta de aumento salarial, demissões e por quanto tempo a redução de custos em vigor permanecerá.

A insatisfação surgiu após a recente divulgação de resultados da empresa, que comprovou a crescente em seus negócios, no ritmo mais rápido desde 2015. Com isso, as ações da Alphabet, dona do Google, tiveram sua maior alta desde o mesmo ano e elevando seu valor de mercado para mais US$ 2 trilhões (R$ 10,31 trilhões, na conversão direta).

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Além disso, o relatório de lucros do primeiro trimestre superou as expectativas, sem contar que a companhia anunciou seu primeiro dividendo e a recompra de US$ 70 bilhões (R$ 360,97 bilhões, na conversão direta).

Notamos declínio significativo no moral, aumento na desconfiança e desconexão entre a liderança e a força de trabalho. Como a liderança planeja abordar essas preocupações e recuperar a confiança, o moral e a coesão que foram fundamentais para o sucesso de nossa empresa?

Comentário postado em fórum interno antes da reunião

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Segundo a CNBC, o Google vem usando inteligência artificial (IA) para resumir comentários e perguntas feitas por funcionários no fórum.

Google
Imagem: IgorGolovniov/Shutterstock

Funcionários do Google estão descontentes com medidas da alta cúpula

  • Nos últimos anos, especialmente no pós-pandemia de Covid-19, os funcionários da empresa criticam:
    • Medidas de retorno ao escritório;
    • Contratos de nuvem com militares;
    • Menos benefícios;
    • Longo período de demissões;
    • Demais cortes de custos iniciados em 2022.
  • Outros pontos que vem incomodando os funcionários são suposta falta de confiança e exigência de trabalhar com prazos apertados, menos recursos e menos oportunidades de crescimento.

“Apesar do excelente desempenho e dos lucros recordes da empresa, muitos Googlers não receberam aumentos salariais significativos”, perguntou um funcionário bem-avaliado. “Quando a remuneração dos funcionários refletirá de forma justa o sucesso da empresa e haverá decisão consciente de manter os salários mais baixos devido ao esfriamento do mercado de trabalho?”, questionou.

Já outro comentário bem-avaliado focou nas prioridades do Google, incluindo os investimentos robustos no aprimoramento da IA (como o Gemini). “Para muitas pessoas, há clara desconexão entre gastar bilhões em recompra de ações e dividendos e reinvestir em IA e requalificar Googlers críticos”, pontuou.

Ao responder essas perguntas, Porat – que anunciou há quase um ano que deixaria o cargo de CFO, mas ainda não o desocupou – disse: “Nossa prioridade é investir no crescimento. As receitas deveriam crescer mais rápido que as despesas”, além de admitir erros da liderança no tratamento prévio dos investimentos.

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O problema é que há alguns anos – dois anos atrás, para ser mais precisa – nós realmente viramos isso de cabeça para baixo e as despesas começaram a crescer mais rápido do que as receitas. O problema com isso é que não é algo sustentável.

Ruth Porat, CFO do Google, durante reunião com funcionários

Ruth Porat, CFO do Google (Imagem: lev radin/Shutterstock)

As coisas não são mais as mesmas no Google?

Nos últimos tempos, o tema abordado por Porat também vem sendo falado pelos demais executivos da companhia.

Um desses é Prabhakar Raghavan, chefe de buscas do Google, que, em reunião interna em abril, indicou os principais desafios de negócios da gigante das buscas, alegando que “as coisas não são como eram há 15 ou 20 anos”, pedindo aos empregados que trabalhassem mais rápido: “Não é como se a vida fosse ser ótima para sempre”, disse à sua equipe.

A CNBC indicou que um dos setores do Google que foi instruído a trabalhar mais rápido foi o de nuvem – mesmo com menos recursos disponíveis por conta de cortes de custos.

Uso do dinheiro

Voltando à reunião entre funcionários e executivos, dias antes do encontro, os colaboradores questionaram a recompra feita pela empresa.

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No trimestre passado, a Alphabet detinha mais de US$ 100 bilhões (R$ 515,68 bilhões) em dinheiro no balanço, mas “você não pode, simplesmente, drená-lo”, disse Porat, ou a empresa se manteria na posição na qual se encontrava em 2022.

Todavia, a distribuição de dinheiro aos acionistas não é considerada despesa de balanço, segundo a CFO, além de salientar que o conselho tem dever fiduciário de considerar essas medidas. Ela também informou que recompras e dividendos não substituem investimentos em IA.

