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Saúde

Visão: tempo excessivo e pouca distância de telas contribuem para miopia

Redação Informe 360

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Em 2020, cerca de 30% da população mundial era diagnosticada com miopia, sendo que apenas 4% eram classificados como altos míopes – pacientes que superam 5 graus. As projeções, entretanto, indicam que, em 2050, em torno de 50% da população global será considerada míope, e 10%, altos míopes. A preocupação dos oftalmologistas vai além da simples dificuldade dos pacientes em enxergar de longe, já que a miopia está fortemente associada a doenças oculares graves, como o glaucoma e o descolamento de retina, que podem levar à cegueira. 

Em entrevista à Agência Brasil, o diretor da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Ian Curi, detalhou especificamente o aumento no diagnóstico de miopia em crianças e sua relação direta com o tempo de tela – sejam smartphonestablets ou televisores. Curi alerta para os casos da chamada miopia precoce, quando os sinais do distúrbio aparecem até mesmo em menores de 5 anos, mas deveriam ser observados somente no início da adolescência.

Para o especialista, a máxima insistentemente repetida no passado permanece na atualidade: o tempo de tela deve, sim, ser monitorado na infância – quanto mais longe do dispositivo eletrônico, melhor. 

Curi aponta ainda para outro fator fortemente associado à miopia infantil: o confinamento. Segundo o médico, crianças que não são frequentemente expostas a ambientes externos naturalmente iluminados têm maior risco de desenvolver o distúrbio. Como a miopia tende a crescer até se estabilizar, por volta dos 20 anos, quanto mais precoce é o diagnóstico, maior a chance da criança se tornar um adulto que terá de lidar com as doenças associadas e a possibilidade de cegueira. Mesmo a cirurgia refrativa para correção de grau não ajuda por completo, já que a visão melhora, mas os riscos de quadros correlacionados se mantêm.  

Eis os principais trechos da entrevista: 

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Agência Brasil: Existe um aumento no número de crianças diagnosticadas com miopia nos consultórios de oftalmologia – inclusive entre as crianças que não têm o traço genético? 

15/09/2023, Diretor da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Ian Curi. Foto: Arquivo Pessoal
O diretor da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Ian Curi, defende a redução da exposição às telas de dispositivos para prevenir a miopia em crianças. Foto: Arquivo pessoal

Ian Curi: Existe um aumento dessa prevalência, sim. É um fenômeno global. Existem, além da genética, fatores comportamentais e ambientais que podem levar a esse aumento. O número de horas e a utilização da visão de perto, principalmente por meio de celulares e tablets e demais aparelhos eletrônicos portáteis, realmente estão associados ao desenvolvimento de miopia mais precoce e também à progressão do grau daqueles pacientes que já têm o diagnóstico. 

Agência Brasil: O que seria considerado desenvolvimento precoce da miopia? 

Ian Curi: Aqueles graus de miopia baixos, em geral, surgem no início da adolescência, com 11 ou 12 anos. Eles começam com um grau baixo e vão, ao longo da adolescência,  desenvolver uma progressão leve e terminar com graus relativamente baixos a moderados, ou seja, são pacientes que não vão desenvolver alta miopia. Mas a gente tem crianças desenvolvendo miopia hoje com 4, 5, 6 anos de idade. E, quanto mais precoce o início da miopia, mais chance dessa miopia ser muito alta. Além de fatores genéticos, que infelizmente não são modificáveis, isso está associado a fatores ambientais como o uso de telas em excesso. 

Outro fator que contribui para isso é o confinamento. Crianças que não se expõem a ambientes externos, amplos, iluminados pela luz do dia também desenvolvem mais miopia. Então, uma receita pra fazer com que as crianças não desenvolvam miopia ou não progridam tanto em grau seria o menor uso de eletrônicos portáteis e maior tempo de exposição a atividades ao ar livre na claridade natural do dia, que funciona como um elemento protetor. 

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Agência Brasil: No caso da miopia, quanto mais cedo ela aparece, maior a chance de atingir altos graus na vida adulta? Quando o quadro se estabiliza? 

Ian Curi: Quanto mais precoce o início da miopia, maior será, provavelmente, o grau final. O grau de miopia progride até entre os 19 e os 20 ou 21 anos de idade. De maneira geral, se você começa muito precocemente, você tem muitos anos pela frente para subir aquele grau. A sua chance de atingir alta miopia, graus acima de 5, e acabar tendo outras doenças associadas à alta miopia aumenta muito. 

Agência Brasil: Alguns especialistas recomendam que, se os pais tiverem de escolher um tipo de tela a ser utilizada pela criança, que seja a maior possível. Funciona? 

Ian Curi: Na verdade, isso tem a ver com a distância. No caso de telas maiores, você tende a colocá-la a distâncias maiores. Quanto mais próximo aos olhos, maior a influência para o desenvolvimento da miopia. A gente tem que priorizar telas que fiquem distantes dos olhos. A televisão, nesse sentido, não é tão maléfica quanto o celular, que fica muito mais próximo. Temos até escolas na parte oriental do globo, na Ásia, que desenvolveram mecanismos pra fazer com que as crianças não trabalhem tão perto, nem do papel, nem das telas. Eles colocam verdadeiros anteparos para fazer com que a criança mantenha distância da tela. Essas escolas também estão fazendo aumento das janelas, redução do número de cortinas, para que entre a claridade natural do dia dentro das salas de aula. 

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Agência Brasil: Aquelas broncas que a gente costumava escutar da mãe e da avó, pedindo que ficássemos longe da televisão, continuam valendo, então? 

Ian Curi: Sim. E ainda tem outra coisa: as avós também falavam que a leitura em luz muito baixa também parece estar envolvida na progressão da miopia. A avó, quando reclamava que o menino estava lendo com luz baixa ou pouca luz, tinha razão, como quase sempre as avós têm. Esta é outra recomendação: a leitura deve ser feita em ambientes claros e iluminados, não em luz baixa. 

Agência Brasil: Qual a orientação da Sociedade Brasileira de Oftalmologia quanto à frequência com que a criança deve ser avaliada por um especialista? 

Ian Curi: Considerando crianças saudáveis, sem queixas, para exame de rotina, a recomendação é, quando possível, que passem pelo primeiro exame entre 6 meses e o primeiro ano de vida. Depois, há um exame fortemente recomendado entre 3 anos e 5 anos de vida, mas preferencialmente aos 3 anos. Nessa fase, é possível detectar situações precocemente, e os tratamentos acabam sendo mais eficazes. A criança em desenvolvimento responde muito melhor ao desenvolvimento do que crianças com mais idade. 

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15/09/2023, Matéria sobre Miopia em Crianças. Foto: Joedson Alves/Agência Brasil
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Agência Brasil: Quais os sinais aos quais os pais devem ficar atentos? 

Ian Curi: Em relação especificamente à miopia, o grande sinal é a dificuldade para enxergar de longe. A miopia provoca uma dificuldade na visão de distância. Então, a aproximação do objeto de interesse é um grande sinal, mas há crianças que espremem os olhos, que coçam os olhos excessivamente quando demandam alguma atenção visual. Outros sinais para doenças oftalmológicas que são importantes são o desenvolvimento de estrabismo ou desvio ocular, olhos vermelhos. A orientação é levar a criança rapidamente ao oftalmologista. 

Agência Brasil: Existe algum tipo de regulação do tempo de tela permitido para cada faixa etária da infância? 

Ian Curi: De maneira geral, dados das sociedades de pediatria recomendam que, até os 2 anos, a criança não tenha nenhum contato com dispositivos eletrônicos, a não ser em situações que sejam de interação social com uma família que mora longe. Aquela criança pode fazer uma chamada de vídeo com os avós, por exemplo. Mas, como regra geral, antes dos 2 anos, é contato zero com telas, porque isso não só prejudica os olhos, quando introduzido precocemente, como também interfere no desenvolvimento cognitivo da criança. O desenvolvimento cerebral é negativamente impactado quando a criança se expõe muito precocemente à tela. Entre 2 e 5 anos, a gente já permite uma hora por dia de contato com a tela. Dos 6 aos 10 anos, entre uma e duas horas, aproximadamente, e sempre com o controle de conteúdo por parte dos pais.