Na sequência, Pichai falou sobre o declínio moral relatado pelos funcionários. “A liderança tem muita responsabilidade aqui”, acrescentando que “é processo iterativo”.

Demissões

Sobre as demissões em massa, o CEO explicou que “contratamos muitos funcionários e a partir daí tivemos uma correção de rumo”. No fim de 2022, a Alphabet teve aumento de quase 22% no quadro de funcionários ante 2021, e 40% a mais ante o fim de 2020, chegando a 190 mil.

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Salário de Sundar Pichai

Pichai está no cargo desde 2019, quando substituiu Larry Page, cofundador da empresa. Mas, recentemente, ele passou a ser criticado por suas mensagens aos trabalhadores, além de seu elevado pacote de remuneração, ampliado para US$ 226 milhões (R$ 1,16 bilhão, na conversão direta), contando com prêmios em ações, em 2022.

O pacote de 2022 incluiu US$ 218 milhões (R$ 1,12 bilhão) em ações por meio de concessão trienal de ações. Em 2023, Pichai recebeu, ao todo, US$ 8,8 milhões (R$ 45,37 milhões) ante US$ 8 milhões (R$ 41,25 milhões) do ano anterior (salvo a concessão de ações).

Enquanto o salário do CEO era de US$ 2 milhões (R$ 10,31 milhões), boa parte da remuneração adicional servia para segurança adicional. As informações vieram do pedido de procuração da Alphabet, lido pela CNBC.

Sobre o tema, os funcionários também reclamaram, exatamente em momento no qual a empresa vem reduzindo pessoal.

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CEO do Google, Sundar Pichai, durante evento
Sundar Pichai, CEO do Google (Imagem: photosince/Shutterstock)

“Dado o quadro de funcionários recente e os lucros positivos, qual é a estratégia de número de funcionários da empresa?”, dizia uma pergunta lida. Outro questionou: “Dados os bons resultados, concluímos o corte de custos?”

Pichai respondeu que o Google está “passando por longo período de transição como empresa”, incluindo corte de despesas e “aumentar a eficiência”, a qual ele diz que “queremos fazer isso para sempre”.

Para ser claro, estamos aumentando nossas despesas como empresa este ano, mas estamos moderando nosso ritmo de crescimento. Vemos oportunidades em que podemos realocar pessoas e realizar tarefas.

Sundar Pichai, CEO do Google, durante reunião com funcionários

À CNBC, um porta-voz do Google reiterou que a empresa vem investindo em suas maiores prioridades, continuando a contratar em tais áreas.

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Ele informou ainda que boa parte dos funcionários receberá aumento salarial ainda este ano, incluindo subsídios de capital e bônus. Pichai e Porat também afirmaram, na reunião, que aqueles que receberam aumentos em 2023 receberam menos do que o normal.

Antes da reunião, outro comentário divulgado foi acerca de “preocupações crescentes sobre a mudança de empregos dos EUA para locais de custo mais baixo”. Na semana passada, o Google demitiu ao menos 200 funcionários do setor Core, incluindo importantes equipes e grandes nomes de engenharia.

Houve, aos executivos, questionamentos sobre as demissões em curso, mesmo com o excelente resultado financeiro no trimestre passado, com os colaboradores querendo saber “quando podemos esperar o fim da incerteza e da perturbação que as demissões criam?”

Por sua vez, Pichai informou que a empresa vai superar, ainda no primeiro semestre de 2024, a maioria das demissões realizadas.

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Assumindo as condições atuais, a segunda metade do ano será muito menor em escala”, disse Pichai sobre os cortes de empregos, além de informar que continuará a ser “muito, muito disciplinado no gerenciamento do crescimento do número de funcionários ao longo do ano”.

Ou seja: a empresa segue fazendo escolhas difíceis sobre investir em novos projetos, destaca a CNBC.

Há muita demanda para fazer coisas novas e, no passado, teríamos feito isso reflexivamente, aumentando o número de funcionários. Não podemos fazer isso agora durante a transição em que estamos.

Sundar Pichai, CEO do Google, durante reunião com funcionários

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Novo recurso do Spotify promete playlists feitas sob medida a partir do seu gosto

Redação Informe 360

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O Spotify está testando um novo recurso que promete transformar a forma como você descobre músicas. Chamado “Playlist Sugerida”, ele permitirá que os usuários escrevam suas próprias sugestões e vejam o algoritmo montar playlists personalizadas a partir delas.