Hoje, ao contrário do que existia na geração anterior, os pais míopes não tiveram a oportunidade de nenhum tratamento contra a progressão da miopia. Hoje, uma pessoa com 35 anos e é míope não se submeteu a nenhum tratamento para essa miopia. Ela ia ao oftalmologista, ele ia aumentando o grau dos óculos até que esse grau estacionava – às vezes, em graus muito elevados. A novidade é que, nos últimos anos, temos tratamentos para diminuir a progressão da miopia. Quando há uma criança que começa com um quadro de miopia, e ela está progredindo, existem alguns tipos de tratamento que fazem com que a subida ou ascensão desse grau seja mais lenta. Somos capazes de lentificar a subida do grau em torno de 60% a 70%. Isso vai impactar, obviamente, no grau final. As crianças que são tratadas progridem menos e terminam com graus menos elevados. Com isso, temos, ao final, crianças com menos doenças oculares como glaucoma, degenerações da mácula e descolamento de retina, doenças muito graves que são associadas à alta miopia. 

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Agência Brasil: Existe possibilidade de quadros de miopia retrocederem? Em casos de intervenção cirúrgica, por exemplo? 

Ian Curi: A miopia praticamente nunca reduz. A tendência é sempre o aumento, durante a infância e a adolescência. Existe o pensamento popular de não se preocupar muito com o aumento do grau porque depois, quando adulta, a criança pode ser operada. É o que a gente chama de cirurgia refrativa para correção do grau. No entanto, vale uma ressalva: a miopia ocorre pelo crescimento do globo ocular. Quanto mais ele cresce, mais o grau de miopia sobe. É uma relação proporcional. E é justamente esse tamanho excessivo do olho que gera os problemas oftalmológicos associados à miopia, o descolamento de retina, as doenças maculares. 

Quando você faz a cirurgia do grau, você não modifica o tamanho do globo ocular. Você simplesmente faz uma alteração na superfície dos olhos para que o grau seja modificado. Mas o tamanho do globo ocular, que foi atingido durante a infância e a adolescência com o crescimento da miopia, não é modificado. Se você tem, como exemplo, uma pessoa com 10 graus de miopia e, por isso, tem um globo ocular muito mais comprido que o habitual, se ela é submetida a uma cirurgia refrativa, e o grau fica zerado, o tamanho do globo ocular não é modificado e ela continua correndo os mesmos riscos de uma pessoa que tem 10 graus de miopia. 

É por isso que a gente tem que batalhar nas causas, para fazer com que as crianças atinjam graus menos altos de miopia no fim da adolescência. A cirurgia não resolve o problema. Há certas modalidades de tratamento, como um colírio com medicamento antiprogressão, lentes de contato especiais que trabalham contra a progressão da miopia, lentes de óculos que também atuam nesse sentido. 

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Edição: Nádia Franco

Saúde

Avanço histórico: fármaco brasileiro regenera medula e pode reverter paralisia

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Um medicamento desenvolvido a partir de uma proteína extraída da placenta humana foi apresentado nesta terça-feira (9) em São Paulo (SP) e pode representar avanço histórico no tratamento de lesões medulares. Batizado de polilaminina, o fármaco é fruto de 25 anos de pesquisas lideradas pela bióloga Tatiana Coelho de Sampaio, professora da (UFRJ) Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Segundo os pesquisadores, a polilaminina tem a capacidade de estimular neurônios maduros a rejuvenescem e criarem novos axônios, estruturas responsáveis por transportar impulsos elétricos no corpo. Essa ação abre caminho para a regeneração da medula espinhal, algo até então considerado impossível pela ciência.

Mulher em cadeira de rodas pegando um prato
Descoberta pode dar esperança a paraplégicos (Imagem: April Bowlby/Shutterstock)

Pesquisa sobre o fármaco que pode regenerar a medula

  • O medicamento, desenvolvido em parceria com o laboratório brasileiro Cristália, foi aplicado experimentalmente em pacientes e apresentou resultados promissores;
  • Entre os oito voluntários que participaram dos estudos clínicos acadêmicos, dois estiveram presentes na apresentação. Um deles é o bancário Bruno Drummond de Freitas, 31 anos, que ficou tetraplégico após um acidente de trânsito. Ele recebeu a polilaminina 24 horas depois do trauma;
  • “Em cinco meses, mais ou menos, eu já estava completamente recuperado. Tenho uma rotina normal, faço esportes e não passo mais por nenhum tipo de tratamento”, relatou Bruno à Folha de S.Paulo;
  • Ele contou que os primeiros sinais de recuperação vieram com pequenos movimentos no dedo do pé, que evoluíram para a retomada total de mobilidade: “Hoje em dia, consigo me movimentar inteiro, claro que com certas limitações… consigo levantar, andar, dançar, voar. Isso me garantiu minha independência”, disse ao g1;
  • Outro caso é o da atleta paralímpica de rugby Hawanna Cruz Ribeiro, 27 anos, que ficou tetraplégica em 2017 após sofrer queda de dez metros; Três anos depois, recebeu a aplicação experimental. “Recuperei entre 60% e 70% do controle do meu tronco. Sinto que a sensibilidade na minha bexiga voltou, mas ainda não sou independente nessa questão. Não tenho nenhuma dúvida da minha melhora”, disse.

O neurocirurgião Marco Aurélio Brás de Lima, que participou dos estudos, destacou a inovação: “Isso é uma coisa inédita. Porque nenhum estudo tinha demonstrado isso até o momento. No mundo.”

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Bruno Drummond deitado em uma cama de hospital
Bruno Drummond de Freitas ficou tetraplégico após acidente de trânsito (Imagem: Arquivo pessoal)

Testes em animais

Os testes também foram realizados em animais. Em cães com lesões não provocadas, houve retomada total da marcha, e em ratos, os efeitos apareceram em apenas 24 horas. Em 2021, seis cães com lesões antigas foram tratados e quatro recuperaram movimentos. O resultado foi publicado em revista científica internacional.

O medicamento já está sendo produzido pela planta de biotecnologia do Cristália, utilizando placentas doadas por mulheres saudáveis acompanhadas durante a gravidez. “Hoje é o dia mais feliz da minha vida. Estamos vivendo um dia histórico para o mundo”, afirmou, emocionado, Ogari Pacheco, fundador e presidente do conselho do laboratório.

Apesar do entusiasmo, especialistas ressaltam a necessidade de cautela. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ainda precisa autorizar a realização de estudos clínicos ampliados em humanos para garantir a segurança da aplicação.

“Como foram testes acadêmicos, o que a empresa está fazendo são testes complementares para atender os requisitos regulatórios, especialmente de segurança”, explicou Claudiosvan Martins, coordenador de pesquisa clínica da Anvisa.

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Representação de um cérebro humano e nervos saindo dele e descendo
Polilaminina tem capacidade de estimular neurônios maduros a rejuvenescem e criarem novos axônios (Imagem: Rebel Red Runner
/Shutterstock)

O procedimento inicial, caso aprovado, será oferecido apenas a pacientes com diagnóstico de lesão medular recente — até três meses após o trauma. Hospitais de São Paulo (SP), como o Hospital das Clínicas e a Santa Casa, já estão preparados para realizar as aplicações quando houver liberação.

A pesquisadora Tatiana Sampaio reconhece que ainda há dúvidas, mas afirma estar confiante. “O que me dá segurança é o retorno e a interação com quem está à minha volta e os resultados que estamos vendo. Tento fazer o meu melhor. Sou honesta em mostrar o que está acontecendo.”

Embora os resultados não sejam iguais para todos, os cientistas afirmam que a aplicação precoce aumenta as chances de recuperação. “Não vendemos ilusões, trazemos evidências… Experimentalmente, temos resultados promissores”, reforçou Ogari Pacheco.

O processo de patente da polilaminina já foi iniciado, mas pode levar anos para ser concluído. Ainda assim, pesquisadores acreditam que o tratamento pode se tornar uma das descobertas mais importantes para a medicina e para a humanidade.

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Saúde

Poluição do ar pode aumentar o risco de você ter demência no futuro, diz estudo

Redação Informe 360

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A poluição atmosférica pode estar mais ligada à saúde do cérebro do que imaginávamos. Um estudo massivo, que analisou dados de mais de 56 milhões de pessoas nos EUA, revelou que a exposição prolongada a partículas finas de poluição do ar, conhecidas como PM2.5, está associada a um risco maior de desenvolver demência por corpos de Lewy e demência relacionada ao Parkinson. A pesquisa foi publicada recentemente na Science.org.

Essas partículas, com diâmetro menor que 2,5 micrômetros, são capazes de penetrar profundamente nos pulmões e até alcançar o cérebro. A pesquisa mostra que viver em áreas com altos níveis de poluição está relacionado a um risco 12% maior de hospitalização por essas formas graves de demência.

Cérebro se desfazendo devido à demência
Viver em áreas com altos níveis de poluição traz maiores riscos ao cérebro (Reprodução: Naeblys/Shutterstock)

Como a poluição pode impactar o cérebro

A demência por corpos de Lewy e a demência ligada ao Parkinson são causadas pelo acúmulo tóxico da proteína α-sinucleína, que prejudica a comunicação entre os neurônios e leva à morte celular. O estudo sugere que, embora a poluição não cause a doença diretamente, ela pode acelerar a progressão em indivíduos geneticamente predispostos.