Segundo o Endgadget, o beta começa em 11 de dezembro na Nova Zelândia e utilizará todo o histórico de audição do usuário para criar playlists sob medida, oferecendo recomendações muito mais precisas que os métodos tradicionais.

Novo recurso do Spotify permite que você escreva sugestões e veja o algoritmo montar playlists sob medida.
Novo recurso do Spotify permite que você escreva sugestões e veja o algoritmo montar playlists sob medida (Imagem: Roman Samborskyi/Shutterstock)

Como a Playlist Sugerida do Spotify funciona

Ao acessar o recurso, os assinantes participantes poderão digitar exatamente o que desejam ouvir, seja um gênero, artista ou clima específico. O Spotify combinará essas sugestões com o histórico de músicas do usuário para montar as playlists.

Alguns destaques do recurso incluem:

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  • Possibilidade de escrever sugestões amplas ou muito detalhadas;
  • Atualizações automáticas com novas músicas na frequência escolhida pelo usuário;
  • Aba “Ideias” para inspirar sugestões criativas;
  • Cada música vem com uma descrição breve explicando por que foi escolhida pelo algoritmo.

Segundo o Spotify, a novidade “acessa todo o seu histórico de audição, desde o primeiro dia”, oferecendo um nível de personalização que não existia nos recursos de inteligência artificial (IA) anteriores da plataforma.

Spotify vai além de Instagram e TikTok com playlists detalhadas usando todo o seu histórico de audição.
Spotify vai além de Instagram e TikTok com playlists detalhadas usando todo o seu histórico de audição (Imagem: Azulblue/Shutterstock)

Maior controle do usuário é uma tendência

O Spotify não é pioneiro em dar mais poder aos usuários sobre recomendações algorítmicas. Plataformas, como Meta (Instagram e Threads) e TikTok, já permitem ajustes nos algoritmos, mostrando que a tendência é tornar as recomendações mais participativas.

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O diferencial da Playlist Sugerida está no detalhamento das sugestões e no aproveitamento completo do histórico do usuário, tornando a descoberta musical ainda mais personalizada. O recurso está disponível apenas em inglês e, por enquanto, apenas na Nova Zelândia, mas deve se expandir conforme o Spotify avalia o feedback dos usuários.

Combine artistas e gêneros, ajuste atualizações e deixe o Spotify montar playlists sob medida para você.
Combine artistas e gêneros, ajuste atualizações e deixe o Spotify montar playlists sob medida para você (Imagem: Capix Denan/Shutterstock)

Dicas para usar o recurso

Para aproveitar ao máximo o recurso, vale experimentar diferentes tipos de sugestões:

  • Pedir playlists por humor, como “músicas para estudar” ou “trilha de treino”;
  • Combinar artistas favoritos com gêneros que você quer explorar;
  • Ajustar a frequência de atualização automática para não perder novidades;
  • Consultar a aba “Ideias” para receber sugestões inesperadas;
  • Observar as descrições do algoritmo para entender melhor como suas escolhas influenciam a playlist.

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Motos têm isenção de IPVA? Veja as regras e quem se adequa

Redação Informe 360

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Todo início de ano traz aquele “frio na barriga” para os brasileiros com a temporada dos boletos. Entre IPTU, matrícula escolar e material didático, o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) costuma ser um dos pesadelos no orçamento. Para quem pilota sobre duas rodas, no entanto, o cenário fiscal está mudando.

Nos últimos anos, a pressão para desonerar motocicletas de baixa cilindrada surtiu efeito no Congresso, e dezembro de 2025 trouxe novidades legislativas que podem uniformizar as regras no país. A ideia é aliviar o bolso de quem usa a moto não apenas por lazer, mas como ferramenta essencial de trabalho. Porém, é preciso ter atenção às regras de isenção que ainda possuem “pegadinhas” regionais importantes.

Quais motos e/ou motociclistas têm isenção de IPVA?

A isenção costuma vir de duas frentes: a potência do motor (cilindrada) ou a “idade” da moto.

1. A regra das 170 cilindradas: Em 2022, o Senado aprovou uma resolução que autoriza alíquota zero de IPVA para motos de até 170 cilindradas. Isso abrange os modelos mais vendidos do Brasil, como a Honda CG 160 e a Biz.

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  • Onde vale? O Senado autorizou, mas cada governador decide se adota. Estados como Paraná (PR), Paraíba (PB) e Acre (AC) já aderiram ao benefício.
  • Atenção: Se o seu estado não publicou decreto aderindo à resolução, a cobrança continua normal.
Mulher pilotando moto em estacionamento (Imagem:
Mulher pilotando moto em estacionamento (Imagem: karlyukav/Freepik)

2. A regra da idade (antiguidade): Historicamente, cada estado definia com quantos anos o veículo parava de pagar imposto. No entanto, uma grande mudança ocorreu em dezembro de 2025: a Câmara dos Deputados aprovou a PEC que isenta do IPVA todos os veículos terrestres com 20 anos ou mais de fabricação em todo o território nacional.

Até que essa regra seja totalmente regulamentada e aplicada em todos os estados para o calendário vigente, vale consultar a tabela atual de cada local:

  • 10 anos: Amapá e Rio Grande do Norte.
  • 15 anos: Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro e Sergipe.
  • 18 anos: Mato Grosso.
  • 20 anos: São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Acre.
  • 30 anos: Santa Catarina e Tocantins (estes estados serão os mais beneficiados pela nova PEC, que reduzirá essa exigência para 20 anos).
  • Exceções: Minas Gerais e Pernambuco historicamente não aplicavam isenção pura por idade (exigindo placas pretas de coleção ou tendo regras de redução progressiva), cenário que a nova emenda constitucional visa corrigir obrigatoriamente.

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O condutor também pode ser isento?

Sim! A isenção não olha apenas para a máquina, mas também para quem a pilota.

  • Pessoas com deficiência (PcD): Motociclistas com deficiências físicas, visuais, mentais severas ou autismo têm direito à isenção. A moto muitas vezes precisa ser automática (scooter) ou adaptada. O teto de valor do veículo para conseguir o benefício varia por estado (geralmente entre R$ 70 mil e R$ 120 mil).
  • Profissionais (mototaxistas e entregadores): Diversos municípios e estados oferecem isenção para motos usadas no transporte de passageiros (mototáxi) ou cargas (motofrete), desde que devidamente registradas na categoria de aluguel (placa vermelha).
Motoboy realizando serviço de delivery
Motoboy realizando serviço de delivery (Imagem: Kindel Media/Pexels)

Como garantir esse direito?

Se você tem direito, não espere sentado. A isenção por idade costuma ser automática (o sistema da Sefaz simplesmente não gera mais o boleto), mas as outras exigem ação ativa.

  1. Onde ir: Todo o processo é feito junto à Secretaria da Fazenda (Sefaz) do seu estado, e a maioria já oferece sistemas online (como o SIVEI em SP).
  2. Documentação PcD: É necessário laudo médico do SUS ou credenciado ao Detran, CNH especial (se condutor) e nota fiscal ou documento da moto.
  3. Documentação profissional: Exige-se o cadastro na prefeitura (licença para motofrete/mototáxi) e a comprovação de regularidade do veículo.
  4. Prova de Vida: Para PcD e profissionais, a isenção não é eterna. É preciso renovar o pedido ou fazer o recadastramento (anual ou a cada dois anos, dependendo do estado) para provar que você ainda possui o veículo e mantém a condição que gerou o benefício.

Dica final: Com a aprovação da nova PEC dos 20 anos em dezembro de 2025, fique atento ao site da Sefaz do seu estado em janeiro. Se sua moto tem entre 20 e 29 anos e você mora em SC, TO, MG ou PE, as regras podem mudar a seu favor a qualquer momento.

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Hormônios e mente: como eles moldam emoções, memória e estresse

Redação Informe 360

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A relação entre mente e corpo sempre intrigou cientistas, mas descobertas recentes mostram que os hormônios têm um papel ainda mais profundo na forma como pensamos, sentimos e reagimos ao mundo. Antes vistos apenas como reguladores de funções biológicas, eles agora são considerados peças-chave para entender transtornos como depressão, ansiedade e até alterações cognitivas ao longo da vida.

Pesquisadores de diferentes áreas vêm demonstrando que os hormônios influenciam diretamente processos, como humor, neurogênese, memória, resposta ao estresse e até a forma como lidamos com vínculos sociais.

Essa atuação ocorre porque eles circulam pelo sangue até se ligarem a receptores específicos, desencadeando reações capazes de alterar o equilíbrio emocional — às vezes de maneira sutil, outras vezes de formas intensas e debilitantes.