Em experimentos com camundongos, pesquisadores expuseram os animais a partículas de PM2.5 pelas narinas. Os resultados mostraram:

  • Problemas de memória e cognição, identificados em testes de labirinto e reconhecimento de objetos;
  • Encolhimento do lobo temporal medial, região do cérebro ligada à memória;
  • Acúmulo de proteínas α-sinucleína no cérebro, pulmões e intestinos;
  • Alterações genéticas semelhantes às encontradas em pacientes humanos com demência por corpos de Lewy.

Essas evidências reforçam que a poluição do ar pode atuar como um gatilho ambiental poderoso para doenças neurodegenerativas.

poluição
Poluição atmosférica é poderosa contra a saúde cerebral (Imagem: Keyframe’s/ Shutterstock)

O que os especialistas dizem

Em entrevista à Nature, Hui Chen, neurocientista da University of Technology Sydney, disse que “os resultados em camundongos refletem o que ocorre em humanos”. A especialista destaca que, embora os mecanismos de acúmulo de proteínas e inflamação cerebral já fossem conhecidos, a associação com a poluição amplia a compreensão de fatores ambientais que influenciam a demência.

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Os autores do estudo ressaltam que ainda existem limitações, como a diferença entre a exposição concentrada usada em camundongos e a exposição contínua e em baixas doses sofrida por humanos. Novas pesquisas já estão em andamento para entender melhor como diferentes tipos de partículas PM2.5 impactam o cérebro e se algumas moléculas específicas são as principais responsáveis pelo risco aumentado de demência.

Embora a poluição não cause a doença diretamente, ela pode acelerar a progressão em indivíduos geneticamente predispostos (Imagem: LightField Studios/Shutterstock)

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Saúde

Uma mulher trans pode engravidar após um transplante de útero?

Redação Informe 360

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Em uma entrevista recente, a influenciadora Maya Massafera revelou o desejo de se tornar mãe, mencionando a possibilidade de implantar um útero. Com isso, Maya, que já fez inúmeras cirurgias desde sua transição, acabou abordando um ponto desafiador para a medicina. Afinal, uma mulher trans pode realizar o transplante de útero?

Neste artigo, você vai entender o que é exatamente o transplante de útero, o que ele faz no corpo da receptora e o que se sabe sobre esse procedimento até agora em pessoas que não são mulheres cis, incluindo as complexidades médicas e sociais envolvidas nessa inovação. Confira!

Uma mulher trans pode engravidar após um transplante de útero?

Imagem de um médico de jaleco branco e modelo do sistema reprodutivo das mulheres acima de suas mãos. Conceito de um sistema reprodutor feminino saudável
O transplante de útero é um procedimento complexo e altamente especializado, realizado em várias etapas/Shutterstock_SvetaZi

Antes de responder essa questão, abordaremos algumas respostas importantes sobre o que a ciência já descobriu em relação ao transplante de útero em mulheres. E quais expectativas para o procedimento em mulheres trans, será que já aconteceu algum caso no mundo? Veja a seguir.

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O que é um transplante de útero?

Sobretudo o transplante de útero é uma técnica médica que permite a mulheres que nasceram sem o órgão vivenciar ciclos menstruais e engravidar. Contudo, mulheres que perderam o útero devido a cânceres ginecológicos, miomas, endometriose ou complicações pós-parto também poderão, futuramente, recorrer ao transplante como alternativa para vivenciar a gestação.

Existe transplante de útero pelo SUS?

Não. O procedimento ainda é considerado experimental no Brasil e não está disponível pelo SUS.

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Para quem é indicado o transplante de útero?

É indicado para pessoas com infertilidade uterina absoluta, como mulheres que nasceram sem útero ou o perderam por doenças ou complicações.

Geralmente, as doadoras são mulheres já falecidas ou vivas que não desejam mais ter filhos. O procedimento que é realizado em diversas partes do mundo desde 2014, teve um marco importante no Brasil.

Em 2016, uma brasileira se destacou ser o primeiro caso de um transplante de útero bem-sucedido de uma doadora falecida na América Latina. Além disso, ela teve a primeira gestação bem-sucedida no mundo ocorrida a partir de uma doação de órgão desse tipo.

Como o transplante é realizado?

Em primeiro lugar, é necessário encontrar uma doadora compatível. Dessa forma, deve-se considerar também critérios de idade, histórico de gestação prévia e boas condições gerais de saúde.

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A partir dessas definições prévias, a técnica envolve a retirada do útero de uma doadora (viva ou falecida) e o implante na receptora, que passa a ter ciclos menstruais e pode engravidar por fertilização in vitro. Após o nascimento do bebê, o útero geralmente é removido para evitar os riscos do uso prolongado de imunossupressores.

Questões que envolvem o transplante de útero em uma mulher trans

O corpo de uma mulher vestindo uma camisa branca está sentado com as mãos sobre o útero, representando o conceito de câncer de colo do útero.
A condição em que mulheres nascem sem útero é conhecida como Síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser (MRKH)/Shutterstock_Phawat

Sobretudo, o transplante de útero em mulheres trans ainda é um impasse para a medicina. Desafios como distinções anatômicas e hormonais em relação às mulheres cis são os principais fatores. Por conta disso, o procedimento ainda se limita apenas as mulheres com Síndrome de Rokitansky (condição que a pessoa nasce sem útero) como mencionamos.

Dessa forma, a mulher cis com esse quadro, que recebe o útero implantado passa a menstruar, uma vez que têm os ovários íntegros, produzindo hormônios normalmente. O que não é o caso de mulheres trans.

O único caso em que o procedimento aconteceu no mundo teve um final malsucedido, tendo em vista as complexidades daqueles tempos. Afinal, quando aconteceu em 1931, não havia nem registros de procedimentos em mulheres cis, para se ter uma ideia.

O caso aconteceu na Dinamarca, quando a artista trans Lili Elbe passou por uma série de cirurgias de afirmação de gênero, incluindo o transplante de útero, algo extremamente experimental para a época.

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Infelizmente, Lili faleceu poucos meses depois devido a complicações pós-operatórias, já que a medicina ainda não tinha recursos para lidar com rejeição de órgãos e infecções graves. Sua história comoveu o mundo e foi retratada no filme “A Garota Dinamarquesa” (“The Danish Girl”, 2015), trazendo visibilidade à trajetória de uma das primeiras pessoas trans a buscar cirurgias de redesignação de gênero.

Quais as perspectivas para transplante de útero em mulheres trans?

Ilustração 3D do processo de fertilização in vitro, mostrando a fusão de espermatozoides e ovos. Inseminação artificial, espermatozoides fertilizando óvulos femininos. Etapa vital na reprodução humana. Biotecnologia FIV
Mulheres que tem transplante de útero só podem gerar uma criança por fertilização in vitro/Shotterstock_Corona Borealis Studio

Mesmo diante das complexidades que envolvem o transplante de útero em mulheres trans, felizmente a medicina não descarta a possibilidade. Dessa forma, estudos continuam sendo realizados para garantir a segurança das pacientes no futuro.

Segundo o cirurgião ginecológico Richard Smith – que participou do primeiro transplante de útero no Reino Unido – a estimativa é de que o procedimento possa se tornar viável para mulheres trans em um intervalo de 10 a 20 anos, dependendo dos avanços técnicos e científicos. Essa previsão é baseada no tempo que levou para o transplante se tornar seguro em mulheres cis.

Reflexões éticas sobre inclusão na medicina reprodutiva

A análise publicada pela Universidade da Pensilvânia, intitulada “Transplante uterino em mulheres transgênero”, oferece uma revisão ética robusta sobre o transplante de útero, especialmente em contextos que envolvem mulheres transgênero.

O estudo não apenas revisita os primeiros casos clínicos bem-sucedidos em mulheres cis com infertilidade uterina absoluta, como também explora os critérios médicos para doadoras e receptoras, os riscos associados à rejeição do órgão, o uso prolongado de imunossupressores e os limites atuais da viabilidade gestacional.

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Mais do que uma análise técnica, o artigo propõe uma ampliação do debate sobre direitos reprodutivos, argumentando que o transplante de útero pode representar um avanço significativo na autonomia corporal e na equidade de gênero.

Ao incluir pessoas trans e não binárias na discussão, mesmo reconhecendo a escassez de dados clínicos específicos para esses grupos, os autores reforçam a importância de uma abordagem ética que acompanhe os avanços biomédicos.

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