O humor e as transições que alteram a saúde mental

Os cientistas já identificaram mais de 50 tipos de hormônios no corpo humano, cada um responsável por orientar processos essenciais, como crescimento, reprodução, sono e funcionamento sexual. Mas, entre todas as funções, a influência sobre o bem-estar mental tem chamado atenção.

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Segundo especialistas, variações hormonais são capazes de modificar níveis de neurotransmissores, como serotonina e dopamina, essenciais para o equilíbrio emocional.

Mulher feliz sorrindo no sol
Pesquisadores de diferentes áreas vêm demonstrando que os hormônios influenciam diretamente o humor (Imagem: ilona titova/iStock)

Essa influência é evidente em fases de transição hormonal. Na adolescência, por exemplo, meninas passam a ter o dobro de probabilidade de desenvolver depressão em comparação aos meninos — um padrão que se mantém ao longo da vida.

Entre mulheres, oscilações de estrogênio e progesterona antes da menstruação podem gerar irritabilidade, tristeza, ansiedade e, em casos mais graves, o transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM), marcado por alterações intensas de humor.

Na gravidez, na perimenopausa e na menopausa, novos desequilíbrios surgem. A queda abrupta de estrogênio e progesterona após o parto está associada à depressão pós-parto, e até 13% das mulheres podem enfrentar o problema. Já na perimenopausa, flutuações bruscas podem afetar memória e concentração, fenômeno associado à regressão de neurônios e diminuição da neurogênese no hipocampo.

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Entre homens, a queda gradual da testosterona também pode gerar mudanças de humor, ainda que de forma menos brusca. Pequenas oscilações parecem suficientes para alterar sensibilidade emocional e bem-estar psicológico em parte da população masculina.

Quando hormônios e estresse entram em conflito

O impacto dos hormônios também aparece na forma como o corpo lida com situações estressantes. O chamado eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) controla a liberação de cortisol, o hormônio responsável pela resposta de emergência. Em curto prazo, ele ajuda o corpo a reagir. No entanto, quando o estresse se torna crônico, o cortisol passa a danificar neurônios em regiões, como hipocampo, amígdala e córtex pré-frontal.

Mulher estressada sentada com a mão na cabeça na frente do notebook
Hormônios também impactam na forma como o corpo lida com situações estressantes (Imagem: Natee Meepian/iStock)

Esse desgaste pode prejudicar memória, concentração, controle emocional e tomada de decisões. A redução do volume da amígdala, por exemplo, está associada a irritabilidade e emotividade, enquanto a atrofia do córtex pré-frontal compromete a capacidade de raciocínio.

Em contraste, a oxitocina — frequentemente chamada de “hormônio do amor” — aparece ligada à formação de vínculos, sensação de segurança e redução dos efeitos nocivos do estresse. Embora a ciência ainda investigue seus limites, estudos mostram que ela pode aumentar cooperação, empatia e generosidade.

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Hormônios que mais influenciam humor e comportamento

  • Estrogênio e progesterona: influenciam humor, memória e neurogênese.
  • Testosterona: associada a bem-estar, energia e estabilidade emocional.
  • Cortisol: regula a resposta ao estresse, mas pode causar danos quando liberado em excesso.
  • Oxitocina: ligada à conexão social e à sensação de segurança.
  • T3 e T4: hormônios da tireoide que regulam energia; desequilíbrios causam ansiedade ou depressão.

Novos tratamentos

O avanço do conhecimento sobre hormônios abre portas para novos tratamentos. Um dos mais promissores é a brexanolona, medicamento que imita a ação da alopregnanolona e tem alta eficácia contra a depressão pós-parto. Estudos também sugerem que homens com baixa testosterona podem responder melhor a antidepressivos quando suplementam o hormônio.

Novos tratamentos começam a surgir à medida em que o conhecimento sobre os hormônios avança (Imagem: New Africa/Shutterstock)

Entre mulheres na menopausa, terapias com estrogênio — incluindo reposição hormonal — mostram efeitos positivos no humor, ainda que não funcionem para todas. Já no caso do TDPM, alguns métodos hormonais de contracepção podem aliviar os sintomas, enquanto outros podem agravá-los.

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Especialistas afirmam que a principal dificuldade é entender por que algumas pessoas são extremamente sensíveis às flutuações hormonais e outras não. Com esse conhecimento, será possível desenvolver abordagens mais personalizadas e eficazes.

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